Pênalti em Itaquera faz São Paulo igualar recorde de 25 anos: time tem maior número de infrações marcadas no século | OneFootball

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·21 de novembro de 2025

Pênalti em Itaquera faz São Paulo igualar recorde de 25 anos: time tem maior número de infrações marcadas no século

Imagem do artigo:Pênalti em Itaquera faz São Paulo igualar recorde de 25 anos: time tem maior número de infrações marcadas no século

Pelo terceiro jogo seguido, o São Paulo viu a arbitragem apitar pênalti em um lance interpretado como carga pelas costas, e a repetição começa a ultrapassar a fronteira do incômodo para virar um padrão da temporada. Foram seis penalidades máximas marcadas contra o time nos últimos sete jogos, mas a sequência de três partidas com bolas na marca da cal à frente de Rafael não acontecia desde junho de 2000.

Naquele ano, foram pênaltis em duelos decisivos contra Santos e Palmeiras, entre os dias 18 e 27 daquele mês. Todos foram convertidos — como agora —, mas com um desfecho que hoje soa distante: o Tricolor saiu com o empate e o título na decisão do Paulistão contra o rival litorâneo e se classificou com duas vitórias no Choque-Rei pelas quartas de final da Copa do Brasil.


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O lance desta quinta-feira (20) nasceu de um escanteio pela esquerda, quando Rafael socou a bola para cima e Breno Bidon disputou a sobra com Ferreirinha. No primeiro quique, houve um leve contato entre os dois; no segundo, Ferreirinha tentou usar o corpo para ganhar espaço. Ao encostar o ombro nas costas do adversário, viu o meia corintiano se projetar para frente.

O árbitro Anderson Daronco, muito perto do lance, inicialmente argumentou não ter percebido “prolongamento de braço” e que se tratava de “contato normal”, conforme ouvido na conversa com o VAR. “Eles estão disputando a bola e olhando para cima,” avaliou.

A convicção caiu por terra quando o juiz foi chamado ao monitor. O árbitro de vídeo, Marco Aurélio Fazekas, sustentou: “Para mim, ele claramente faz o tranco nas costas. Ele olha para o jogador e vai só no corpo do jogador.” Depois da revisão, Daronco aderiu à leitura do colega: “Eu vejo o jogador do Corinthians a todo momento esperando a bola e olhando para ela, e o jogador do São Paulo olha diretamente para o jogador do Corinthians e lhe dá um tranco nas costas.”

A decisão gerou debate imediato. Na transmissão da ‘TV Record’, Sálvio Spinola considerou o lance como disputa de espaço, sem falta. O contraste se ampliou logo no início do segundo tempo, quando Matheus Bidu empurrou Gonzalo Tapia na pequena área.

O contato foi fraco e corretamente ignorado, mas expôs a assimetria do critério: se o encontrão de Ferreirinha virou pênalti, aquele também teria de ser. No mínimo, a discrepância reforça a sensação de que o peso desse tipo de decisão tem recaído sempre sobre o São Paulo.

Ainda assim, o técnico Hernán Crespo evitou entrar na polêmica em sua entrevista coletiva: “Não vou falar sobre a arbitragem, se foi falta ou não foi falta.”

O problema, porém, é menos episódico e mais estrutural. Com 16 pênaltis cometidos em 2025, o São Paulo já registra seu maior número deste século em uma única temporada. A última vez que o volume foi tão alto foi justamente em 2000, com 22 infrações dentro de sua área, sendo 17 convertidas e cinco defendidas, com uma destas se transformando em gol no rebote.

O paralelo histórico serve para se entender a urgência do assunto, que, segundo o goleiro Rafael, não tem sido tratado internamente pelo elenco, apesar de o padrão já ter feito diferença em partidas recentes.

Contra o Bragantino, há pouco menos de duas semanas, o São Paulo tinha o controle das ações e mais posse, mas poucas boas oportunidades, até que o jogo foi decidido em mais um pênalti.

O roteiro se repetiu em Itaquera: apesar do mau primeiro tempo, o desempenho geral foi razoável, com equilíbrio de ações e um tombo brusco após a marcação.

A reincidência alimenta duas leituras paralelas. A primeira olha para a arbitragem e para a dificuldade de calibrar critérios em lances de corpo contra corpo. A segunda aponta para a necessidade de ajuste técnico e emocional do time, que tem cometido pequenos erros em zonas fatais do campo.

Rafael classificou o lance entre Ferreirinha e Bidon como “infelicidade”, mas reconheceu o peso que essas jogadas têm colocado sobre o time: “Depois dos três últimos jogos, isso tem feito a diferença. É claro que a penalidade dá uma vantagem muito grande para o adversário. Corrigir isso talvez faça com que nós nos aproximemos muito das vitórias.”

O goleiro citou ainda o ambiente do futebol atual, em que cada disputa é revisada com rigor: “Com a arbitragem sendo tão pressionada, qualquer lance vai ser revisado, e muitas vezes vai ser (apitado) um pênalti que em outras ocasiões ou em outros momentos talvez não se desse.”

Seja qual for a combinação de fatores, o impacto tem sido imediato, pois nenhuma das últimas faltas assinaladas na área tricolor aconteceu quando o time detinha uma vantagem de mais de um gol: as duas últimas foram apitadas com o placar em branco, e a anterior a elas, para o Flamengo, quando o Tricolor tinha acabado de abrir o placar.

Assim, cada pênalti tem custado vantagem, controle emocional e, na maioria desses casos, pontos que hoje estão fazendo falta na tabela do Campeonato Brasileiro e, principalmente, na briga por uma vaga na próxima Libertadores.

A soma de tudo isso pesa numa campanha que já vive no fio e que se fragmenta por detalhes, como quando chegou a ser cogitado que fosse culpa do temperamento de Luis Zubeldía, antecessor de Crespo. O São Paulo não cometia tantos pênaltis havia 25 anos e há apenas quatro anos passou uma temporada inteira vendo os árbitros apitar apenas uma penalidade máxima contra seus jogadores. Agora, volta a lidar com um fantasma antigo, só que num cenário em que cada toque é examinado em câmera lenta e cada decisão vira argumento para todos os lados.

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