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·09 de janeiro de 2020
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Quando falamos do bom futebol nos estádios nipônicos, é impossível não associa-lo a jogadores brasileiros. Pode-se dizer que se o esporte é uma das maiores paixões do país e boa parte dessa condição se deve por conta de todo um desempenho da Seleção Brasileira que iluminará, não somente o Japão, mas também o mundo, no século XX.
Diversos atletas do Brasil deram a sua contribuição na composição do futebol japonês. Entre os principais está Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Porém, a grande estrela da Seleção da década de 70, não foi a única peça a se destacar. Sobretudo, outros atletas também deixaram sua marca na Terra o Sol Nascente, entre eles, Alex Santos, Marcus Túlio Tanaka e um em especial, Ruy Ramos.
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A paixão por futebol de Ruy Ramos veio desde sua infância, na cidade de Mendes, no interior do Rio de Janeiro. Posteriormente, sua história de superação o auxiliou para que na vida adulta alçasse grandes vôos. Isso por que aos 10 anos de idade, o pequeno garoto se mudou junto a sua família para São Paulo, após a morte de seu pai.
Na capital paulista, fez diversos bicos para ajudar nas despesas de casa. Sobretudo, o futebol não demorou a aparecer em sua vida. Nesse ínterim, logo o jovem se arriscou em abandonar os estudos e passou a se dedicar a equipes amadoras. A principio, atuava no Black Power, time tradicional do bairro do Ipiranga. Porém mais tarde, defendeu o Saad, de São Caetano, que militava nas divisões inferiores do futebol paulistano.
Podemos dizer que Ruy Ramos foi um talento que passou longe do estrelato no Brasil, mas com seu potencial esforço virou lenda no Japão. Após completar 20 anos, recebeu um convite de um amigo para trabalhar no Grupo Yomiuri, onde permaneceu até o ano de 1996. Ainda, teve uma passagem curta pelo Kyoto Purple Sanga, em 1997, mas retornou ao clube anterior no mesmo ano.
O homem que permitiu que os japoneses sonhassem com a Copa do Mundo, tinha como intuito passar apenas dois anos no país, juntar uns trocados e retornar a São Paulo. Em entrevista à Folha de S. Paulo do ano de 1995, falou sobre o seu principal motivo a ter optado pelo futebol no Japão. Sobretudo, declarou a intenção de ajudar familiares.
“Tem gente que vem e não diz o motivo. Não tenho vergonha: vim por causa do dinheiro, para ajudar a minha família” – Trecho de sua entrevista a Folha de S.Paulo em 1995
Entretanto, ao se transformar no artilheiro e líder em assistências da Liga Japonesa, seu humilde objetivo, felizmente, acabou por não ser concretizado. Logo se naturalizou japonês e passou a atuar pela Seleção Nipônica.
Com todo seu desempenho, chegou a Seleção Nipônica em 1989, quando deu seu primeiro passo para a naturalização japonesa, após 12 anos no país. Logo começou a ser convocado. Posteriormente, atuou entre os anos de 1990 a 1995. Na academia, disputou 32 partidas e marcou apenas um gol. Esteve presente nas Eliminatórias para as Copas do Mundo de 1990/94.
Pouquíssimos jogadores tinham o impacto do camisa 10, idolatrado pelos torcedores de Tóquio. Seu talento com a bola nos pés, aparecendo muito ao ataque para marcar gols, se somava ao espírito extremamente competitivo. Aos 37 anos, ficou muito perto de disputar o Mundial dos EUA, no qual seria o terceiro jogador mais velho da competição, caso o Japão se classificasse. Porém, o gol do iraquiano Jaffar Omran Salman, no final do jogo, arruinou os planos japoneses de disputar sua primeira Copa.
De antemão, sua redenção não aconteceu de instantaneidade. Anteriormente ao êxito, o atleta enfrentou diversas dificuldades no novo país, como a adaptação ao novo idioma, a mudança de posição no campo, de zagueiro para atacante, e também um gancho de um ano. Todos esses empecilhos, foram sofridos pelo jogador, antes de chegar a glória.
Após toda a negativa, enfim a carreira de Ruy decolou no Japão. Primordialmente, o casamento com Hatsune Ramos, ajudou em sua adaptação. Simultaneamente, liderou o Yomiuri em três títulos do Campeonato Japonês e da Copa do Imperador.
Já a primeira glória com a seleção nipônica aconteceu na Copa da Ásia de 1992. Titular absoluto da equipe, o camisa 10 teve participação fundamental na conquista do torneio continental, a primeira da história do país. Repetia a parceira de sucesso com o lendário Kazu Miura, que voltou do Brasil em 1990 e também se tornou protagonista do Yomiuri.
Era outubro de 1993, quando Ruy Ramos viveu sua grande frustração com a seleção japonesa. Eventualmente, os Samurais Azuis eram favoritos nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, porém sucumbiram, no mais lembrado desastre da equipe nacional, eternizado como a “Agonia de Doha”.
Durante a última rodada do hexagonal final, os japoneses dependiam apenas de si para se classificarem ente ao Iraque. Após abrirem vantagem duas vezes no placar, porém, tomaram o empate por 2 a 2 aos 45 do segundo tempo. Desse modo, a garantia inédita em Mundiais escapou pelo dedos. Os asiáticos classificados foram a Coreia do Sul e a Arábia Saudita.
Após todo imprevisto, ao menos em seu clube, a felicidade de Ruy Ramos continuou plena. Também em 1993, uma nova era se iniciou no Campeonato Japonês. Tratava-se da J-League, que haverá de ser fundada, levando a estruturação do esporte no país a um nível superior.
Sobretudo, o Yomiuri foi rebatizado como Verdy Kawasaki, mas, ainda assim, continuava como grande potência nacional. Nas duas primeiras edições da liga reformulada, o brasileiro voltou a colocar a faixa no peito, bicampeão nipônico. Seu time derrotou o Kashima Antlers de Zico na decisão de 1993, e no ano seguinte, superou o Sanfrecce Hiroshima