Realização da Copa de Nações a cada quatro anos divide o futebol africano | OneFootball

Realização da Copa de Nações a cada quatro anos divide o futebol africano | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: Gazeta Esportiva.com

Gazeta Esportiva.com

·25 de dezembro de 2025

Realização da Copa de Nações a cada quatro anos divide o futebol africano

Imagem do artigo:Realização da Copa de Nações a cada quatro anos divide o futebol africano

A decisão da Confederação Africana de Futebol (CAF) de organizar a Copa Africana de Nações (CAN) a cada quatro anos, em vez de a cada dois, como vinha acontecendo até então, tem agradado a alguns no continente, enquanto outros a veem como uma concessão à Fifa e aos clubes europeus.

A notícia foi anunciada pelo sul-africano Patrice Motsepe, presidente da CAF, no sábado, véspera da abertura da Copa Africana de Nações de 2025, no Marrocos. O torneio mais importante do continente passará a ser realizado a cada quatro anos a partir de 2028, com o objetivo de se alinhar melhor ao calendário mundial do futebol.


Vídeos OneFootball


Essa mudança será compensada pela criação de uma nova competição anual inspirada na Liga das Nações da Uefa, em um formato adaptado à África, que começará em 2029.

Para muitos, essas decisões foram uma surpresa e, após o choque inicial, reações a favor e contra têm circulado nos últimos dias.

“Desde 1957, a África sedia a Copa Africana de Nações a cada dois anos. Mas agora dizem que será a cada quatro anos. Isso não é normal. A África deve ser respeitada”, declarou o técnico belga do Mali, Tom Saintfiet, que suspeita que a Fifa esteja por trás dessa decisão.

Seu compatriota Paul Put, técnico da seleção ugandense, questionou diretamente: “Será que o problema não estaria na Copa do Mundo e no Mundial de Clubes?”

Críticas a Infantino

Com isso, ele se tornou porta-voz de um grupo de detratores do presidente da Fifa, Gianni Infantino, que o acusam de manobrar para priorizar suas competições em detrimento da Copa Africana de Nações.

A Fifa já era alvo da ira de muitos técnicos de seleções africanas desde sua decisão de adiar em uma semana o prazo para os clubes liberarem jogadores para suas seleções antes desta Copa Africana de Nações.

“A Fifa decidiu que os jogadores deveriam disputar sua última partida pelo clube seis ou sete dias antes de um grande torneio. Dois dos meus jogadores se lesionaram nessas partidas finais (Sikou Niakaté e Hamari Traoré)”, reclamou Saintfiet.

“A Fifa já era alvo de críticas por parte de muitos técnicos de seleções africanas desde o início, mas também temos um dever com os jogadores africanos que estão nos melhores clubes da Europa”, afirmou o presidente Motsepe no sábado. Mesmo dentro da CAF, houve críticas a Motsepe e à Fifa.

“O Comitê da CAF não foi consultado antes do anúncio desta decisão. Ficamos surpresos, porque isso levanta questões organizacionais que exigem discussões aprofundadas antes que uma decisão final possa ser tomada”, disse à AFP uma fonte do departamento de competições da Confederação Africana de Futebol.

“Organizar duas edições consecutivas da CAN é extremamente difícil, ainda mais considerando que o torneio de 2027 será disputado no verão, o que significa que teremos apenas duas pausas internacionais para organizar a fase de qualificação para a edição de 2028, caso ela seja realizada no início do ano (as datas habituais para esta competição)”, destacou a fonte.

Houve anomalias na frequência da CAN no passado: ela foi disputada em 2012 e depois em 2013, “mas naquela época o torneio tinha apenas 16 equipes, não 24, e a fase de qualificação era feita com jogos diretos, não em grupos”, esclareceu a fonte.

Novas perspectivas

Os treinadores do continente africano aguardam ansiosamente o impacto desta importante mudança no calendário.

“Com esta mudança e a nova competição (a Liga das Nações Africanas), as comissões técnicas e os jogadores talvez enfrentem um novo desafio, com um torneio do mesmo nível e diante de um grande público”, disse Samir Trabelsi, treinador da Tunísia.

“Há aspectos positivos e outros nem tanto”, comentou Walid Regragui, treinador do Marrocos.

“O formato bienal da CAN permitia que muitas equipes progredissem e se desenvolvessem ou se reconstruíssem rapidamente após um revés”, observou.

Para o capitão da Argélia, Riyad Mahrez, a decisão torna a CAN “uma competição mais atraente” no futuro.

*Com conteúdo da AFP.

Saiba mais sobre o veículo