Trivela
·27 de junho de 2021
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·27 de junho de 2021
Fazer uma grande primeira fase não é garantir de sucesso em torneio nenhum, ainda mais quando é eliminatório, como a Eurocopa. A República Tcheca fez uma primeira fase de sobrevivência. Venceu a Escócia, empatou com a Croácia e perdeu a Inglaterra. Se classificou em terceira e foi para o duelo com a Holanda sem nada a perder. Travou o jogo neerlandês e aproveitou a chance que surgiu quando o adversário teve um jogador expulso. Eficientes, os tchecos fizeram 2 a 0 em Budapeste e conseguiram impor uma zebra nas oitavas de final da Eurocopa.
A Holanda foi uma das melhores equipes na fase de grupos, conseguiu três vitórias e teve momentos de ótimo futebol. Havia alguma preocupação com a inconstância do time dentro das partidas. Desta vez, o time foi travado e não conseguiu ter os momentos de mais criatividade. Pior ainda, desperdiçou uma chance clara que teve e acabou punida em seguida. Os bons jogadores neerlandeses não foram o bastante e nem Frank de Boer conseguiu armar um time que saísse das armadilhas tchecas.
Se em 2004 os tchecos levaram a melhor em um duelo de timaços, em 2021 o duelo era de dois times teoricamente com uma diferença técnica significativa. Só que os tchecos foram mais time, coletivamente, aproveitaram a oportunidade que surgiu, e não deixaram que a Holanda reagisse. Os holandeses eram melhores, mas não foram melhores em campo. A eliminação chega dolorida pelo que o time fez até aqui, mas não de forma injusta.
O técnico Frank de Boer escalou o atacante Donyell Malen como titular no lugar de Wout Weghorst. A mudança era muito pedida, porque Malen deu mais mobilidade ao ataque do time e melhorou também o desempenho de Memphis Depay.
Já na República Tcheca, Jan Boril era destaque, suspenso por cartões amarelos. Não teve um jogador muito importante, lesionado: o capitão Vladimir Darida, meia de criatividade do meio-campo. O técnico Jaroslav Silhavy armou o time no mesmo esquema dos outros jogos, em um 4-2-3-1. No lugar de Derida, Antonin Barak ocupou a faixa central.
Como esperado, a Holanda tomou a iniciativa, tentou colocar um ritmo mais forte no ataque, mas não conseguia entrar na área dos tchecos. Faltavam recursos para quebrar a barreira imposto pelos tchecos, que também não conseguiam encaixar uma saída de contra-ataque que pudesse ameaçar. Assim, o jogo ficou sendo cozinhado na primeira etapa, com poucas chances.
Foi nos acréscimos que a Holanda teve a sua melhor chance no primeiro tempo. Depois de trabalhar bem a jogada, Memphis Depay fez um belo passe para Patrick van Aanholt, que chutou mal. Ele estava impedido. Os holandeses terminaram o primeiro tempo com a sensação que poderiam ter marcado um gol. Apesar do jogo travado, foram os neerlandeses que chegaram mais perto de abrir o placar. E as chances perdidas pesariam.
No começo do segundo tempo, a Holanda chegou perto do gol em uma chance incrível perdida. Memphis Depay deu um lindo passe de letra para Malen, que passou pela marcação e, na cara do gol, tentou driblar Tomas Valclik, mas o goleiro levou a melhor. Uma chance claríssima que o atacante desperdiçou.
Pouco depois, as coisas se complicaram para a Holanda. Aos 10 minutos, Matthijs De Ligt perdia na corrida para Patrick Schick, caiu e, antes de tocar o chão, tocou com a mão na bola. O árbitro Sergei Karasev, da Rússia, deu cartão amarelo, mas o VAR o chamou para revisar o lance. Ao ver no vídeo, o árbitro decidiu mudar a cor do cartão: passou a ser vermelho. A Holanda ficaria com 10 jogadores a partir dali.
