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·15 de setembro de 2021

Por que o Milan contratou muitos franceses e está de olho na Ligue 1?

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Desde meados de 2019, o Milan mudou sua tática de contratações e passou a investir mais em jogadores jovens e franceses (ou que atuam na Ligue 1). No mercado encerrado recentemente, por exemplo, os rossoneri acrescentaram à sua “legião estrangeira” o goleiro Mike Maignan, o lateral-esquerdo Fodé Ballo-Touré, os meio-campistas Tiémoué Bakayoko e Yacine Adli e os atacantes Olivier Giroud e Pietro Pellegri. Todos esses nomes têm alguma conexão com a França: são franceses ou jogavam na liga local. No entanto, por que o Milan resolveu investir nesse filão?

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Em julho de 2018, o grupo norte-americano Elliott assumiu o comando do clube. Isso ocorreu devido ao calote aplicado pelo empresário chinês Li Yonghong. Ele pegou um empréstimo de 200 milhões de euros com o fundo de investimentos para comprar o time, mas não conseguiu pagar – 120 milhões de euros deveriam ser “devolvidos” em um ano, enquanto o restante seria parcelado em 10 milhões de euros. Assim, o conglomerado estadunidense tomou as rédeas do Milan e, após ver o projeto do “dirigente esbanjador” Leonardo naufragar, alterou a política de contratações do clube.


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Ivan Gazidis, administrador executivo; Paolo Maldini, diretor técnico; Hendrik Almstadt, chefe de operações de futebol; Ricky Massara, diretor esportivo; e Geoffrey Moncada, olheiro chefe. Estes cinco compõem a equipe executiva do Milan e foram responsáveis por rejuvenescer o plantel milanista. Ao The Athletic, em excelente reportagem publicada em setembro de 2020, Gazidis expôs qual foi a estratégia pensada para o clube.

“Eu queria ter o tipo certo de apoio e colaboração para nossos diretores e isso significava ter uma operação de olheiros de classe mundial, especialmente focada em jogadores jovens, porque esse seria o coração da nossa estratégia. Também significou ter uma operação analítica do mais alto nível, que é cada vez mais extremamente importante”, explicou.

Gazidis foi muito transparente ao relatar como se deu a montagem do grupo que seria responsável pela “mudança de chip” do clube. De todos os membros da equipe executiva, entretanto, uma pessoa se destaca na função de garimpar jogadores jovens e franceses. Trata-se de Geoffrey Moncada, de apenas 34 anos, ex-coordenador de scouting do Monaco.

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Kalulu e Ballo-Touré são dois dos jovens que o Milan pescou na França recentemente (Sportimage)

Contratado pelo Milan em dezembro de 2018, Moncada é perspicaz em descobrir novos talentos. Ele foi um dos responsáveis por fazer o Monaco apostar em Kylian Mbappé. Enquanto trabalhava como coordenador de scouting e analista de vídeo do time monegasco, Moncada viu a equipe de Mbappé, Bernardo Silva, Bakayoko, Fabinho, Youri Tielemans, entre outros talentos, destronar o Paris Saint-Germain, conquistar a Ligue 1 e ser semifinalista da Liga dos Campeões, tudo isso em 2017. No Milan, por enquanto, ele só foi vice-campeão italiano, na temporada 2020-21.

Moncada não é uma personalidade muito conhecida no mundo do futebol, pelo contrário. Não possui perfis em redes sociais – com exceção do LinkedIn – e dificilmente concede entrevistas. Afinal, chefiar uma equipe de olheiros e analisar jogadores em diferentes países não é uma função fácil e exige sacrifícios. “Não é a vida boa que todo mundo pensa que é”, afirmou Moncada, na já citada reportagem do The Athletic. “Quando meus companheiros saem para jantar, estou na Bélgica, França ou Brasil. Isso é ótimo. Mas estou lá para assistir aos jogos”, ponderou.

Desde que se juntou ao Milan, Geoffrey e sua equipe de olheiros levaram vários jovens jogadores ao clube da Lombardia. Para o setor juvenil rossonero, Milos Kerkez, (17 anos, lateral-esquerdo), Emil Roback (18, atacante) e Chaka Traorè (16, atacante) foram adições recentes. Por outro lado, como mencionado no início desta matéria, Maignan, Ballo-Touré e Adli foram contratados para o plantel principal – Adli permanece emprestado ao Bordeaux até o fim da temporada 2021-22.

Um jogador que hoje é titular do Milan e traz consigo o “selo Moncada” é Alexis Saelemaekers. Comprado por 3,7 milhões de euros junto ao Anderlecht, o belga de 22 anos aterrissou na Itália em janeiro de 2020, evoluiu nas mãos do técnico Stefano Pioli e hoje ocupa a meia direita do esquema 4-2-3-1. Ele faz parte de uma “colônia francesa” em Milanello. Isso porque 15 jogadores do elenco principal sabem se comunicar no referido idioma:

  • Maignan (francês)
  • Ciprian Tatarusanu (jogou na França)
  • Simon Kjaer (jogou na França)
  • Pierre Kalulu (francês)
  • Alessandro Florenzi (jogou na França)
  • Ballo-Touré (senegalês – francês é o idioma oficial de Senegal)
  • Theo Hernández (hispano-francês)
  • Bakayoko (francês)
  • Franck Kessié (marfinense – francês é o idioma oficial da Costa do Marfim)
  • Ismaël Bennacer (argelino – francês é a língua franca da Argélia)
  • Saelemaekers (belga – francês é um dos três idiomas oficiais da Bélgica)
  • Giroud (francês)
  • Rafael Leão (jogou na França)
  • Zlatan Ibrahimovic (jogou na França)
  • Pellegri (jogou na França)
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Embora seja belga, Saelemaekers é um dos jogadores que têm o “selo Moncada” e dialogam com a legião francesa de Giroud e companhia (Insidefoto)

E a lista só deve aumentar nas próximas janelas de transferências. É que, nos últimos anos, a França revelou muitos jogadores promissores e a tendência é que continue apresentando ao mundo do futebol mais atletas talentosos. Além disso, a Ligue 1 é um campeonato em que diversos jovens são lapidados antes de partirem para um desafio maior. Tudo isso, evidentemente, reflete na seleção francesa, que conquistou a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

É de se esperar, portanto, que Moncada e seus olheiros tenham nomes de muitos prodígios francófonos em suas listas. Aliás, o Milan esteve muito perto de contratar o meia Romain Faivre, de 23 anos, junto ao Brest no último mercado. A negociação não aconteceu porque, enquanto acertava os detalhes para fechar com os rossoneri, ele optou por não viajar com o grupo do Brest para a partida contra o Strasbourg, pela Ligue 1. Por causa dessa decisão, o clube decidiu retirá-lo do mercado e, assim, a transação com os italianos não foi concretizada. No lugar que deveria ser de Faivre, a diretoria milanista buscou Junior Messias no Crotone.

De qualquer forma, o Milan deve ir atrás de outros franceses nas futuras janelas de transferências. Moncada, com seus relatórios completos sobre jogadores dos mais variados países, reportará a Maldini e eles avaliarão a possibilidade de investida em determinado atleta. Em Milão, a Inter é quem leva a fama de comprar jogadores de nacionalidades diferentes – embora os nerazzurri tenham apostado mais em italianos do que estrangeiros nos últimos mercados. Já o Milan é visto por ir mais atrás de atletas do próprio país. No entanto, pelo andar da carruagem, e levando em consideração a dificuldade para negociar com clubes da Serie A, a cúpula rossonera tende a olhar cada vez mais para o exterior, sobretudo a França. Moncada sorri.

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