Trivela
·06 de outubro de 2020
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·06 de outubro de 2020
Mario Götze estava na pista, como dizem os jovens (de 40 anos atrás). Sem contrato com o Borussia Dortmund, tinha liberdade para escolher o seu destino e duvido que muita gente apostaria que esse destino seria o PSV. No entanto, atraído pela possibilidade de trabalhar com o compatriota Roger Schmidt, o autor do gol do último título mundial da Alemanha comprometeu os próximos dois anos da sua carreira com o clube holandês.
Schmidt nunca treinou Götze, mas é um respeitado profissional do futebol alemão. Foi campeão pelo Red Bull Salzburg, o que costuma valer um tíquete quase automático para trabalhar na Bundesliga, e conduziu bons três anos do Bayer Leverkusen antes de encher os cofrinhos na China comandando o Beijing Guoan. Retornou à Europa como a grande novidade do PSV para tentar retomar o título das mãos do Ajax – a última temporada ficou vaga por causa da pandemia.
“Graças ao nosso treinador, Mario começou a se interessar pelo PSV”, explicou o diretor-técnico do time de Eindhoven, John de Jong, ao site oficial. “No final das contas, ele se tornou a grande oportunidade que esperávamos. Estamos muito orgulhosos por ele ter escolhido o PSV”.
Götze acrescentou que teve algumas conversas “agradáveis” com Schmidt. “Comecei a pensar cada vez mais seriamente em dar um passo para a Holanda. Era tudo do meu jeito neste verão, mas sou uma pessoa emocional e podia tomar a decisão que quisesse. Estou pronto para um desafio completamente diferente”.
Realmente diferente. A carreira de Götze se limitava ao futebol alemão – e a apenas dois clubes. Subiu ao profissional pelo Borussia Dortmund como uma das grandes promessas do país e tinha o hábito de cumpri-las semana após semana. Causou irritação à Muralha Amarela ao acertar com o Bayern de Munique às vésperas da final da Champions League entre os dois clubes, em 2013, e, embora tenha tido seus momentos na Bavária, nunca explodiu como se esperava.
Em 2016, as rusgas foram enterradas pelo retorno do filho pródigo ao Borussia Dortmund, mas, em poucos meses, descobriu-se que Götze tinha um sério problema de metabolismo, que o deixava mais propenso a ganhar peso, causava fadiga e desordens musculares, e poderia ajudar a explicar sua queda de rendimento.
Passou sete meses sem jogar. Recuperado, teve duas temporadas razoáveis, com destaque para o segundo turno da Bundesliga de 2018/19, mas foi praticamente colocado de lado por Lucien Favre na última campanha. Três anos mais ou menos parecidos: um brilhareco aqui, outro brilhareco ali, mas nunca com muita regularidade. Por isso, esses próximos dois anos no PSV podem ser interessantes e até mesmo determinantes para a parte final da sua carreira.
Götze ainda tem 28 anos e assinou contrato por duas temporadas. Ainda tem idade para mais uma tentativa nos grandes palcos, se for o seu desejo. E se for, pode aproveitar o nível técnico mais baixo da Holanda para ganhar confiança, física e técnica, reencontrar a regularidade e tentar emplacar uma longa sequência de boas atuações. Isso seria mais difícil no Hertha Berlim, por exemplo, outro clube em que foi muito especulado e tem grandes ambições para o curto prazo, além de mais concorrência e de disputar uma liga mais forte.
Ao PSV, é um negócio que parece muito bom. Sem taxa de transferência por um jogador com experiência em todos os maiores desafios do futebol – inclusive prorrogação de final de Copa do Mundo. Ele se junta a Marco van Ginkel, em sua terceira passagem em Eindhoven emprestado pelo Chelsea, também confirmada nesta terça-feira, e mesmo na versão mais apagada dos últimos três anos, tem tudo para ser uma das grandes atrações da Eredivisie.
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