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·23 de dezembro de 2025
Pragmatismo e problema de gestão de grupo: como foi o último trabalho de Anselmi?

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O Botafogo anunciou oficialmente a contratação de Martín Anselmi como seu novo treinador, assinando um contrato de dois anos para substituir Davide Ancelotti, que deixou o comando da equipe há menos de uma semana. Com apenas 40 anos, o argentino ainda é pouco conhecido do torcedor brasileiro, mas já passou pelo Inter e frustrou São Paulo, Flamengo e Atlético, e tem relativo sucesso no futebol mexicano, embora venha de passagem fracassada pelo futebol europeu.
É sobre a passagem pelo FC Porto, de Portugal, que nos debruçamos neste artigo. Com a ajuda de Pedro Jorge da Cunha, diretor adjunto do zerozero.pt, parceiro português d'oGol.
"Indo direto ao assunto e respeitando muito o Martín Anselmi e sua comissão técnica, a verdade é que ele deixou uma péssima imagem aqui no Porto", avaliou Pedro Cunha.
"O clube já não estava bem quando o Anselmi chega em janeiro de 2025 no Futebol Clube do Porto. Mas a verdade é que o Anselmi conseguiu que o fundo do poço fosse mais profundo", continuou. "Ele chega ao Porto com uma aura especial, um técnico quase poético, é imbuído de um realismo mágico do (Gabriel) García Márquez. Foi isso que nos foi vendido aqui aos portugueses. Mas a verdade é que em seis meses no Porto o Martin Anselmi mostrou que não entendeu onde estava. Não conseguiu agarrar minimamente o vestiário. Não conseguiu perceber que no Porto não é aceitável a palavra derrota."
A conversa completa você confere logo abaixo, ou clicando aqui para conferir no nosso canal no Youtube.
Anselmi nunca foi jogador, mas já passou pelo futebol brasileiro. Depois de começar a carreira como analista e acumular experiência como auxiliar no futebol argentino, fez parte da comissão técnica de Miguel Ángel Ramírez no Independiente del Valle em 2019 e 2020, chegando ao Internacional em 2021, na passagem do espanhol que durou apenas três meses no time colorado.
Depois disso, iniciou a carreira solo no Unión La Calera, do Chile, e então foi para o Independiente del Valle, com uma passagem de muito sucesso: foi campeão da Taça do Equador e da Copa Sul-Americana em 2022 - nesta última, venceu o São Paulo de Rogério Ceni na decisão - e ficou com a Supertaça do Equador e a Recopa Sul-Americana em 2023 - superando o Flamengo de Vítor Pereira, nos pênaltis, na decisão continental.
De lá foi para o Cruz Azul, onde comandou a equipe mexicana por 46 jogos, com 23 vitórias, 13 empates e 10 derrotas. Seu trabalho chamou atenção de André Villas-Boas, presidente do Porto, que o levou para o futebol europeu no começo deste ano, substituindo Vitor Bruno.
Anselmi foi anunciado com um contrato de dois anos e meio com a equipe portuguesa. A contratação do treinador virou conflito na Fifa, já que os mexicanos queriam ser ressarcidos pela perda do comandante e acabaram chegando a um acordo de cerca de 3 milhões de euros.
"Pareceu, acima de tudo, muito conformado com aquilo que estava acontecendo. Podemos detalhar depois tecnicamente, taticamente, mas em termos emocionais eu acho que o grande problema dele foi não ter percebido a altíssima exigência que é treinar um dos maiores clubes europeus. A saída dele no final da temporada, depois de um mundial de clubes que foi anedótico, desculpando-me a expressão, mas a verdade foi horrível, miserável", contou Pedro Cunha.
"Ele foi muito inflexível nas suas ideias de jogo. O Porto é um clube que integralmente joga em 4-3-3. Sempre foi assim. Extremos velozes, cruzamento, muito, muito jogo aéreo para ponta de lança, e muita pressão alta. Portanto, para vocês perceberem, a torcida no Porto gosta mais de intensidade, mais de verticalidade do que um futebol mais pensado. E o Anselmi veio e revolucionou por completo esta ideia que era a ideia base já há muitas décadas do clube. Ele apostou do início ao fim num 3-4-2-1. Portanto, três zagueiros, quatro meias, com dois alas, ainda por cima, sem características nenhumas para fazer essa posição, e dois atacantes interiores e um ponta de lança", explicou.
"O Porto bateu recordes negativos de forma concludente. Eu posso dar um exemplo ainda mais concreto, que é um jogo na Amadora (Lisboa), na Reboleira, em que o Porto vai jogar na casa de um dos últimos classificados e que não é goleado porque o Cláudio Ramos foi o melhor em campo, o goleiro do Porto, e o Estrela da Amadora falhou três, quatro gols de forma absolutamente escandalosas", lembrou.
Dos dois anos e meio do contrato, Anselmi resistiu apenas seis meses, deixando o Porto com 10 vitórias, seis derrotas e cinco empates, terminando o Campeonato Português na terceira posição, mas 11 pontos atrás do Sporting, campeão, e sendo eliminado ainda na primeira fase do Mundial de Clubes, empatando com Palmeiras e Al-Ahly, e perdendo para o Inter Miami.
"Só para terminar, ele teve que lidar e lidou mal com problemas disciplinares graves dentro do elenco. E isso foi uma conversa comum, recorrente, sobre os problemas que ele tinha na gestão do grupo e do vestiário. E, por aquilo que soubemos através de pessoas que trabalhavam muito perto dele, o Martín Anselmi não era a pessoa mais empática do universo, para sermos simpáticos", completou Pedro Cunha.
Apesar do fracasso no Porto, Anselmi seguiu acompanhado de perto por clubes brasileiros. Chegou a negociar com o Atlético Mineiro para substituir Cuca, mas frustrou o clube e recuou nas conversas. Agora, aceitou a proposta do Botafogo.
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