Calciopédia
·24 de agosto de 2020
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Quando falamos da segunda divisão do Campeonato Italiano, é difícil fugir dos clichês da imprevisibilidade e da emoção do torneio. Embora esta edição da Serie B tenha realmente premiado os times que mais de destacaram com o acesso à elite, e reservado o rebaixamento à terceirona àqueles que mais sofreram, o caminho até a conclusão do certame foi bastante agitado. Confira a nossa retrospectiva da temporada 2019-20.
Da 7ª rodada até a última, somente uma posição não mudou na tabela: a do Benevento, líder da Serie B quase que de ponta a ponta. Depois de uma largada equilibrada entre vitórias e empates, o time de Pippo Inzaghi não deixou mais o comando do certame. A goleada por 4 a 0 sofrida para o Pescara, na 9ª rodada, no final de outubro, foi apenas um acidente de percurso e, a partir de novembro, ninguém foi páreo para o clube campano.
Com uma sequência de 22 partidas de invencibilidade – na qual somou 18 vitórias e cinco goleadas –, os stregoni varreram os adversários em uma campanha impressionante até junho. Na terceira partida após o retorno da competição, pós-lockdown, o Benevento garantiu o seu primeiro título do torneio e a vaga na elite do futebol italiano, que já parecia certa meses atrás. A conquista foi confirmada matematicamente com sete rodadas de antecipação e uma vantagem de 24 pontos para o segundo colocado.
Não fosse o justo relaxamento no final do torneio, uma vez que o acesso e o título já estavam garantidos, o time de Inzaghi poderia ter ido mais além. De qualquer forma, com os 86 pontos conquistados em 38 rodadas, teve a maior pontuação na história da Serie B – considerando até mesmo temporadas em que a “segundona” chegou ter dois ou quatro times a mais do que os atuais 20 participantes.
Na sua formação, Inzaghi contou com um time experiente, com veteranos da Serie A como destaques, a exemplo de Maggio, Hetemaj, Schiattarella e Sau. Também teve à disposição jogadores consolidados da Serie B, como Montipò, Tuia, Letizia, Kragl, Insigne (Roberto, o irmão de Lorenzo), Coda e Viola, o grande craque da equipe e da competição. Ainda houve espaço para resgatar os esquecidos Caldirola, Antei, Barba, Tello, Improta e Moncini.
Com Glik e Ionita já confirmados para a próxima temporada, o Benevento quer fazer diferente da sua primeira e única experiência na elite, na qual, apesar de bom desempenho com Roberto De Zerbi, pagou pelos erros no planejamento e foi rebaixado com a última posição, em 2017-18. Anteriormente, o clube da Campânia, que volta a fazer companhia aos vizinhos napolitanos, já tinha surpreendido com os acessos inéditos às duas primeiras divisões italianas.
Apesar da volta do Lecce para a segundona, o sul da Itália terá mais representantes na próxima Serie A do que em 2019-20. Além do tradicional Napoli e do já citado Benevento, o Crotone também retorna à elite. Ainda sob o comando dos irmãos Vrenna, que já foram questionados por uma suposta associação a um braço da ‘Ndrangheta, maior organização mafiosa do país neste momento, o clube calabrês disputará a primeira divisão após dois anos na Serie B. Muito disso se deve ao trabalho do técnico Giovanni Stroppa.
Stroppa é uma autêntica cria de Milanello. Como jogador, surgiu no final dos anos 1980, quando foi reserva de Roberto Donadoni na formação revolucionária de Arrigo Sacchi. Nas vestes de treinador, iniciou nas categorias de base do clube rossonero, em 2006. O lombardo já teve uma breve experiência na Serie A com o Pescara, quando foi escolhido para ser o sucessor de Zdenek Zeman, em 2012, mas não obteve sucesso. Apesar da pequena experiência nos bancos dos maiores palco sdo futebol italiano, está mais do que confirmado para a próxima temporada.
O Crotone teve duas épocas na elite. Disputou a primeira campanha de sua história em 2016-17, quando viveu a emocionante fábula de Davide Nicola: em homenagem ao filho falecido, ele atravessou a Itália de bicicleta após garantir a permanência. Após o rebaixamento de 2018, os squali tiveram uma vida difícil na segunda divisão. Stroppa iniciou a temporada 2018-19, foi demitido depois de nove rodadas, e retornou à Calábria depois de dois meses, em dezembro de 2018. O treinador pegou o time na zona de rebaixamento, conseguiu livrá-lo do descenso no segundo turno e seguiu no cargo.
