Pierre Laigle mostrou solidez pela Sampdoria, mas acabou descartado pela França em 1998 | OneFootball

Pierre Laigle mostrou solidez pela Sampdoria, mas acabou descartado pela França em 1998 | OneFootball

Icon: Calciopédia

Calciopédia

·08 de setembro de 2021

Pierre Laigle mostrou solidez pela Sampdoria, mas acabou descartado pela França em 1998

Imagem do artigo:Pierre Laigle mostrou solidez pela Sampdoria, mas acabou descartado pela França em 1998

Em meados da década de 1990, a Sampdoria buscou se fortalecer com peças de uma ótima geração francesa: os meio-campistas Christian Karembeu, Pierre Laigle e Alain Boghossian foram adquiridos pela agremiação entre 1995 e 1997, sendo um a cada temporada. Quando aportou em Gênova, Karembeu já era presença frequente na seleção de seu país, ao passo que Laigle e Boghossian ganharam a primeira chance nos anos em que garantiram suas transferências ao clube da Ligúria. Entretanto, Pierre teve uma trajetória diferente da traçada por seus compatriotas. O volante, que defendeu a Samp por três épocas, sofreu com a frustração de ter sido excluído pelo técnico Aimé Jacquet da lista final dos Bleus para a Copa do Mundo de 1998.

Laigle nasceu em Auchel, norte da França, e é cria da boa geração de jovens jogadores moldados no Lens ao longo da década de 1990 – um esforço de formação que resultaria no heroico título nacional do clube em 1998. Ainda criança, já vestia a camisa da equipe de sua região e, aos 20 anos, subiu ao time principal.


Vídeos OneFootball


Pierre disputou a segunda divisão francesa de 1990-91 pelos sang et or, contribuindo para a campanha que terminaria com a conquista de sua promoção à Ligue 1. Consistente e competente – porém, não muito dotado do ponto de vista técnico –, o volante, que também podia jogar como meia e lateral pela esquerda, se transformou rapidamente num dos pilares do time do norte. Com o seu auxílio, o Lens reconquistou o seu espaço na elite e acumulou positivos quintos lugares nas temporadas 1994-95 e 1995-96, obtendo vagas na Copa Uefa. Além disso, em 1994 a equipe venceu a Copa de Verão, que antecedeu a Copa da Liga Francesa.

Em 1996, Pierre já expressava o desejo de continuar jogando na França por toda a carreira, e, de preferência, “não muito longe de casa”, em um clube maior. O Paris Saint-Germain, na época presidido pelo jornalista Michel Denisot, havia feito uma proposta formal pelo meia. Contudo, o presidente parisiense precisou se ausentar por causa da produção do Festival de Cannes, do qual o Canal+ era parceiro, e a negociação empacou.

O impasse dos franceses favoreceu uma improvável proposta da Sampdoria, que ofereceu cerca de 3,5 bilhões de liras por Laigle. Em pouco menos de três dias, a transferência foi concretizada: Pierre, que dava como certa a permanência em seu país de origem, não relutou e aceitou o desafio longe de casa.

O obstáculo da língua italiana era um dos fatores que deixava Pierre nervoso com a transferência, mas a presença do seu conterrâneo Karembeu na equipe o deixava mais relaxado. O técnico sueco da Sampdoria, Sven-Göran Eriksson, também ajudaria o francês no processo de adaptação à nova vida fora da França, usando uma linguagem “mais simples” para se comunicar.

Imagem do artigo:Pierre Laigle mostrou solidez pela Sampdoria, mas acabou descartado pela França em 1998

Embora pouco badalado, Laigle foi uma das boas contratações feitas pela Sampdoria nos anos 1990 (imago)

No ano da chegada do francês, a Sampdoria passava por um processo de reconstrução depois do ciclo vitorioso com Paolo Mantovani, histórico presidente falecido em 1993. O filho, Enrico, presidente da agremiação entre 1993 e 2000, cortou parte do investimento financeiro realizado por seu progenitor. Mas a equipe continuou contratando estrelas: no verão da aquisição de Pierre, o fenômeno Vincenzo Montella e o craque Juan Sebastián Verón também desembarcaram em Gênova, sucedendo a Enrico Chiesa e Clarence Seedorf.

Formando um tridente com Karembeu e Verón no centro do campo, demonstrava sua característica de “faz-tudo”, atacava e defendendo com alguma solidez. Atuando também como meia pela esquerda quando Eriksson deixava de lado o 4-1-4-1 ou o 4-3-3 e optava pelo 4-4-2, Laigle disputou 29 partidas na primeira temporada pelo clube do Marassi, marcando um gol – o tento veio na goleada de 4 a 0 sobre a Udinese. A equipe que contava com o ídolo Roberto Mancini (a quem Pierre define como “o melhor com o qual jogou”), ficou com o sexto lugar da Serie A e garantiu a vaga para a Copa Uefa seguinte.

