Paixão, <i>chapéu</i> a Baía e Mourinho: o Vitória-FC Porto por Söderström e Rubens Júnior | OneFootball

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·20 de setembro de 2024

Paixão, <i>chapéu</i> a Baía e Mourinho: o Vitória-FC Porto por Söderström e Rubens Júnior

Imagem do artigo:Paixão, <i>chapéu</i> a Baía e Mourinho: o Vitória-FC Porto por Söderström e Rubens Júnior

A sexta jornada da Liga Portugal Betclic também passa pelo Estádio D. Afonso Henriques. O Vitória SC, depois de derrotar o SC Braga no Dérbi Minhoto, mede forças com o FC Porto, que triunfou diante do Farense por 2-1. Duas equipas num bom momento de forma e que apenas conheceram o sabor da derrota numa ocasião: diante do AVS e Sporting, respetivamente.

Este embate, aliás, será a 182ª edição entre duas equipas que ocupam, neste momento, dois lugares do pódio do campeonato português. Apesar de estarmos numa fase prematura da época, o jogo assume especial importância, uma vez que irá permitir - em caso de vitória de qualquer um dos lados - encurtar distâncias para o primeiro lugar, atualmente ocupado pelo Sporting.


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O duelo entre os dois emblemas é bastante aguardado pelos adeptos de ambos os conjuntos e este sábado, às 18h00, vamos ter direito a mais um jogo entre Vitória SC e FC Porto. Antes do apito inicial em Guimarães, o zerozero percorreu os registos históricos e foi ao encontro de dois jogadores que vestiram as duas camisolas durante as respetivas carreiras.

Estivemos à conversa com Fredrik Söderström, atualmente com 51 anos e que passou pelos dois clubes entre 1996 e 2002, e com Rubens Júnior, defesa esquerdo brasileiro que esteve no campeonato português entre 1999 e 2004.

«Ainda hoje vou a Guimarães e sinto aquele aperto no coração»

Não é todos os dias que vemos um sueco nos nossos campeonatos: Deniz Gül foi o último a chegar à Liga Portugal Betclic, na sequência de uma transferência proveniente do Hammarby. Em 1996/1997, há 28 anos, aterrou na cidade de Guimarães um médio sueco de 24 anos, que representava o IK Brage. Fredrik Söderström. Ainda se lembra dele?

«O futebol português contava (e conta) com mais qualidade comparativamente à Liga Sueca. Tinha estado na I Divisão, porém, acabámos por descer e decidi dar outro rumo à minha carreira. 'Saltei' para o Vitória SC, ou seja, passei do segundo escalão sueco para uma das melhores equipas em Portugal», começou por referir, em declarações ao zerozero.

«Normalmente esse passo acaba por ser demasiado grande, mas consegui adaptar-me rápido e aprendi português num instante, um aspeto que eu considero fundamental numa mudança desta dimensão. Em termos de futebol, ganhei o meu lugar no onze inicial e fui quase sempre titular. Correu bastante bem», acrescentou o antigo atleta.

O camisola 14, durante a sua estadia na Cidade de Berço, realizou 137 jogos, sendo uma das peças mais importantes para todos os treinadores que passaram pelo banco de suplentes vitoriano. «Lembro-me desses momentos com muita alegria à mistura. Ainda hoje vou a Guimarães e sinto aquele aperto positivo no coração. O Vitória SC é muito grande», acrescentou.

Fredrik Söderström, apesar de ser um jogador com bastantes minutos nas pernas, nunca foi goleador. No total, apontou 12 tentos. Qual o maior destaque nessa lista, pergunta o leitor?

Um golo contra... o FC Porto. No antigo Estádio Municipal de Guimarães, os dragões, com Vítor Baia, Jorge Costa, Aloísio, Rui Barros ou Mário Jardel no onze inicial, defrontaram a turma da casa e o objetivo passava por continuar na liderança do campeonato. Os três grandes problemas? Riva, Edmilson e Fredrik Söderström, os responsáveis pela derrota.

«Lembro-me perfeitamente dessa partida! Fiquei isolado diante do Vítor Baia e fiz um pequeno 'chapéu' para conseguir marcar. Também tenho memórias da semana de preparação, pois estive com problemas musculares e contei com alguns problemas no treino, por isso é que comecei no banco de suplentes. Apesar de eles terem algumas estrelas, nunca tive medo de ninguém [risos], pese embora a experiência e qualidade do outro lado. Todos acabam por ter dois pés e dois braços [risos]. Fiz outros jogos contra o FC Porto e acho que estive sempre bem. Gostava muito daqueles encontros de maior dimensão, onde tudo ficava mais difícil e duro», contou.

