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·29 de março de 2021

Principal missão de Southgate é achar a combinação ideal entre as muitas opções que a Inglaterra tem no momento

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Ser treinador de futebol é muito difícil. O ofício exige que ele seja o supervisor de várias áreas, como um diretor de multinacional. Tem o departamento tático, o departamento motivacional, o departamento de recrutamento e o departamento de escolher os jogadores certos para as posições certas dentro da ideia de jogo certa. São todos desafios paralelos a quem, em última instância, toma a decisão final, mas de vez em quando um deles se sobressai. No caso de Gareth Southgate, a sua principal missão será encontrar a combinação ideal entre a ampla gama de bons jogadores que a Inglaterra tem à disposição.


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O jogador inglês superestimado não é uma lenda. Ele existe. A Premier League é um campeonato dominante culturalmente, pela capacidade de atrair grandes craques graças à sua capacidade de arrecadar grandes quantias de dinheiro. A imprensa local é por vezes um pouco relutante a olhar ao que acontece além da ilha, e, ao mesmo tempo, é bastante influente. As suas concepções às vezes míopes acabam ecoando em outro países e são reproduzidas. Isso em termos gerais. Há boas exceções em qualquer lugar.

Feita a ponderação, a atual geração inglesa, se não é a melhor da história, é bastante talentosa. Especialmente em termos relativos. A Inglaterra não tem os mesmos recursos que a França. Talvez esteja um pouco atrás da Alemanha? Talvez. Mas não deve nada a mais ninguém no futebol europeu e é melhor que a maioria, o que a coloca como candidata (não favorita) ao título da Eurocopa, caso Southgate saiba encaixar o quebra-cabeça.

Quem são esses caras?

A Inglaterra tem um craque internacional sobre o qual cabe pouca discussão. Harry Kane é um dos melhores atacantes do mundo, apareceu em momentos decisivos e consegue fazer campanhas de 20 ou mais gols parecerem banais. Em um patamar um pouco abaixo, como se Kane fosse o 1A e ele o 1B, está Raheem Sterling, estabelecido como um dos motivos de o Manchester City conquistar tantos títulos e ganhar tantos jogos nos últimos anos. São os dois jogadores de primeiro degrau que estão no auge de suas formas física e técnica.

O segundo grupo tem jovens com claro potencial de um dia chegar lá: Jadon Sancho, Phil Foden, Marcus Rashford, Trent Alexander-Arnold e talvez Mason Mount, o que parece neste momento mais no meio do caminho entre esses citados e a próxima sub-divisão, com garotos que também são bastante promissores, mas ainda parecem estar em um estágio de desenvolvimento abaixo. Aqueles dos quais eu compraria ações (de verdade, não da Football Index) porque tenho (quase) certeza que um dia explodirão. São os casos de Bukayo Saka, Mason Greenwood, Curtis Jones, Callum Hudson-Odoi, Jude Bellingham, Declan Rice, Tammy Abraham e Wan-Bissaka.

Kane, Sterling, Sancho, Foden, Rashford, Arnold e quem mais se destacar entre os outros precisam ser a espinha dorsal da Inglaterra. O leitor atento já deve ter notado o primeiro problema: com algumas exceções, são todos jogadores de ataque. Como formar um time coeso com todos eles? O segundo problema: quais coadjuvantes Southgate colocará em torno deles? Aqui que o negócio começa a ficar verdadeiramente interessante porque é onde há mais opções à disposição.

São os Jogadores de Premier League, aqueles caras às vezes nota oito, nunca abaixo de seis, sólidos, regulares e competentes semana após semana, sobre os quais em algum momento da sua vida você inevitavelmente ouvirá que não recebem o crédito que merecem. E lá vem mais jogadores de ataque e também alguns meias centrais: Jack Grealish, James Maddison, Dominic Calvert-Lewin, Danny Ings, Oxlade-Chamberlain, Jesse Lingard, Patrick Bamford, Ross Barkley, Harry Winks e Kalvin Phillips.

Breve parênteses para dois casos especiais: Jordan Henderson está mais para Jogador de Premier League do que para craque, mas, saudável, provavelmente seria titular absoluto da seleção por tudo que fez pelo Liverpool e pela liderança ao longo de todo o trabalho de Southgate; Dele Alli, por outro lado, tem potencial de ser um jogador diferente e decisivo, se não tivesse tanta propensão a ser um vaga-lume na sua próxima reencarnação.

Fechando o breve parênteses, a defesa tem algumas questões, como veremos a seguir, mas os principais dilemas estão do meio para a frente. Dependendo da semana, haverá clamor por mais chances a um ou mais desses jogadores, quase nunca acompanhado pela sugestão de quem tirar da convocação ou do time.

E quem escolher?

Começando pela lateral direita, ano passado, seria loucura que Alexander-Arnold não fosse titular da Inglaterra. Agora, após uma queda brusca de rendimento, ele sequer foi convocado para a Data Fifa de março, preterido por Kyle Walker, Kieran Trippier e até pelo jovem Reece James, do Chelsea. É possível que nem seja convocado para a Eurocopa de 2021.

Mesmo quando escala três zagueiros, Southgate costuma usar apenas dois naturais da posição e um lateral improvisado. A lógica diz que John Stones, em grande forma na excepcional defesa do Manchester City, e Harry Maguire, o zagueiro de 80 milhões de libras, saiam à frente. Daí para baixo é realmente uma questão de gosto.

