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·20 de dezembro de 2025

Quem é Responsa Gamming? Veja detalhes da análise do compliance e dos bastidores da negociação com Corinthians

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  1. Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

Enquanto o time do Corinthians se prepara para seu último compromisso na temporada, visitando o Vasco neste domingo (21), em jogo no Maracanã pela volta da final da Copa do Brasil, nos bastidores do Parque São Jorge uma batalha silenciosa vem sendo travada pelo patrocínio máster que estampará a camisa alvinegra em 2026, envolvendo a atual parceira Esportes da Sorte e uma postulante a substitui-la: a Responsa Gamming.

De acordo com informações divulgadas inicialmente pela Rádio Bandeirantes, as conversas entre clube e casa de apostas ocorrem há algumas semanas, visando um reajuste no acordo assinado em 2024, que prevê o pagamento de R$ 309 milhões ao longo de três temporadas. A valorização negociada faria com que valor desembolsado passasse a R$ 600 milhões em quatro anos, quase 50% a mais por temporada.


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Foto: Reprodução/Corinthians

No entanto, uma outra proposta surgiu no radar, apresentada ao presidente Osmar Stabile em nome da empresa Responsa Gamming, para criar uma marca de bet ligada ao Corinthians e prometendo pagar R$ 180 milhões anuais, além de R$ 62 milhões extras na assinatura (R$ 12 milhões como bonificação por uma eventual classificação à Copa Libertadores de 2026 e outros R$ 50 milhões a título de adiantamento para o clube pagar o transferban). Esta apuração foi divulgada primeiro pelo portal UOL.

A palavra do compliance

A oferta da empresa pelo máster do Corinthians vem sendo objeto de análise interna no clube. No último dia 9, o departamento de compliance alvinegro emitiu um relatório de due diligence PJ. A Central do Timão obteve acesso ao documento, que contém dez páginas e faz uma série de apontamentos sobre o grupo, desde o contexto de sua criação até características financeiras e jurídicas.

Logo em seu início, o relatório confere à Responsa Gamming um score de compliance de 91,67 (considerado alto). Este índice provém de um modelo estatístico, fornecido pela ferramenta usada pelo departamento na due diligence, a partir da atribuição de uma nota de 0 a 100. Quanto maior o número, maior o risco para o Corinthians ao se envolver em um negócio com a empresa ou indivíduo avaliados.

Em seguida, o documento levanta informações sobre a empresa, criada em 19 de agosto de 2024 sob o CNPJ número 56.905.647/0001-17 e sediada na cidade de Belo Horizonte-MG. Considerada de porte média, possui capital social de R$ 30 mil e teve seu faturamento estimado entre R$ 30 milhões e R$ 100 milhões pela ferramenta.

O grupo possui ao todo sete pessoas em seu quadro societário: Aline da Silva Heineck, Bruno Thiago Franco e Braga, Henrique Coimbra Marba, Raquel Calazans Martins da Costa, Sauro Henrique de Almeida, Deivid de Souza e Estevão Siqueira Nejm. Apenas contra este último o compliance levantou um apontamento individual, identificando um processo criminal relativo a “crimes tributários, econômicos e contra as relações de consumo”, sem, no entanto, apontar o status do processo.

Além disso, a Responsa Gamming não consta em nenhuma lista restritiva relacionada a empresas, como a de empresas alvo de acordos de leniência da Controladoria Geral da União (CGU), o Cadastro de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS), o Cadastro Nacional de Empresas Punidas (CNEP), o Cadastro de Entidade Privada Sem Fim Lucrativo Impedida (CEPIM) e as listas de Contas Julgadas Irregulares e Licitantes Inidôneos do Tribunal de Contas da União (TCU).

Em outro trecho, o compliance identificou 15 registros de marca da empresa no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), todos feitos entre setembro e outubro de 2024 para reivindicar o direito de uso a termos como Responsa Gaming, Responsa Bet, Oddfair e Joga Limpo.

Por fim, o documento ainda fez uma varredura legal, para identificar processos onde a empresa é parte atualmente. Nada foi encontrado ao buscar por processos com nome de parte igual. Já ao buscar pelo CNPJ da Responsa Gamming, apenas uma ação foi identificada, na esfera cível/administrativa, onde a empresa consta como parte passiva. Não foram detalhadas, porém, a natureza ou o status deste processo.

Outros apontamentos

Ao encaminhar o relatório por e-mail para o presidente Osmar Stabile, outros comentários foram feitos pelo departamento, complementando as informações presentes na due diligence. No texto, foi reforçado o pouco tempo de funcionamento da Responsa Gamming, além de seu faturamento estimado, consideravelmente inferior ao valor oferecido ao clube pelo patrocínio máster da camisa.

Também recomendou-se que mais informações fossem recolhidas sobre os processos judiciais levantados no documento, e foram incluídas observações sobre uma suposta “falta de registro de funcionários” e também sobre o acordo firmado entre o grupo e o Grêmio, neste mês – um patrocínio pontual assinado pelo clube gaúcho para seus dois últimos jogos no Brasileirão, negociado por cerca de R$ 1 milhão.

À época, a empresa justificou o acerto pontual como parte de uma estratégia de expansão nacional visando 2026, quando acontecerá a Copa do Mundo, um “período de pico no engajamento esportivo”. A marca associada ao Grêmio, a Energia Bet, é uma das duas autorizadas desde junho pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF) para serem operadas pela Responsa Gamming – a outra, Joga Limpo, ainda não está funcionando oficialmente.

