Alemanha FC
·24 de março de 2021
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·24 de março de 2021
Por Alexander Rodrigues
Não é novidade para ninguém a importância de Raúl González Blanco na história do futebol, mais precisamente na do Real Madrid, onde faturou nada menos do que três UEFA Champions League e seis La Ligas, além de ser um dos maiores artilheiros da história do clube merengue.
Mas o que muita gente pode não se lembrar ou tem apenas uma vaga memória é que ele jogou em um país com cultura e idioma completamente diferentes. E até o estilo de jogo da época entre Espanha e Alemanha não eram tão similares como em tempos atuais.
RAÚL GONZÁLEZ NO SCHALKE 04
A temporada 2009/2010 foi a última de Raúl no Real Madrid que, àquela altura, já havia contratado atacantes que posteriormente ganhariam quatro Champions em cinco anos: Karim Benzema e Cristiano Ronaldo. O português, aliás, que tem como marca o CR7, teve que vestir a camisa 9 em seu primeiro ano de Madrid justamente por a 7 ser de Raúl.
Apesar de ter começado no futebol nas categorias de base do Atletico de Madrid, arquirrival dos merengues, ninguém havia visto Raúl com a camisa de outro clube.
Aos 33 anos era natural que viesse a aposentaria ou que ele fosse para algum mercado periférico em busca de um último grande contrato, mas na realidade, “Raúl Madrid” escolheu permanecer onde o futebol é relevante.
O INÍCIO
Em julho de 2010, Raúl assinou dois anos de contrato com o Schalke 04, e se tinha uma coisa que todos queriam ver, era como um atleta que já estava a 16 anos jogando no mesmo clube, vivendo a mesma realidade em Madrid, iria se adaptar à cidade de Gelsenkirchen, em um clube que, apesar de grande, não era nem de longe do mesmo nível do Real Madrid.
Raúl escolheu o Schalke, pois os azuis reais iriam disputar a UEFA Champions League da temporada 2010/2011, após terminar a temporada anterior com o vice da Bundesliga, cinco pontos atrás do Bayern.
O clube alemão estava a cinco anos sem levantar um troféu. A última glória havia sido a Liga-Pokal, uma espécie de Copa da Liga Alemã, que reunia os quatro primeiros da Bundesliga da temporada anterior e os campeões da Copa da Alemanha e segunda divisão nacional.
E se você for puxar por troféus de peso, o último havia sido a Copa da Alemanha da temporada 2001/2002, ou seja, um belo desafio para o espanhol. Lembrando que o Schalke contava com jogadores como Manuel Neuer e Ivan Rakitic, que viriam a ser estrelas do futebol anos mais tarde.
BUNDESLIGA
Os azuis reais terminaram na 14ª colocação, o que foi decepcionante, mas houve pontos altos na campanha, como por exemplo a vitória de 2-0 sobre o Bayern no primeiro turno, onde Raúl deu a assistência para Jurado abrir o placar.
O ex-madridista também fez três hat-tricks: um na goleada de 4-0 frente ao Werder Bremen e os outros nas vitórias de 3-0 sobre o FC St. Pauli e FC Colonia. No total, Raúl terminou a Bundesliga de 2010/2011 com 13 gols marcados.
COPA DA ALEMANHA
Depois de não ser relacionado na vitória frente ao VfR Aalen na primeira eliminatória e não sair do banco no triunfo sobre o FSV Frankfurt na segunda rodada, Raúl estreou nas oitavas de final, onde deu a assistência para o gol de Farfán, que selou a vitória magrinha de 1-0 em cima do FC Augsburg.
Nas quartas, mais uma assistência, agora, para o gol de Rakitic, porém o tento da vitória de 3-2 sobre o Nuremberg veio somente no último minuto da prorrogação pelos pés de Julian Draxler, que também viria a ser uma estrela do futebol mais tarde.
Nas semifinais, uma parada no mínimo indigesta pela frente: o todo poderoso Bayern de Munique, na Aliianz-Arena.
O fato de ter uma estrela acostumada com jogos grandes ajudou e muito.
Após um desvio de cabeça de Höwedes, no escanteio, Raúl apareceu como um raio para fuzilar o goleiro Kraft em uma cabeçada que mais parecia um chute. Placar final: Bayern 0 x 1 Schalke e uma vaga garantida na final em Berlim.
A final da Copa da Alemanha realizada no dia 21 de maio de 2011 colocava frente a frente o Schalke 04 e a surpresa do torneio, MSV Duisburg, da segunda divisão, que tem um mascote que combinava perfeitamente com a ocasião: uma zebra.
Porém os listrados não tiveram a mínima chance. Raúl não marcou, mas foi peça-chave para a bela sapatada de 5-0 que os azuis reais aplicaram no Duisburg para levantar o troféu da Copa da Alemanha da temporada 10/11, quinta da história do time de Gelsenkirchen.
UEFA CHAMPIONS LEAGUE
No maior torneio do continente, o Schalke aproveitou bem o fato de cair em um grupo acessível, no caso, o B, ao lado de Benfica, Lyon e Hapoel Tel Aviv.
Após uma derrota fora para o Lyon na primeira rodada, a recuperação começou frente ao Benfica, em casa: um 2-0 com Raúl em campo ajudando a equipe, por mais que não tenha marcado.
