Portal dos Dragões
·17 de janeiro de 2025
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O FC Porto anunciou, nesta quarta-feira, os resultados da auditoria forense realizada pela administração de André Villas-Boas. O jornal Record entrevistou Paulo Teixeira, membro do Conselho Superior dos dragões, que analisou algumas das conclusões obtidas.
“Uma auditoria forense é uma auditoria especial, não se limitando a uma simples auditoria financeira das contas da entidade, como é habitual. Considero que um dos objetivos desta auditoria seria verificar se as medidas e normas de controlo foram respeitadas. O que nos é comunicado é que não foram. É importante recordar que a FCP-SAD é uma sociedade cotada em bolsa e que os administradores têm sempre a responsabilidade perante a sociedade, em particular quando, no exercício das suas funções, não cumprem os seus deveres legais e contratuais, prejudicando a sociedade com as suas omissões ou ações. Adicionalmente, existe uma CMVM, um Conselho Fiscal na SAD e Auditores externos. Questiono-me se tudo isto foi ou não detetado nos anos em questão por estas entidades. Se não, será necessário tirar ilações e conclusões a partir destes factos”, começou por explicar.
Em seguida, Paulo Teixeira abordou as perdas associadas aos processos de venda de bilhetes aos Superdragões às casas do FC Porto, sublinhando que não compreende a ausência de procedimentos de controlo: “Da análise que se faz às 390 páginas do relatório da auditoria forense, verifica-se que, em várias épocas futebolísticas, a FCP-SAD não formalizou um protocolo com a Associação Superdragões, entidade com personalidade jurídica, e também com as Casas do FC Porto. Por outro lado, é também mencionado que, a nível interno, a FCP-SAD não tinha medidas ou procedimentos de controlo para verificar se a questão da bilhética estava a ser cumprida por ambas as partes, o que não é compreensível para uma sociedade anónima cotada em bolsa com normas específicas”.
A auditoria forense também revelou um prejuízo de 50 milhões de euros em comissões. Paulo Teixeira acredita que esta situação contribuiu para a fragil situação financeira em que o FC Porto se encontra atualmente: “Não sendo a única que é mencionada no relatório, contribuiu, sem dúvida, devido à dimensão do seu valor, para o agravamento da situação financeira que foi herdada pela atual administração da FCP-SAD”.
Paulo Teixeira também se debruçou sobre os registos de despesas de representação, uma parte das quais foi “utilizada para fins estritamente pessoais” – 70 mil euros em joalharias e relojoarias, 1,1 milhões de euros em veículos, 700 mil euros em “refeições profissionais sem justificação objetiva”. “A auditoria forense realmente faz menção a despesas desse tipo e valor. Na FCP-SAD, alguém teve de as aprovar. Normalmente, numa sociedade, existe um responsável ligado à administração financeira que valida e autoriza o pagamento das despesas relacionadas com a atividade da sociedade. Se, por exemplo, os 70 mil euros gastos em joalharias e relojoarias não tiveram a ver com a atividade corrente da FCP-SAD, alguém é responsável por isso. Nesse caso, a atual administração e os acionistas de referência têm mecanismos legais para agir, e a FCP-SAD poderá ser ressarcida desses valores. O mesmo procedimento deve ser aplicado a todas as despesas que, porventura, não tenham a ver com a atividade corrente da FCP-SAD”.