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Última Divisão

·18 de janeiro de 2024

São Bento, da coleção de camisas à paixão desmedida

Imagem do artigo:São Bento, da coleção de camisas à paixão desmedida

São 16 clubes disputando duas vagas. Um campeonato de 21 datas, de janeiro a abril. A Série A-2 do Campeonato Paulista de 2024 tem tudo para ser um torneio acirrado entre seus diversos participantes. Clubes tradicionais estão lado a lado com novas SAFs. Uma temporada intensa para todas as agremiações que estarão no segundo degrau do estado.

O estudante de medicina veterinária Rodrigo Sanches acompanhará de perto a competição. Aos 28 anos, ele é fanático pelo Esporte Clube São Bento, da cidade de Sorocaba, a 87 km de São Paulo. Uma paixão tão grande que o jovem criou a conta do Varal Beneditino no Instagram, onde reúne seu vasto acervo de camisas do Azulão.


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Sanches coleciona alguns episódios curiosos acompanhando o time interiorano – seja como gandula das partidas oficiais do Bentão ou mesmo quando emendou uma madrugada voltando de um jogo fora da sua cidade. Ele conversou com o Última Divisão sobre sua paixão pelo clube e as perspectivas da Série A-2 de 2024.

Última Divisão: Como surgiu a ideia de colecionar as camisas do São Bento?

Rodrigo Sanches: Primeiramente, sempre gostei de futebol, desde criança. Gostava de saber os nomes de times e seleções, com o tempo fui pegando gosto pelas camisas. No primeiro momento em que tive condições, comprava as camisas dos times que eu gostava. Quando percebi, já estava com umas 50 e foi só aumentando. Até chegar o atual momento onde tenho mais de 200 camisas entre times e seleções.

UD: Qual foi a maior loucura que já fez pela paixão ao clube?

RS: Na minha caminhada com o São Bento, ocorreram dois momentos bem marcantes. O primeiro foi na pandemia do Covid-19, onde não podíamos assistir a jogos no estádio e eu fiquei desesperado para assistir um jogo. Então, me inscrevi para ser gandula na Série B no jogo São Bento x Brasil de Pelotas, ganhamos de 3 a 1. Tenho a credencial guardada até hoje, é um objeto bem diferente que eu tenho na coleção e tem uma história marcante. Lembro que tínhamos de passar álcool com pano na bola e seguir todo um protocolo da Covid.

A segunda aconteceu no ano passado (2023) no jogo São Bento x Santos pelo Campeonato Paulista. Era uma quarta-feira, jogo marcado para o estádio do Canindé, mas na última hora mudaram o jogo para a Vila Belmiro. Saí do meu trabalho às 18h, de Sorocaba, e parti para Santos, minha esposa me acompanhou nessa loucura. Assistimos ao jogo, perdemos e voltamos. No mesmo dia a Rodovia dos Imigrantes estava fechada, não sei o motivo. Acabamos chegando em casa às 5h30, para ir trabalhar às 6h30 daquele mesmo dia. Foi bem complicado. Mas a gente faz loucuras quando o sentimento de torcedor bate.

UD: Como surgiu a ideia de criar a conta Varal Beneditino?

RS: A ideia de criar o Varal Beneditino veio dos encontros dos colecionadores que participo. A ideia inicial era somente mostrar a minha coleção. Depois, notei que seria possível atingir mais gente através das redes sociais e para o São Bento. Muitas vezes não consigo manter a página muito ativa. Mesmo assim, ela tem sido de grande importância porque já consegui alguns artigos para a coleção pelo Instagram, de pessoas que me chamam pela página.

UD: Da sua coleção, qual é o item mais raro ou valioso?

RS: Da minha coleção existem dois itens que são raros. A primeira é uma camisa de jogo usada na campanha para o acesso à Série B de um jogador célebre da torcida e um dos ídolos do clube: o goleiro Henal. Esse acesso é um dos maiores feitos do clube recente, o Henal é um jogador com a cara do clube. Para mim, ter uma camisa dele é um privilégio. Quero ter mais itens dele no meu acervo.

UD: Como você conseguiu a maioria das camisas do Bentão?

