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·26 de dezembro de 2020

Quando o Bolton eliminou o Atlético de Madrid na Copa da Uefa em 2007/2008

Imagem do artigo:Quando o Bolton eliminou o Atlético de Madrid na Copa da Uefa em 2007/2008

Após passar por uma crise financeira gravíssima e entrar em administração judicial, o Bolton Wanderers, um dos clubes mais tradicionais da Inglaterra, encontra-se na quarta divisão do país. É difícil de imaginar que, há pouco tempo atrás, a equipe estava fazendo bonito em competições europeias. Mas aconteceu em 2008.

Foi na temporada 2007/2008, na penúltima edição da história da Copa da Uefa (hoje Europa League), que os Trotters fizeram a melhor campanha em todos os tempos na Europa, chegando até as oitavas de final. E o fizeram passando por cima de um gigante do futebol espanhol: o Atlético de Madrid.


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A PL Brasil relembra a fase 16-avos de final da Copa da Uefa em 2007/08, quando o Bolton eliminou o Atlético de Madrid.

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O Bolton se classificou para a Copa da Uefa naquela ocasião após chegar em sétimo na Premier League em 2006/2007. O time até chegou a brigar por vaga na Champions League, mas o prêmio final ainda foi celebrado. Como ponto negativo, a saída do técnico Sam Allardyce três jogos antes do fim da temporada, dando lugar a Sammy Lee.

Lee se manteve no cargo para a temporada 2007/2008. O elenco que deu certo na época ficou com nomes importantes, como o goleiro Jussi Jääskeläinen, o lateral Nicky Hunt, os meias Iván Campo e El Hadji Diouf, e os atacantes Kevin Davies e Nicolas Anelka.

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Mas o começo não foi dos melhores, com derrotas e zona de rebaixamento no início da PL. Em meio a isso tudo, na preliminar da Copa da Uefa, o Bolton enfrentou o Rabotnički, da Macedônia.

No jogo de ida, em 20 de setembro de 2007, empate em 1 a 1 na Macedônia, com gol salvador de Abdoulaye Méïté no fim. Na volta, em 4 de outubro, 1 a 0 no Reebok Stadium com tento de Anelka. O experiente francês, artilheiro do Bolton em 2006/2007, colocava o clube na fase de grupos.

A nova fase começou em 25 de outubro de 2007. Mas exatamente ali houve uma mudança importante. Foi naquele dia que Gary Megson, recém-saído do Leicester City, foi anunciado como novo treinador. Ele substituía Sammy Lee, em sequência ruim que seguiu na PL. Megson esteve nas tribunas do Reebok Stadium para a estreia na Copa da Uefa.

E o Bolton definitivamente não teve sorte no sorteio. Os Wanderers ficaram no grupo D, ao lado de Bayern de Munique, Estrela Vermelha, Braga e Aris. Na época, o sistema era diferente do atual: turno único, com apenas cinco rodadas, e cada time folgava em uma semana. Após quatro jogos, os três primeiros de cada chave avançavam.

Com Megson na tribuna e o auxiliar Archie Knox na tribuna, começou a jornada europeia do Bolton. Dentro de casa, empate em 1 a 1 com o Braga. O senegalês El Hadji Diouf abriu o placar aos 21 minutos do segundo tempo, mas o brasileiro Jaílson empatou no finalzinho para os portugueses e jogou um balde de água fria nos mandantes.

Com uma temporada difícil, o Bolton seguiu para a segunda partida em 8 de novembro. E o desafio era duríssimo: Bayern de Munique na Allianz Arena. O Bolton até saiu vencendo com Ricardo Gardner, mas levou a virada com dois gols de Lukas Podolski. Parecia que a derrota estava certa. Porém, aos 37 minutos, Kevin Davies arrancou um empate essencial. Ponto inesperado contra os gigantes alemães.

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No dia 29 de novembro, pouco depois da primeira vitória de Gary Megson no comando (contra o Manchester United na PL), novo empate europeu. Dentro de casa, 1 a 1 contra o Aris. E o ponto contra os gregos só veio com gol de Stylianos Giannakopoulos aos 48 do segundo tempo.

Para se classificar, o Bolton precisava vencer o Estrela Vermelha em Belgrado. Mas mesmo na Sérvia, Gavin McCann marcou aos 45 do primeiro tempo e fez o salvador 1 a 0. Vitória mínima que deixou o Bolton com seis pontos, e na primeira colocação do grupo.