Neste ano, novamente teve um início complicado à frente do Crotone. Contudo, dessa vez Stroppa recebeu a confiança a diretoria e começou a colher os frutos em dezembro. Quando o campeonato foi retomado após a pausa de inverno, o time pitagórico já começava a despontar na primeira parte da tabela e manteve a toada com uma boa sequência a partir de fevereiro. Foram 13 jogos de invencibilidade entre as rodadas 25 e 37 – só perdeu na última partida da Serie B. Depois de, inicialmente, disputar a vice-liderança com o Pordenone, a formação calabresa se consolidou na segunda posição e garantiu o acesso com duas rodadas de antecedência.
O elenco que Stroppa tinha à disposição era modesto até mesmo para a Serie B, sem grandes estrelas. Apesar disso, alguns jogadores chegaram a disputar a primeira divisão pelos rossoblù. Gente como o veterano goleiro Cordaz e os meio-campistas Benali, Crociata e Barberis – este último optou por seguir na segundona com o Monza.
Outro jogador com histórico de Serie A que também participou da campanha do Crotone é o ex-volante e hoje zagueiro Marrone, antiga promessa da Juventus e líder do sistema defensivo de Stroppa. Na ala esquerda, Mazzotta voltou ao clube e também ajudou com sua busca incessante pela linha de fundo, de onde costumava mirar o gigante Simeon Nwankwo, ou simplesmente Simy, de 1,98m. O nigeriano, que já marcara dez gols na primeira divisão pelo clube, se tornou o primeiro jogador africano a ser artilheiro de um Campeonato Italiano profissional em 2019-20: anotou 20 vezes na Serie B.
A campanha do Crotone ainda teve o toque brasileiro dado por Junior Messias, que teve uma participação importante no returno e virou titular do time. Natural de Belo Horizonte e formado no Cruzeiro, ele nunca jogou profissionalmente no Brasil e foi morar com o irmão em Turim. Por quatro anos, trabalhou como entregador de uma loja de eletrodomésticos e jogou de forma amadora em um clube da cidade. Descoberto em 2015 por Ezio Rossi, então treinador do Casale, assinou com o clube da quinta divisão e teve participação decisiva no acesso para a Serie D.
De lá, seguiu na província de Turim, em Chieri, onde se destacou na quarta divisão e chamou atenção da Pro Vercelli, que não conseguiu registrá-lo na Serie B em 2017 por ser extracomunitário. Messias então retomou sua carreira pelo Gozzano, onde conquistou a promoção para a Serie C em 2018. Um ano depois, aos 28 anos, veio o contrato com um time da segunda divisão, o Crotone. Ponta de origem, foi adaptado como mezzala e contribuiu com sua canhota: foram seis gols e seis assistências em um novo acesso, agora para a elite.
Depois de bater na trave do acesso em cinco oportunidades, na sexta o Spezia finalmente conquistou o tão sonhado acesso para a elite – e, por isso, merece um capítulo à parte aqui. O clube da Ligúria nunca disputou a Serie A no seu formato original, de pontos corridos, porém já foi campeão italiano: em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, em um período em que o Belpaese foi destruído e dividido pelo regime fascista de Benito Mussolini, conquistou o Campeonato da Alta Itália, torneio disputado entre os times do norte e do centro do país.
Na época, com a Serie A suspensa, muitos jogadores nos campos de batalha, técnicos judeus precisando se esconder dos nazifascistas e as cidades devastadas por bombardeios, os clubes recorreram a parcerias para voltarem à atividade no meio da guerra. O Spezia, por exemplo, contou com o apoio do Corpo de Bombeiros, e bateu na final simplesmente o Torino, grande equipe da época – e que foi patrocinado pela Fiat nesse torneio, além de ter ganhado o reforço do lendário Silvio Piola em um time que já era a base da seleção italiana e acabou destruído no desastre de Superga, cinco anos depois.