Antes de chegar a Gênova, no verão de 1996, Pierre ganhara suas duas primeiras convocações para a seleção francesa, e na temporada de debute pela Sampdoria, virou presença cativa nas chamadas do técnico Aimé Jacquet para amistosos preparatórios para a Copa do Mundo – competição que teria a França como anfitriã. Laigle manteve o seu espaço na equipe nacional no início de 1997-98, época em que o argentino César Luis Menotti chegou para substituir Eriksson, que seguiu para a Lazio com Mancini a tiracolo.

Sob a batuta de Menotti, grande entusiasta do “jogo técnico”, no qual o talento dos atletas está acima de tudo, o camisa 8 passou a frequentar mais a área adversária, aumentando seu poderio ofensivo. O comandante campeão mundial com a Argentina saiu no meio da temporada, após resultados ruins, mas Laigle continuou com suas aventuras no ataque com o veterano Vujadin Boskov, que faturara o scudetto pela Sampdoria em 1991. Em 30 partidas pela Serie A, o francês marcou cinco gols e os blucerchiati conquistaram um modesto nono lugar.

Ao fim da temporada, Laigle foi um dos 28 pré-convocados pela França para a Copa e seguiu para o centro de treinamentos da seleção, onde Jacquet definiria a lista final depois de alguns dias de atividades. Apesar das expectativas, Pierre acabou fazendo parte do grupo conhecido como “os barrados de Clairefontaine”: o meia recebeu a infeliz notícia de que seria um dos seis excluídos pelo técnico, ao lado de Lionel Letizi, Martin Djetou, Sabri Lamouchi, Ibrahim Ba e Nicolas Anelka. Ele acabaram perdendo a chance de integrarem o elenco que fez Les Bleus serem campeões mundiais pela primeira vez na história.

Imagem do artigo:Pierre Laigle mostrou solidez pela Sampdoria, mas acabou descartado pela França em 1998

Laigle se destacou como um marcador eficiente e regular com a camisa da Sampdoria (Liverani)

No mesmo ano em que assistira, de fora dos gramados, ao título da França, Pierre também viveu o pior momento de sua passagem pela Sampdoria. Sem os principais jogadores das últimas campanhas, a equipe teve o elenco renovado (chegaram, por exemplo, o argentino Ariel Ortega e os brasileiros Doriva e Catê), mas a sua qualidade era certamente inferior à de temporadas anteriores. Ainda que desse o seu máximo, Laigle não tinha a capacidade ou a característica de decidir partidas, e dessa forma, só pode assistir ao péssimo desempenho dos dorianos, como se fosse uma ilha de excelência entre colegas que rendiam abaixo da crítica.

A equipe comandada por Luciano Spalletti começou a campanha com a eliminação na extinta Copa Intertoto. Na Serie A, os resultados foram tenebrosos: goleadas sofridas contra Cagliari, Piacenza e Lazio comprometeram o trabalho do técnico toscano, que foi demitido ainda em 1998. O inglês David Platt chegou para substituí-lo, mas nada mudou. Apesar da volta do treinador italiano para a reta final do campeonato, os blucerchiati não conseguiram a salvação. A confirmação do descenso veio na penúltima rodada, no jogo contra o Bologna, terminado em um empate.

Pierre, naturalmente decepcionado com o rebaixamento, até pensou em vestir a camisa doriana na Serie B, mas o ambicioso projeto do Lyon, comprado pelo empresário Jean-Michel Aulas em 1999, acabou com as possibilidades de o meia francês continuar na Itália. Pela Sampdoria, Laigle atuou em 104 jogos e marcou oito gols.

De retorno ao país de origem, o volante tinha a expectativa fazer parte da seleção novamente e garantir uma vaga na Euro 2000, mas acabou por nunca mais ser convocado. Laigle, contudo, teve sucesso pelo Lyon: em 2000-01, faturou a Copa da Liga e foi vice-campeão da Ligue 1; na temporada seguinte, conquistou o título nacional, ajudando Juninho a brilhar. Após a glória, rumou para o Montpellier, onde sofreu com lesões e voltou a vivenciar uma queda para a segundona. Se aposentou em 2007, depois de duas campanhas pelo Saint-Priest, um time amador francês.

Depois de encerrar a carreira, Laigle teve raras aparições ligadas ao futebol. Uma delas ocorreu na partida entre Lens e Sampdoria, pela Copa Uefa da temporada 2005-06, quando o ex-jogador esteve presente no estádio Félix Bollaert e recebeu homenagens das torcidas de ambos os times. Atualmente, com 50 anos, Pierre é empresário no ramo da construção civil. Além disso, ocupa um cargo correspondente ao de vereador em Charly, uma pequena comuna francesa localizada na região de Lyon.

Pierre Laigle Nascimento: 12 de setembro de 1970, em Auchel, França Posição: volante Clubes: Lens (1990-96), Sampdoria (1996-99), Lyon (1999-2002), Montpellier (2002-04) e Saint-Priest (2005-07) Títulos: Copa de Verão (1994), Copa da Liga Francesa (2001) e Ligue 1 (2002) Seleção francesa: 8 jogos e 1 gol

Saiba mais sobre o veículo