O cliente pode preferir Michael Keane, do Everton, Tyrone Mings, do Aston Villa, ou James Tarkowski do Burnley. Conor Coady, do Wolverhampton, oferece uma opção de cara alto e forte, bem ao estilão clássico inglês. Se você gostar de juventude, há Ben White e Ben Godfrey. Quer mais qualidade de passe? Eric Dier pode ser improvisado por ali, ou importar o estilo de jogo do Brighton com Lewis Dunk.

A outra lateral é a posição em que há menos profundidade, tanto que um dos poucos veteranos na Copa do Mundo da Rússia era Danny Rose, que nesta temporada nem jogou pelo Tottenham e nem aceitou sair do clube. Renascido, Luke Shaw tomou a dianteira à frente de Ben Chilwell. Chilwell transferiu-se do Leicester para o Chelsea em busca do próximo passo da carreira, mas a chegada de Thomas Tuchel complicou um pouco os seus planos. O treinador alemão tem usado mais Marcos Alonso pela ala esquerda em seu esquema com três zagueiros. Mas aqui Southgate não tem muita opção.

Jordan Pickford continuava soberano debaixo das traves até se machucar. Abriu a porta para que Southgate fizesse testes com Nick Pope, defendido por muitos como uma alternativa melhor por ser mais competente no quesito defender chutes do adversário – a predileção do técnico pelo goleiro do Everton tem base na sua qualidade superior com os pés. Dean Henderson, jovem goleiro do Manchester United, também pinta como uma alternativa, mas precisa conseguir jogar com mais regularidade.

Chegando ao meio-campo, o quebra-cabeça começa a ficar mais difícil. O número de vagas para cada função depende muito de como Southgate quiser escalar o time, com três zagueiros, dois no meio-campo e três no ataque; ou com uma linha de quatro, três no meio e também três no ataque, mas com mais atenção às pontas.

Em qualquer uma delas, ele não parece disposto a abrir mão da dupla de volantes, o que gerou críticas no último jogo. Precisa mesmo de Rice e Kalvin Phillips para enfrentar a Albânia? Talvez precise porque a prioridade tem que ser encontrar o equilíbrio e são dois jogadores de meio-campo com qualidade de passe – Phillips é o distribuidor do Leeds de Marcelo Bielsa. Henderson, antes de se machucar, estava à frente do Pirlo de Yorkshire, e James Ward-Prowse geralmente aparece como quarta opção.

Aceitando a premissa de que dois desses quatro sempre jogarão, o que aconteceu nos últimos oito jogos oficiais, exceto diante de San Marino (contra San Marino definitivamente não precisa de Rice e Kalvin Phillips), restam três ou quatro vagas para todos aqueles caras que foram citados como jogadores ofensivos. Como Kane e Sterling jogarão em qualquer formação, na realidade há apenas uma ou duas vagas e é por isso que alguns caras talentosos como Maddison sequer aparecem na conversa. Mesmo Sancho, um dos garotos com mais potencial de todo o planeta, foi reserva nas últimas quatro partidas competitivas da Inglaterra para as quais esteve disponível.

Southgate usou três zagueiros em todas elas, pela Liga das Nações no final do ano passado, e não tinha Sterling. Foi com Mount e Rashford contra Bélgica e Dinamarca, em outubro. No mês seguinte, deu preferência a Grealish ao lado de Mount no returno diante dos belgas. Para enfrentar a Islândia, o craque do Aston Villa e Phil Foden começaram jogando. Mount tem sido bastante utilizado ultimamente. Jogou pelo menos meia hora nos últimos nove compromisso da Inglaterra.

O treinador aproveitou a fragilidade de San Marino para dar oportunidades a Lingard e Dominic Calvert-Lewin (no lugar de Kane, poupado). A escalação contra a Albânia é uma pista melhor. Com quatro jogadores ofensivos, no momento Mount e Foden parecem à frente. Com três, Mount compõe com Kane e Sterling. Sancho está machucado, mas, mesmo disponível, era utilizado mais como opção para segundo tempo.

Haveria até mais dor de cabeça se James Vardy não tivesse se aposentado da seleção. É discutível se Sancho não deveria ganhar uma sequência maior como titular. Maddison e Grealish realmente fizeram por merecer mais oportunidades. A favor de Southgate, ele está tentando equilibrar todos os pratos de uma vez só. Contra San Marino, foi apenas a segunda vez em 237 jogos oficiais da Inglaterra que seis titulares tinham cinco ou menos partidas pela seleção em seu currículo, o que indica que ele está fazendo testes.

As categorias de base da Inglaterra, vitoriosas nos últimos anos, produziram um cenário em que sete pessoas podem chegar a sete escalações diferentes, mantendo uma espinha dorsal, mas com pouca variação de qualidade entre elas. Até segunda ordem, a única que vale é a de Southgate. Ele tem que escolher aqueles que melhor se encaixam na maneira que ele quer jogar e, neste momento, ela parece envolver uma proteção maior ao meio-campo.

Antigamente, o principal dilema do técnico da Inglaterra era como escalar Gerrard e Lampard ao mesmo tempo. Agora, é quais dos muito coadjuvantes à disposição melhor potencializam os dois, três ou quatro jogadores realmente diferentes que o país tem à disposição. Ninguém encontrou o segredo para o primeiro. Conseguirá Southgate encontrar o do segundo?

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