Apesar de a conquista não ter sido válida pela Serie A, o Spezia, depois de uma longa batalha legal, teve o título nacional reconhecido pela federação seis décadas depois, mas com uma ressalva: a taça, apesar de oficial, não era equiparável ao Campeonato Italiano. Com muito orgulho, o clube estampa nos seus uniformes um scudetto honorário em referência à conquista de 1944, quando os aquilotti foram comandados pelo lendário ex-jogador e treinador Ottavio Barbieri. Depois de um longo parêntese, após 76 anos, o clube lígure tem a oportunidade de jogar a primeira divisão.
Para entender o feito dos aquilotti, contudo, é preciso explicar a trajetória do clube nos últimos anos. Comprado por Gabriele Volpi, bilionário de origem lígure e naturalizado nigeriano, o Spezia estava na quarta divisão em 2008, quando precisou ser refundado por causa de problemas financeiros. Empresário do ramo de logística, Volpi consolidou o seu patrimônio ao prestar serviços para empresas petrolíferas na África desde os anos 1970.
Em 2000, Volpi começou a se aventurar no esporte com a Pro Recco, tradicional clube de polo aquático de sua cidade – e maior vencedor de scudetti na Itália (33) e títulos no mundo (62). Oito anos depois, entrou no futebol com o Spezia, liquidando dívidas superiores a 40 milhões de euros, e seguiu na Croácia pelo Rijeka, em 2012. Volpi, contudo, já não é mais proprietário do clube croata há dois anos, quando o vendeu ao parceiro Damir Miskovic. Já investigado por imigração ilegal, o bilionário é responsável por um clube de formação em Abuja, capital nigeriana, que já levou jovens como Sadiq Umar, Abdullahi Nura e Theophilus Awua para a Itália.
Seu mais novo investimento é a Arzachena, equipe da Sardenha que não conseguiu completar sua inscrição para a Serie C em 2019 e foi refundado por Volpi, recomeçando da Serie D. De qualquer forma, é o Spezia o seu verdadeiro foco – e o nosso também aqui. Os spezzini foram campeões do seu grupo na Lega Pro em 2011-12, e também faturaram a copa e a Supercopa da categoria, retornando à Serie B naquela temporada.
Depois do primeiro ano na segunda divisão, e com investimentos pontuais de Volpi – inclusive com jogadores dos seus clubes na Croácia e na Nigéria, além de parcerias na Espanha – o Spezia se consolidou como um dos times na briga pelo acesso. Contudo, nunca tinha conseguido superar o turno preliminar ou a semifinal dos playoffs até 2019-20, quando teve a melhor campanha da sua história na temporada regular, concluída com a terceira posição. Nesse meio tempo, o time também surpreendeu na Coppa Italia, quando eliminou a Roma nas oitavas de final, em 2015-16.
Para consolidar a trajetória do seu time, Volpi deu confiança a Guido Angelozzi, executivo que já passou por Catania, Perugia, Lecce, Bari e Sassuolo – este entre 2015 e 2018, período em que os neroverdi chegaram à Liga Europa. Para esta temporada, o diretor de futebol resolveu apostar em Vincenzo Italiano. Bom volante nos anos 1990 e 2000, quando defendeu Verona, Chievo e Padova, virou treinador e conseguiu trabalhos de destaque por Arzignano, na Serie D, e Trapani, com o qual subiu para a Serie B em 2018.
De origem siciliana, Italiano nasceu em Karlsruhe, na Alemanha, e voltou para a terra da sua família, onde cresceu no futebol justamente pelo Trapani. No Spezia, encontrou um projeto ambicioso, com jogadores com passagens na Serie A, como Terzi (Bologna, Siena e Palermo); Scuffet (Udinese), que retoma a sua carreira como um dos melhores da posição na última temporada; Vitale (Napoli e Livorno); Mora (Spal), Ragusa (Genoa, Sassuolo e Verona); Di Gaudio (Carpi e Verona) e Galabinov (Genoa).
Entre outros destaques, os bianchi têm alguns jovens formados em clubes tradicionais, como o atacante Gyasi, artilheiro do time nesta temporada e autor do gol decisivo para confirmar a vaga na Serie A. Nascido em Palermo, é filho de ganeses e foi revelado pelo Torino. Além dele, o Spezia tem um quarteto romanista, com os irmãos Ricci (o volante Matteo e o ponta Federico, classe 1994) e os zagueiros Capradossi (1996) e Marchizza (1998).