Mas, afinal, o que leva um sueco a vir para Portugal, tendo em conta todas as diferenças existentes entre as duas culturas? «Eu também tive possibilidade de ir para o Boavista, mas acabei por escolher o Vitória SC. Tal como já referi, o passo era demasiado grande, mas correu tudo bem. O meu primeiro jogo foi em Leiria. Recordo-me por ter sido a minha estreia e por temos vencido», explicou, antes de falar dos adeptos do clube.

«Tu sentes que jogas sempre com mais um devido à massa associativa, seja em casa ou fora de portas. É impressionante. Eles também são muito duros, mas se tu deixares tudo em campo e repetires sempre isso, ganhas a  confiança deles, independentemente se jogares bem ou mal. Caso contrário, vais ter problemas [risos]», atirou.

O antigo médio não se cansa de elogiar a primeira equipa que representou no estrangeiro. «Quando olho para trás... [pausa] É um dos maiores clubes em Portugal por causa dos adeptos, da história e da paixão envolvida. Falo com muito carinho dessa altura, pois o Vitória SC vai estar para sempre no meu coração. Foram tempos especiais», conta.

«Nós corrigimos os erros das pessoas que amamos»

Rubens Júnior acabou por fazer o caminho 'inverso'. O lateral esquerdo brasileiro, atualmente com 49 anos, deu nas vistas no Coritiba, antes de assinar pelo FC Porto. Em 1999/2000 começou a demonstrar a sua qualidade e esteve presente em 28 jogos (um golo e quatro assistências).

«A minha ida para Portugal foi curiosa. Jogava no Coritiba por empréstimo do Palmeiras e dei nas vistas durante essa altura. Os scouts do FC Porto começaram a acompanhar os jogos por causa de um central que estava perto da seleção brasileira, mas acabaram por gostar de mim. No final de uma dessas partidas, decidiram entrar em contacto comigo e negociámos durante algum tempo», explicou.

«Foi um privilégio para mim. Cumpriram com tudo o que tinham prometido durante a ronda de negociações. Antes de tudo ser oficializado, convidaram-me para fazer uma visita ao clube e às instalações. Senti-me muito acarinhado e bem tratado. Naquela altura não tínhamos tanta informação como hoje, portanto, os tempos eram diferentes em termos de informação. Quando tudo ficou assinado, não podia ainda ser inscrito na I Divisão Portuguesa, logo, continuei emprestado, mas ao Palmeiras. Conquistei a Taça Libertadores e cheguei a Portugal com esse título no bolso», acrescentou.

Tal como já referido anteriormente, o antigo atleta realizou 28 partidas na sua primeira passagem pelos azuis e brancos, mas acabou por não ter continuidade no emblema da Invicta.

«O FC Porto ajudou-me a crescer muito enquanto ser humano e atleta. Sei que as dificuldades que tive de ultrapassar lá foram importantes para mim, ou seja, consegui aprender. Partilho da opinião de que não fui tão correto comigo mesmo em determinadas situações relacionadas com ansiedade ou tomar a melhor decisão possível... Nós corrigimos os erros das pessoas que amamos e eu acredito que o FC Porto, naquela altura, gostava muito de mim. Às vezes não temos tempo para crescer e hoje percebo isso. Tento passar esse conhecimento a quem puder ajudar», atirou.

Ainda assim, não guarda mágoa, muito pelo contrário. Nos dias que correm, guarda com delicadeza o afeto demonstrado pela massa adepta. «Sinceramente, existem três clubes pelos quais eu tenho um grande carinho. Comecei a gostar muito do Palmeiras. Foi aí que dei os primeiros passos e onde conquistei grandes coisas. Identifiquei-me mais com os adeptos no FC Porto e no Coritiba», disse.

A partir daí, seguiram-se passagens pelo Atlético Paranaense, Atlético Mineiro e Botafogo. Não nos podemos esquecer, claro, de um curto regresso aos dragões em 2002. A aventura lusitana, porém, ganhou outros contornos entre 2003 e 2004, altura em que foi emprestado ao Vitória SC.

Ligação Guimarães - Porto e Porto - Guimarães

Utilizamos essa transferência para fazer uma pequena «ponte» para as mudanças de Rubens Júnior e Fredrik Söderström. Comecemos pelo primeiro nome mencionado. O brasileiro tentou ganhar o seu espaço em Guimarães, após um período sem muito tempo de utilização.