Experiência prévia de sócia

Uma das sócias da Responsa Gamming, Aline da Silva Heineck, possui experiência prévia no segmento. Entre fevereiro de 2023 e dezembro de 2024, ela ocupou o cargo de gerente regional para o Rio Grande do Sul da Esportes da Sorte. Nesta mesma época, por sinal, o Grêmio anunciou parceria com a casa de apostas, em um contrato inicialmente válido por três anos, mas que foi rescindido em fevereiro de 2025 pelo clube gaúcho.

Além disso, Aline Heineck também esteve presente na mídia no primeiro semestre deste ano, ao representar a casa de apostas ZeroUm Bet como diretora de operações no anúncio de diversos patrocínios a clubes como Chapecoense, Portuguesa e Guarani. Em consulta ao site da empresa, verifica-se que ela mantém parceria com mais 12 instituições: ABC, Anápolis, Aparecidense, Boavista, Botafogo-PB, Brusque, Caxias, Floresta, Gama, Itabaiana, Ituano e River-PI.

Vale citar que a ZeroUm Bet ocupou recentemente os noticiários da política nacional, devido à sua citação na CPI das Bets. A empresa foi fundada em julho de 2024 pela influenciadora Deolane Bezerra, com um capital social de R$ 30 milhões, e acabou sendo alvo de investigação da Polícia Federal, pois os documentos de abertura têm a assinatura da advogada Adélia de Jesus Soares, investigada pela Polícia Federal (PF) devido a suspeitas de ajudar chineses a explorar apostas ilegais no Brasil.

Cinco meses depois da fundação, a influenciadora vendeu a ZeroUm Bet para o empresário José Daniel Carvalho Saturnino, conhecido como Daniel Trajano, que até abril deste ano atuava no marketing da Esportes da Sorte e ficou conhecido pela torcida do Corinthians após seu filho, Danielzinho, ser contratado para a equipe Sub-20 do clube, logo após ser dispensado da base do Grêmio. O jovem acabaria deixando o Terrão em julho.

Daniel Trajano ainda consta como um dos cinco sócios da ZeroUm Bet, junto com Leila Luana Pardim Tavares Lima, Jair Machado Júnior, Marcella Ferraz de Oliveira e Ana Bratriz Scipião Barros. Sob o CNPJ 55.997.392/0001-05, a empresa chegou a ter seu registro negado pela SPA/MF, mas atualmente possui licença para operar por meio de uma liminar obtida na Justiça de São Paulo, através de três marcas: ZeroUm, Energia e SporVip. Apenas a primeira tem um site funcionando atualmente.

Envolvimento dos órgãos internos

A Central do Timão apurou que o presidente Osmar Stabile não deseja tomar sozinho uma decisão sobre qual proposta aceitar: a renovação da Esportes da Sorte ou sua troca pela Responsa Gamming. Na avaliação do mandatário, trata-se de um negócio-chave para o clube e, por conta disso, ele busca o apoio dos órgãos internos para que sua decisão tenha total apoio no Parque São Jorge.

Em um movimento neste sentido, Stabile estaria considerando encaminhar a proposta da Responsa Gamming para análise do Conselho de Orientação (CORI), com o objetivo de receber um aval por escrito para firmar a parceria. A iniciativa, porém, é vista com estranheza por membros do órgão ouvidos pela redação, que entendem que firmar patrocínios é um ato de gestão, exclusivo à diretoria, e que estatutariamente o CORI deve ser consultado apenas em negócios relativos a empréstimos e vendas de atletas com alto valor.

Mesmo colocando em perspectiva a atuação do grupo na decisão sobre assinar com Nike ou Adidas, no primeiro semestre deste ano, a avaliação se manteve. Na visão destes membros, a participação do CORI naquela negociação serviu para prestar apoio a uma gestão que, por ser interina (devido ao afastamento cautelar de Augusto Melo do cargo), carecia de legitimidade interna, o que não seria mais o caso atualmente, já que Stabile é o presidente eleito.

Outra parte da estratégia do mandatário corinthiano seria a de convencer o presidente do Conselho Deliberativo (CD) Romeu Tuma Júnior a assinar o contrato, de forma conjunta, com Stabile, também com o objetivo de mostrar unidade na decisão. A Central do Timão apurou, no entanto, que a iniciativa não foi bem recebida, devido ao seu ineditismo – acordos do tipo nunca são assinados por um representante do CD.

Ainda sobre o tema, Tuma enviou nesta sexta-feira (19) mensagem aos conselheiros, onde diz que o CD não exerce qualquer pressão sobre a diretoria em relação à assinatura de contratos, incluindo patrocínios. Segundo ele, conselheiros que eventualmente integram a gestão atuam como membros da diretoria e não falam pelo órgão. Ressaltou ainda que o CD apenas emite recomendações quando consultado pela diretoria e negou que o órgão tenha se manifestado sobre o máster, destacando que qualquer decisão sobre o tema cabe exclusivamente a Stabile.

Palavra da Responsa Gamming

A Central do Timão procurou dois dos sete sócios da Responsa Gamming para se manifestarem sobre o interesse em patrocinar o Corinthians. Um deles enviou à redação uma nota oficial comentando o assunto (leia abaixo). Questionado em seguida sobre se os apontamentos do compliance foram respondidos oficialmente e se a empresa apresentou garantias bancárias comprovando seu lastro, o sócio optou por não responder.

Confira a nota na íntegra:

“Em nenhum momento o compliance se posicionou contra a assinatura do contrato. Todos os pontos levantados pelo clube são preocupações legítimas e foram tratados e explicados de forma tranquila.

Temos plena ciência da importância desse contrato para o clube e reforçamos nosso compromisso de que todo o processo seja conduzido com a máxima transparência possível, sempre com o objetivo de proteger os interesses do clube e da Nação Corinthiana.”

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