O técnico Frank de Boer imediatamente mudou o time. Sacou o atacante Malen e Quincy Promes, que passou a atuar aberto pelo lado esquerdo. Os holandeses saíram de um 3-4-1-2 para um 4-4-1, recuando os dois alas para se tornarem laterais de fato. Wijnaldum saiu do meio e foi para o lado direito, com Promes do lado esquerdo e Memphis Depay à frente.
O jogo mudou. Até ali, a República Tcheca era quem travava o jogo da Holanda, em uma partida mais defensiva. A expulsão fez com que os tchecos passassem a atacar mais, usando essa vantagem numérica. Deixou a Holanda na defensiva para tentar aproveitar a vantagem também psicológica naquele moimento.
Com 18 minutos, a República Tcheca teve uma grande chance. Em um cruzamento da direita de Vladimir Coufal, a bola passou por todo mundo e chegou aos pés de Pavel Kaderabek, no lado esquerdo. Dentro da área, ele dominou, ajeitou e tocou, mas Denzel Dumfries se esticou e bloqueou a finalização. Era um chute que dificilmente Maarten Stekelenburg conseguiria chegar.
Com 22 minutos do segundo tempo, a República Tcheca chegou ao gol. Em uma cobrança de falta do lado direito, quase como um escanteio, Tomas Kalas ajeitou na segunda trave de volta para a primeira, onde estava Tomas Holes. Ele cabeceou com força e marcou: 1 a 0. Uma bobeira do goleiro Stekelenburg, que ficou indeciso, também contribuiu negativamente.
Frank De Boer mudou novamente o time para tentar retomar a força ofensiva. Colocou o centroavante Wout Wrghorst no lugar do meio-campista Marten de Roon. Os tchecos também mudaram ao colocar Tomas Jankto no lugar de Lukas Masopust.
O goleiro tcheco Vaclik cobrou uma falta do campo de defesa para o ataque, a bola foi desviada e Tomas Holes aproveitou um imenso buraco no lado direito para passar pela marcação, em uma bobeira também de Denzel Dumfries, foi até a linha de fundo e cruzou rasteiro para trás. Patrick Schik chegou como bom centroavante para tocar no canto e ampliar: 2 a 0, aos 35 minutos. Foi o quarto gol do atacante na atual Euro 2020.
Depois de sofrer o segundo gol, a Holanda foi para o tudo ou nada. Frank De Boer tirou o lateral esquerdo Van Aanholt e colocou Steven Berguis. Também tirou Daley Blind e colocou Jurriën Timber.
O que se via, porém, era um time que não conseguia criar. A dificuldade em chegar com perigo ao gol tcheco era grave. Em nenhum momento depois de sofrer o primeiro gol a Holanda conseguiu realmente ameaçar o goleiro Tomas Vaclik.
Só foi preciso gastar o tempo, já que a Holanda pouco criava. Tratou de desfrutar os últimos minutos de uma Holanda sem forças para mudar o cenário. Ao final, muita festa dos tchecos, comemorando uma classificação histórica, que voltam às quartas de final, como já tinham conseguido em 2012. Em 1996, o time foi vice-campeão e em 2004 foi até as semifinais.
A Holanda deixa a Euro com uma sensação amarga na boca. A boa primeira fase não valeu de nada, porque o time não conseguiu fazer um bom jogo em Budapeste. Nenhum dos seus destaques conseguiu brilhar, porque o time foi travado pela República Tcheca em um meio-campo muito congestionado. O técnico Frank De Boer certamente terá que lidar com um bocado de críticas por não ter conseguido manter o bom ritmo que a seleção tinha com Ronald Koeman.
A República Tcheca agora irá para Baku, no Azerbaijão, para enfrentar a Dinamarca nas quartas de final. O jogo será no dia 3 de julho, próximo sábado. Um desses dois times estará na semifinal.