Com isso, mesmo estando de folga na última rodada, o Bolton já se classificava. Bayern de Munique e Braga assumiram as duas primeiras posições no jogo final, e deixaram os Wanderers na terceira colocação. Vaga para a fase 16-avos de final oficialmente garantida.

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Só que o sorteio novamente não foi generoso. O adversário era o Atlético de Madrid, líder do grupo B com 10 pontos. Os Colchoneros vinham invictos, com três vitórias e um empate em quatro jogos. Mas as duas noites europeias a seguir seriam históricas em Horwich.

Os jogos seriam apenas em fevereiro de 2008. E nesse meio tempo, a janela de inverno foi muito movimentada. Destaque para a saída de Anelka, vendido ao Chelsea. O clube teve outras perdas e decidiu reforçar a defesa. As principais contratações foram do jovem Gary Cahill, do Aston Villa, e de Grétar Steinsson, do AZ Alkmaar (Holanda).

Após a eliminação na FA Cup, o Bolton começava em fevereiro uma sequência de oito jogos sem vitórias na PL, colocando os Trotters na zona de rebaixamento. Mas neste meio tempo, foi feita a história europeia na Copa da Uefa.

No dia 14 de fevereiro de 2008, 26.123 público lotavam o Reebok Stadium com o maior público do estádio na temporada. O Bolton enfrentava o Atlético de Madrid no jogo de ida da fase 16-avos de final da Copa da Uefa.

E o elenco do Atlético era bem respeitável para a competição. Christian Abbiati no gol; Luis Perea e Antonio López na defesa; Thiago Motta, Raúl García, Luis García, Maxi Rodriguez, José Antonio Reyes e Simão no meio de campo; e uma fantástica dupla de ataque com Diego Forlán e o então garoto Sergio Agüero.

Parecia impossível fazer frente. Mas o Bolton conseguiu. Em um duelo marcado pelas boas defesas de Jääskeläinen e Abbiati dos dois lados, o Atlético era melhor, especialmente no segundo tempo. Mas Agüero, que entrou em campo aos 14 minutos do segundo tempo, foi expulso aos 29 após cuspir em um adversário.

Os Trotters aproveitaram o clima e partiram para cima. E com dois minutos após a expulsão, após bate rebate na área, Diouf pegou a sobra na esquerda e bateu rasteiro, sem chances para Abbiati. Festa total no Reebok Stadium, e o 1 a 0 ficou até o fim.

Tudo seria decidido uma semana depois. Jogo da volta no dia 21 de fevereiro de 2008, no Estádio Vicente Calderón, em Madri. Trinta mil colchoneros foram apoiar o time em busca de uma classificação que parecia certa. Afinal, com desvantagem mínima e um time muito melhor, era natural a reversão da desvantagem.

Mas o tempo passou, e nada do gol. O Atlético foi pressionando, e a rede continuava vazia. A defesa montada por Gary Megson se mostrou extremamente eficiente e poderosa. Os espanhóis bem que tentavam, mas não criavam grandes chances em cima da barreira inglesa. Perto do fim, a pressão ameaçou aumentar, mas não resultou em nada.

Fim de jogo e festa em Horwich com um 0 a 0 inesquecível. Em sua segunda participação europeia, o Bolton Wanderers superava a fase 16-avos de final, onde havia sido eliminado em 2005/06, e chegava às oitavas. O maior feito continental da história dos Trotters.

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Junto à comemoração, teve confusão nas arquibancadas, com torcedores ingleses entrando em confronto com a polícia espanhola. O próprio Bolton se manifestou oficialmente, afirmando que a polícia local cometeu excessos antes, durante e depois da partida. Foi enviado inclusive um protesto oficial à Uefa sobre o caso.

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No campo, a aventura continental não foi longe. Logo nas oitavas, o Bolton caiu para o Sporting. Os portugueses arrancaram um 1 a 1 no Reebok Stadium e venceram no fim por 1 a 0 em Lisboa. Vantagem mínima, mas suficiente para encerrar a jornada do Bolton.

A temporada dos Wanderers terminou no sufoco. Após a sequência já citada de oito jogos sem vencer, o Bolton precisou fazer 11 pontos nos últimos 15 para assegurar a permanência na Premier League, com uma decepcionante 16ª colocação.

Mas em meio ao caos e a tantos problemas, a jornada na Copa da Uefa foi inesquecível. Os dias europeus no Reebok Stadium serão sempre lembrados pelos Trotters.

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