Gazeta Esportiva.com
·27 de novembro de 2025
Palmeiras x Flamengo: nova final caseira da Libertadores reforça poder financeiro do Brasil

In partnership with
Yahoo sportsGazeta Esportiva.com
·27 de novembro de 2025

Um clube brasileiro vencerá a Copa Libertadores pelo sétimo ano consecutivo, com Palmeiras e Flamengo na final deste sábado, em Lima. O país de Pelé impõe sua força econômica, inalcançável no restante da América do Sul, mas enfrenta uma ameaça: o crescimento das dívidas no Brasileirão.
Veja também: Todas as notícias da Gazeta Esportiva Conheça o canal da Gazeta Esportiva no YouTube Siga a Gazeta Esportiva no Instagram
Os times brasileiros bateram recordes no ano passado com receitas conjuntas de cerca de 1,9 bilhão de dólares, um aumento de 10,2% em relação a 2023, segundo o relatório anual Convocados, da empresa de investimentos Galapagos Capital.
“Cada vez há menos ‘Davids’ vencendo ‘Golias’”, diz à AFP Cristiano Caús, especialista em direito esportivo, ao destacar como “fator decisivo” o aumento das disparidades financeiras no futebol atual.
O mesmo acontece na Europa, ressalta Caús, com o domínio de equipes como o Paris Saint-Germain na França.
Com seus 213 milhões de habitantes como força motriz, o Brasil tem um PIB mais de três vezes maior que o da Argentina, país tradicionalmente dominante no principal torneio de clubes das Américas.
No entanto, as dívidas acumuladas dos clubes brasileiros ultrapassaram 2,7 bilhões de dólares em 2024, segundo o relatório Convocados.
“Muitos operam no limite”, alerta o documento.
Após conquistar o Brasileirão e a Libertadores na temporada passada, o Botafogo enfrenta dificuldades por conta da crise do Lyon dentro da multinacional de clubes à qual pertence, a Eagle; além disso, escândalos por irregularidades de gestão atingem instituições como o Corinthians.
“Temos jogadores aqui que receberam propostas com mais dinheiro de clubes europeus e o clube conseguiu igualá-las”, acrescenta.
Assim, o valor de mercado dos elencos de Palmeiras e Flamengo é o mais alto das Américas: 247,3 e 227,9 milhões de dólares, respectivamente, segundo o portal especializado Transfermarkt.
Os 12 clubes com elencos mais valiosos da América do Sul são brasileiros.
Uma lei de 2021, que permitiu que os clubes brasileiros se tornassem Sociedades Anônimas do Futebol (SAF), “foi um marco” ao “abrir o futebol para investidores”, afirma à AFP Guilherme Bellintani, ex-presidente do Bahia, clube que adotou esse modelo.
Palmeiras e Flamengo seguem sendo clubes tradicionais (associações sem fins lucrativos), mas a legislação dá mais flexibilidade para captar capital.
E o gigantesco mercado brasileiro pesa.
Os direitos de TV do Brasileirão ultrapassam 600 milhões de dólares, cinco vezes mais do que os da liga argentina.
A casa de apostas Betano, por sua vez, paga ao Flamengo 46 milhões de dólares por ano como patrocinador principal na camisa, e 6,5 milhões anuais, pelo mesmo espaço, ao River Plate.
“À Argentina resta apenas um caminho: ou facilita a entrada de investidores ou continuaremos vendo o que já aconteceu no Mundial de Clubes”, avaliou Caús.
Os quatro clubes brasileiros avançaram às oitavas de final desse torneio; dois chegaram às quartas e um às semifinais. Os dois argentinos foram eliminados na fase inicial.
O Brasil é também o principal exportador de talentos para a Europa, outra variável nessa equação.
Os clubes brasileiros venderam 3.020 jogadores para clubes europeus entre 2020 e 2024, segundo o Centro Internacional de Estudos do Esporte. A Argentina é o terceiro maior exportador, mas bem atrás, com 2.171.
“Vender quatro ou cinco jogadores fez com que nos estabilizássemos financeiramente neste ano”, disse o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, citando transferências como a de Estêvão para o Chelsea.
Tudo isso torna o Brasil atraente para multinacionais de clubes: o Botafogo pertence à Eagle, o Bragantino à Red Bull e o Bahia ao City Football Group, do Manchester City.
Isso “traz dinheiro de fora” e, mais importante, “tecnologia”, destaca Bellintani, que liderou as negociações do Bahia com o City.
O modelo, no entanto, tem vulnerabilidades caso o clube principal da multinacional enfrente problemas, como mostra a situação do Botafogo.
Diante dos alertas sobre dívidas, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresenta nesta quarta-feira um modelo de Fair Play Financeiro para fiscalizar os gastos dos clubes.
“O barco bateu em um iceberg”, afirma Ricardo Gluck Paul, vice-presidente da CBF, comparando o poderoso Brasileirão ao Titanic.
O projeto, aposta Bellintani, “será transformador”.
Ao vivo


Ao vivo







