A equipe da Ligúria também produziu pratas da casa, como o lateral-direito Vignali e o volante Maggiore, que teve participação direta no acesso. Hoje com 22 anos, foi criado em La Spezia e registrado pela primeira vez no clube da cidade aos seis anos. Com uma breve passagem pela base do Milan, foi revelado no time principal do Spezia em 2016 e desde então é titular da equipe. Volante com boa técnica, deu o passe para Gyasi no gol do acesso na final, contra o Frosinone, e marcou o de empate na semifinal, contra o Chievo, antes da virada para 3 a 1.
Para chegar nos playoffs, contudo, o time de Italiano e o próprio treinador passaram por maus bocados: foram cinco derrotas nos seis primeiros sete jogos. Em 30 de setembro de 2019, após derrota em casa para o Trapani por 4 a 2, os torcedores pediram a cabeça do técnico. A última chance, teoricamente, seria contra o Benevento, e nova derrota em casa. Mas, apesar de segurar a lanterna do campeonato, Angelozzi confiou no trabalho do ítalo-alemão e garantiu na época: “Italiano fará uma grande campanha e iremos para os playoffs. Digo isso hoje, quando somos os últimos”. Dito e feito: os bianchi emendaram sequência de 13 jogos de invencibilidade, somaram 61 pontos em 38 jogos e tiveram a terceira posição assegurada.
O Spezia será o 68º clube na disputa da Serie A. O clube precisará superar um histórico complicado desfavorável: dos sete novatos no século 21, somente três conseguiram a permanência no primeiro ano. Além do Crotone, rebaixado na segunda campanha, apenas Siena, em 2002 – embora hoje esteja afundado nas divisões inferiores e prestes a ter uma nova refundação –, e Sassuolo, em 2013, conseguiram estabilidade na primeira divisão. Se Treviso e Carpi naufragaram depois das suas experiências, Frosinone e Benevento conseguiram retornar.
Além do Spezia, terceiro colocado na temporada regular, a fase final para definir o terceiro promovido para a Serie A contou com as presenças de Pordenone, Cittadella, Chievo, Empoli e Frosinone. Uma grata surpresa da temporada, o Pordenone bateu na trave pelo acesso justamente na sua temporada de estreia na segunda divisão e buscava um feito até hoje conquistado somente pelo Benevento – um estreante na Serie B que conseguiu o acesso imediato à primeira divisão.
Comandado pelo veterano treinador Attilio Tesser, o time friulano teve bastante estabilidade dentro da zona de classificação da competição, inclusive com um período significativo no segundo posto da tabela. Contudo, o elenco curto limitou as alternativas na formação e a equipe neroverde perdeu força na reta final, embora ainda tenha concluído as 38 rodadas no quarto lugar, que rendeu uma vaga direta na semifinal dos playoffs.
No seu caminho, contudo, estava o Frosinone, recém-rebaixado da Serie A e que também frustrou os planos de outro time que, seguia a sina do Spezia – chegar forte na briga pelo acesso inédito e nunca conseguir. Com elenco 100% italiano, menor folha salarial da categoria e comandado há cinco anos pelo técnico Roberto Venturato, o Cittadella foi o quinto colocado na temporada regular e, mais uma vez, foi derrotado no turno preliminar dos playoffs. Os grenás subiram da terceirona em 2016 e pararam no mata-mata pela quarta temporada consecutiva.
Já a equipe do Lácio, treinada por Nesta, teve um ano abaixo da expectativa, porém por muito pouco não conseguiu a promoção. Nesse caso, o obstáculo para o Frosinone foi o Spezia. Por causa da melhor campanha no torneio, conseguiu a vaga na elite após o empate no placar agregado: após vitórias por 1 a 0 dos visitantes, com festa dos lígures em casa. Apesar da derrota e da falta da torcida na arquibancada, os jogadores spezzini festejaram a conquista histórica com os torcedores no alambrado do estádio Alberto Picco, enquanto os gialloblù, com a segunda maior folha salarial da Serie B, só puderam lamentar.
O Spezia também deixou pelo caminho Chievo e Empoli, também recém-rebaixados da elite e que contavam com quinto e quarto maiores investimentos da categoria, respectivamente. Após um péssimo início na Serie B, as equipes fizeram campanhas de recuperação no returno, mas terão de amargar a segundona por pelo menos mais um ano.