Contra o Hapoel Tel Aviv, equipe mais fraca do grupo, os azuis reais não tiveram problema em fazer 3-1, com Raúl marcando duas vezes. Em Israel, um 0-0 fazia os alemães abrirem os olhos para a classificação.
Porém qualquer preocupação era em vão, pois não perderiam mais na fase de grupos. Depois de um troco no Lyon em casa, metendo 3-0 com uma assistência de Raúl para o gol de Farfán, os Die Königsblauen despacharam o Benfica em pleno Estádio da Luz por 2-1. Raúl também contribuiu com uma assistência nessa partida para o gol de Jurado.
O Schalke se classificou em primeiro no grupo com 13 pontos, pegando assim o Valencia nas oitavas de final. Era o retorno de Raúl à Espanha, logo para um mata-mata de Champions.
Apesar de sair perdendo, o craque empatou o jogo para os mineiros de Gelsenkirchen aos 22 da segunda etapa, trazendo a decisão para a Alemanha com a vantagem do gol fora, que não precisou ser usado, já que mesmo saindo perdendo na Veltins-Arena, os azuis meteram três e finalizaram a disputa: 3-1 placar final.
Nas quartas, o nível subiu muito. Agora o adversário era nada menos do que a atual campeã Inter de Milão, com um time que marcou época. Era natural o Schalke cair naquela fase, porém os alemães quebraram muitas casas de aposta.
Nada menos do que 5-2 no atual campeão na casa deles, com Raúl marcando um. Destaque também para o brasileiro Edu, que marcou duas vezes e Neuer que fez alguns milagres.
No jogo da volta, um 2-1 sem grandes sustos, com Raúl marcando o seu quinto gol na competição.
Nas semifinais, mais um colosso, o Manchester United, e dessa vez não teve muito o que Raúl e o time pudessem fazer. Derrota de 2-0 na Alemanha e uma amarga goleada de 4-1 em Old Trafford.
A SEGUNDA TEMPORADA
SUPERCOPA DA ALEMANHA
A decisão da Supercopa da Alemanha não seria uma partida qualquer, já que o Schalke, como campeão da Copa da Alemanha, iria enfrentar o campeão da Bundesliga, que era nada mais nada menos do que o arquirrival Borussia Dortmund.
Depois de um 0-0 persistente, os azuis reais levantaram o troféu de supercampeão nacional, após vencer nos pênaltis pelo placar de 4-3.
BUNDESLIGA
A temporada de 2011/2012 foi a segunda e última de Raúl com a camisa azul e, por mais que tenha levantado só a Supercopa Alemã, não se pode dizer que foi um ano ruim, já que o Schalke terminou em 3º na Bundesliga, se classificando diretamente para a UEFA Champions League.
O espanhol marcou dois gols a mais do que na temporada anterior, finalizando com 15. Curioso é que, pela segunda temporada seguida, o capitão em várias ocasiões, fazia um hat-trick em cima do Werder Bremem, em mais uma sapatada, agora de 5-0.
COPA DA ALEMANHA
Diferente da temporada anterior, os azuis reais não conseguiram manter o ritmo para defender o título da Copa nacional. A campanha começou com uma vitória de 11-1, repito, 11-1, frente ao simpático FC Teningen, das divisões inferiores da Alemanha, com direito a dois gols de Raúl.
Depois de um 2-0 tranquilo no Karlsruher, na segunda rodada, os mineiros caíram para o Borussia Mönchengladbach, nas oitavas de final perdendo por 3-1.
LIGA EUROPA
Apesar de ter terminado em 14º na temporada anterior, o Schalke pode jogar a Liga Europa por ter ganho a Copa da Alemanha. Após um susto frente ao HJK da Finlândia, na fase eliminatória, onde perderam a primeira partida de 2-0, o clube conseguiu se reerguer em casa com uma goleada de 6-1.
Os alemães caíram no grupo J, ao lado de Steaua Bucareste da Romênia, Maccabi Haifa de Israel e AEK Larnaca do Chipre. Sem problemas na primeira fase, acabaram em primeiro e invictos.
Na fase 16 avos de final, despacharam o Viktoria Plzen da Republica Tcheca na prorrogação do segundo jogo. Nas oitavas, após uma derrota de 1-0 frente ao Twente na Holanda, mais uma vez, a Veltins-Arena falou mais alto, e com um 4-1, o Schalke estava nas quartas de final de um torneio europeu, pelo segundo ano seguido.
Nas quartas, Raúl retornaria, novamente, à Espanha, agora para enfrentar o Athletic Bilbao. No primeiro jogo, na Alemanha, ele marcou seus primeiros gols na competição (Raúl passou a jogar mais como meia atacante nessa temporada) e logo de cara foram dois, porém não foi o suficiente para evitar a derrota de 4-2 para os bascos.
Na volta, em terras espanholas, mais um gol do craque, mas o 2-2 não serviu nem um pouco para os azuis. Detalhe é que esse foi o último gol de Raúl em competições europeias.
E assim terminou uma passagem muito bonita de um jogador consagrado e com uma certa idade que abraçou um novo desafio e venceu.
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