«Lembro-me vagamente de ter jogado contra o Vitória SC, em 2001. Entrei a partir do banco de suplentes. Perdemos por 2-0, marcaram o Marco Couto e o Nuno Santos. Comecei a acompanhar cada vez mais o clube e a conhecer a sua história. Quando o FC Porto decidiu emprestar-me, tinha outras possibilidades no campeonato português, mas optei pelo Vitória SC. Era o que eu queria», afirmou.

«Contavam com bastante presença e paixão intensa nos estádios. Era um clube que montava boas equipas, um aspeto importante para os jogadores que vinham de fora. Sabia que, ao assinar esse contrato, ia ser competitivo, apesar de ser difícil, impossível quase, ser campeão. Fui emprestado durante seis meses e, numa fase posterior, renovei a ligação por mais uma época. Foi muito bom. Fui bem tratado e tornei-me amigo de pessoas importantes no futebol: Abel Ferreira, Pedro Mendes ou Nuno Assis», declarou, antes de explicar o porquê de não ter permanecido em Guimarães.

«Oportunidades e momentos, acima de tudo. Sempre joguei em grandes emblemas e isso mexe sempre com a cabeça de um jogador. É motivador. Hoje, se calhar, tinha ficado mais tempo no Vitória SC devido à tranquilidade e consistência, de forma a ganhar maturidade. Isso é importantíssimo, mas naquela altura queria ter outras experiências. Era apaixonado por jogar noutras paragens. Assistia a jogos de outros emblemas e dizia que queria jogar lá ou viver nessa cidade. Recordo-me que era muito assim. Lembro-me de procurar uma solução de cada vez que não jogava. Gostava muito e não vejo qualquer problema», argumentou.

O caso de Fredrik é bastante distinto. Depois de dar nas vistas com insistência com a camisola do Vitória SC, assinou pelo FC Porto em 2001/2002. «Foi um passo natural, mas ao mesmo tempo complicado. Gostei muito de estar em Guimarães e senti que era um clube onde gostava de jogar durante toda a minha carreira. Pensei em terminar lá a minha carreira, porém, a vida levou-me para outro caminho. Quando uma equipa como o FC Porto liga, é impossível dizer que não», atirou.

O treinador responsável pelos melhores momentos nas Antas? José Mourinho. «Joguei vários encontros como lateral esquerdo sob a sua orientação. É muito bom. Ele fazia com que os jogadores não se importassem onde jogavam, pois queria que tentássemos ganhar em qualquer lado. Se jogássemos contra o Real Madrid na Liga dos Campeões, era para vencer», disse.

«O FC Porto, numa fase posterior, contratou o Nuno Valente e acabei por perder espaço. Eu estava habituado a ser titular e, para além disso, lesionei-me durante dois meses. Não me sentia feliz e queria ter o meu espaço no onze inicial. Decidi experimentar outro campeonato, o belga. Assinei pelo Standard Liège, que tem adeptos fantásticos. Valeu totalmente a pena», confidencia.

Margem mínima

A viagem ao passado terminou. Foquemos atenções no encontro do próximo sábado, às 18h00. Como é que os dois antigos atletas olham para este jogo entre duas equipas em boa forma? «O FC Porto contra o Vitória SC é sempre um encontro importante, ainda para mais agora, que estão no pódio e com os mesmo pontos. São dois emblemas que, neste início de temporada, estão a voar. Vai ser um duelo duro, acima de tudo, os jogadores sabem disso. Os forasteiros viajam até Guimarães com muito respeito, com vontade de ganhar e cientes de que é uma das deslocações mais complicadas do campeonato», afirmou o sueco.

«O FC Porto é sempre favorito, independentemente de jogar em casa ou não. Se virmos bem o histórico, a última vez que o Vitória SC ganhou ao FC Porto em Guimarães remete para 2016/2017, no entanto, cada época tem uma história associada. Os da casa estão a ter um início de 2024/2025 fabuloso. Os poucos golos sofridos e a única derrota demonstram isso mesmo, pese embora a saída de jogadores importantes como Ricardo Mangas ou Jota Silva. Estão moralizados e vão 'obrigar' os azuis e brancos a contarem com a eficácia do seu lado como uma das armas para tentar chegar aos três pontos», explicou o brasileiro.

Os 'dados estão lançados'. Rubens Júnior e Fredrik Söderström já fizeram a antevisão para um dos encontros da jornada da Liga Portugal Betclic. Conquistadores e dragões, quem levará a melhor para construir ainda mais confiança para a respetiva campanha? Que role a bola.

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