A situação é bem complicada para a dupla, já que os elencos têm jogadores caros, como Obi, Giaccherini e Djordjevic pelo Chievo ou Antonelli, Stulac e Mancuso pelo Empoli. Ademais, os times não se beneficiarão da cláusula paraquedas da Liga da Serie A, que garante aos rebaixados uma compensação financeira no primeiro ano pós-queda, no intuito de amortizar os efeitos da perda de receita dos clubes pelo descenso à segundona.
Em uma competição tão equilibrada, naturalmente as diferenças na classificação são pequenas. Apenas nove pontos separaram o 8º e o 16º colocados. Empoli e Frosinone conseguiram suas vagas nos playoffs, mas o Pisa, que teve os mesmos 54 pontos – além do mesmo número de vitórias, empates e derrotas –, ficou de fora. Ainda que tivesse melhor ataque e mais saldo de gols, o time toscano não conseguiu seu lugar em virtude dos confrontos diretos, que eram os critérios de desempate do torneio.
A maior decepção, contudo, vem da Campânia. Administrada por Claudio Lotito e satélite da Lazio, a Salernitana sempre inicia as temporadas cheia de expectativa, mas nunca cumpre seus objetivos. Além de ter um dos elencos mais caros da Serie B, o clube também apostou no homem mais odiado do futebol italiano: Gian Piero Ventura, bastante experiente na competição. Depois de um período na zona do playoff, as duas derrotas nas três rodadas finais foram fatais e empurraram a equipe para a 10ª colocação.
Já o Venezia, rebaixado no playout da última temporada e salvo pela falência do Palermo, iniciou 2019-20 com dificuldades. Inclusive, novamente na briga contra o rebaixamento. Com um grupo talentoso de antigas promessas da Inter e do Torino, a formação arancioneroverde fez uma boa campanha no retorno do campeonato após a paralisação por causa da pandemia e conseguiu terminar em uma posição estável. O mesmo valeu para a Cremonese, que também iniciou a época pensando em brigar pelo acesso e só se livrou do caos na reta final, graças a uma invencibilidade de oito jogos.
As posições finais de Virtus Entella e Ascoli, 13º e 14º colocados, não foram exatamente uma surpresa, porém a grande queda de rendimento no returno sim. Até a parada de inverno da Serie B, a dupla estava na zona de classificação para os playoffs: o Entella, inclusive, vinha muito bem posicionado e com uma boa pontuação, enquanto o Ascoli, cheio de jovens talentos, também sofreu um “apagão” na segunda metade do torneio e, por muito pouco, evitou o playout.
De volta à segunda divisão em 2018-19, após 15 anos distante, o Cosenza fez outra campanha de recuperação e, apesar dos investimentos super modestos, conseguiu a façanha de obter a permanência direta mesmo com um dos elencos mais baratos da competição. Depois de sofrer oito derrotas em dez jogos entre janeiro e março, o time virou a chave no retorno, em junho, e conquistou sete vitórias nos dez jogos finais – cinco delas de forma seguida e muitas com a marca do atacante martinicano Rivière, ex-flop de Monaco e Newcastle.
Outras decepções foram Perugia e Pescara, inicialmente candidatos à briga pelo acesso. Enquanto o clube umbro realmente chegou a figurar na zona dos playoffs até a primeira metade do campeonato, a equipe dos Abruzos sempre esteve na parte de baixo da tabela e conseguiu sua salvezza justamente contra os biancorossi, após vitória nos pênaltis no playout, em pleno Renato Curi. Curiosamente, o Perugia era treinado por Massimo Oddo, tetracampeão mundial em 2006 e ex-comandante do Pescara no último acesso do clube, em 2016.
Por sua vez, o Trapani chegou a ter melhor campanha em campo do que Pescara e Perugia, porém os dois pontos deduzidos pela federação por falta de pagamento de salários foram fatais. Mesmo com as seis vitórias nos dez jogos finais da competição, no pós-lockdown, os granata voltaram para a terceirona. Assim como o clube siciliano, a Juve Stabia também veio da Serie C e já retornou para a terceira divisão. Por fim, o Livorno teve um ano para ser esquecido, com 27 derrotas em 38 jogos e o rebaixamento antecipado na 33ª rodada. Ocuparão os lugares dos rebaixados Reggiana, Reggina, Vicenza e o Monza de Silvio Berlusconi, desde já favorito a um inédito acesso à elite.
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