SAF do Atlético-MG recebe investimento de fundos suspeitos de ligação com o crime organizado | OneFootball

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Fundos de investimentos investigados pelo Ministério Público de São Paulo, suspeitos de serem utilizados como parte de esquema de lavagem de dinheiro ao PCC, são fontes do investimento feito por Daniel Vorcaro para reter uma fatia da SAF do Atlético-MG, movimentação efetuada pelo banqueiro entre 2023 e 2024. A informação foi veiculada pelo jornal Estado de São Paulo.

De acordo com a publicação, documentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revelam que o fundo Galo Forte FIP, usado por Daniel Vorcaro para investir na SAF do Atlético-MG, faz parte de uma estrutura complexa de fundos encadeados, conhecida como “fundo sobre fundo”. Esse modelo é igual ao investigado na Operação Carbono Oculto, conduzida pelo MP-SP.

Os registros da CVM confirmam que os valores batem com investimento de R$ 300 milhões feito por Vorcaro, sendo R$ 100 milhões em novembro de 2023 e R$ 200 milhões em julho de 2024. Desde sua criação, o fundo Galo Forte investe exclusivamente na Galo Holding SA, empresa criada para adquirir o controle da SAF do clube mineiro.

Com o investimento, Daniel Vorcaro adquiriu 26,9% de participação na Galo Holding SA. A empresa ainda tem como investidores Rubens e Rafael Menin, com 55,7%, Ricardo Guimarães, que detém 8,4% e outros 9% estão detidos pelo FIGA (Fundo de Investimento do Galo), com participação de Renato Salvador e aportes de diversos torcedores. Até o momento, nenhum dos demais sócios da Galo Holding são investigados.

Para chegar à SAF, o dinheiro passou por diversos fundos, seguindo um fluxo complexo. No topo da estrutura de fundos estão Olaf 95 e Hans 95, que investem no Alepo, que investe no Maia, que por sua vez investe no Astralo, e, por fim, no Galo Forte FIP. Esses fundos são geridos pela Reag Investimentos, prestadora de serviços administrativos, que nega domínio sobre os recursos.

“No Brasil, a administradora de um fundo de investimento é a instituição legalmente responsável pela constituição, funcionamento e representação do fundo perante terceiros e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Ela não é ‘dona’. Adicionalmente, informamos que o negócio de prestação de serviços de administração está em negociações adiantadas para sua venda a outra empresa”, declarou a empresa em nota ao veículo.

O Banco Master, que é comandado por Vorcaro, negou qualquer relação com os fundos investigados e afirmou que o Galo Forte é de propriedade do empresário, como pessoa física.

“O Banco Master não tem qualquer relação com os fundos Hans 95 e Olaf 95. Essas estruturas não integram o grupo e não possuem vínculo societário com o Banco ou com quaisquer de seus executivos. O fundo Galo Forte FIP é de propriedade de Daniel Vorcaro, pessoa física — informação pública e amplamente divulgada na mídia, inclusive após análise do CADE. A Reag Investimentos é prestadora de serviços, assim como ocorre com centenas de outros clientes”, comunicou a instituição.

Segundo o MP-SP, os fundos investigados têm características comuns: cotistas únicos, camadas sobrepostas e estrutura voltada à ocultação da identificação do beneficiário final, o que os coloca como “um pilar central na estrutura do crime organizado sob apuração, sendo instrumentalizados para diversos propósitos criminosos, principalmente a ocultação e a lavagem de capitais”. Em agosto de 2025, a sede da Reag foi alvo de busca e apreensão.

Em nota, o Atlético-MG disse que o Galo Forte é um veículo regular e registrado na CVM, administrado pela Trustee Distribuidora de Títulos Mobiliários Ltda., e que não tem conhecimento de qualquer irregularidade.

Em relação à matéria publicada hoje pelo jornal Estado de São Paulo, o Atlético esclarece que:

O Galo Forte Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia é um veículo de investimento devidamente constituído e regular perante a Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”), sob administração da Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários LTDA.

A Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários LTDA é uma empresa igualmente registrada perante a CVM. Referido fundo figura como acionista da Galo Holding S.A., contexto no qual o Atlético não tem conhecimento de quaisquer irregularidades.