RS: A minha coleção de camisas do São Bento, assim como outras peças da minha coleção, as primeiras comprei em lojas ou sites. Com o tempo, fiz amizades com outros colecionadores e eles me marcam em anúncios de camisas do clube em grupos e market place de redes sociais. Essas amizades e conexões ajudam muito no mundo do colecionismo. Também acho que algo bem legal é o garimpo em brechós. Um exemplo que encontrei uma camisa do São Bento de boxe, um tipo de camisa que nunca foi comercializada. Encontrei por acaso num brechó de garagem.

Imagem do artigo:São Bento, da coleção de camisas à paixão desmedida

(Imagem: @varalbeneditino/Instagram)

UD: Em 2023, o São Bento estava na Série A-1 do Paulista e iniciou o estadual bem. Depois, acabou caindo e fez uma campanha horrível na Copa Paulista. Por que isso aconteceu?

RS: No meu ponto de vista, o time e o elenco eram muito limitados. Tendo um ou dois destaques até surgiu algum efeito num primeiro momento. Mas o grande problema foram as peças ofensivas, onde passamos as últimas seis rodadas sem balançar as redes. Tanto que caímos por conta do saldo por apenas um gol de diferença da Portuguesa, o que para mim e vários outros torcedores foi algo completamente vergonhoso.

UD: O São Bento estreou na Série A2 vencendo o Juventus fora de casa. Qual é a sua expectativa para o clube esse ano?

RS: Como torcedores temos expectativas altas. Querendo ou não, o técnico Roberto Fonseca é um treinador nível da Série B para a Séria A2 do Campeonato Paulista. Hoje, temos um diretor de futebol (Juliano Amorim) que é do meio, algo que anteriormente não tínhamos. Ele fez até o momento boas contratações, minha expectativa como todos os anos é o acesso. Pois só assim dá para buscar uma competição nacional e mais dinheiro em caixa. A Copa Paulista com os novos critérios está mais competitiva e os times mais qualificados, como aqueles que não se classificaram para a Copa do Brasil, como por exemplo o Santos.

UD: Na sua opinião, quais são as maiores dificuldades do clube na competição?

RS: A maior dificuldade, como todos os times que não têm calendário, é o entrosamento da equipe. Um time foi montado praticamente do zero em um campeonato de tiro curto. Se não der liga entre os jogadores e o técnico logo no começo, pode ser complicado. O importante é se classificar para a segunda fase. Normalmente, ninguém coloca fé no começo, mas se chegar embalado na segunda fase, ninguém segura.

UD: O clube sorocabano chegou a jogar recentemente o Campeonato Brasileiro da Série B. Como você explica o time em tão pouco tempo não estar em uma competição nacional?

RS: Sim, fomos de sem divisão nacional para a Série B. Muito rápido classificamos da D para a C já no primeiro ano, onde não iríamos participar por questões financeiras. Da Série C do Brasileiro para a B foi muito rápido o acesso. Porém, o São Bento subiu todos esses degraus sem uma estrutura concreta por trás, porque não tínhamos um centro de treinamento. Mesmo a equipe de futebol não era 100% profissional, tivemos um presidente que não ajudou a melhorar isso e fez investimentos em lugares errados com jogadores já em final de carreira.

Quem montava o elenco era o técnico que foi o Paulo Roberto. Com a saída do treinador e um departamento sem estrutura, o time foi ladeira abaixo. Não tínhamos planejamento nem estrutura competente. Poderíamos até chegar em uma Série B ou A do Campeonato Brasileiro. A grande dificuldade é se manter lá. Temos inúmeros exemplos de times que foram até a primeira divisão e hoje nem divisão de elite do seu estadual estão disputando. O São Bento está tentando mudar isso investindo no CT Humberto Reale e profissionalizando mais o clube.

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UD: Na sua opinião como torcedor, o que a Federação Paulista poderia fazer para ajudar clubes tradicionais como o São Bento?

RS: Existem inúmeras possibilidades. Eu entendo que até pela quantidade de times no Brasil poderíamos seguramente ter uma quinta ou sexta divisão. Porque ter calendário gera receita, os clubes ganham patrocínio, imagem, tudo isso. Mas precisam ter competições regionalizadas para não ter muitos gastos com viagens.

UD: O Campeonato Paulista da Série A-2 irá durar de janeiro a abril. A tendência é até diminuir as datas nos próximos anos. O que você acha disso tudo?

RS: Infelizmente, a diminuição do calendário é algo que vem se falando há muitos anos. Isso provavelmente irá acontecer. A grande mídia quer os times de massa em alta e jogos de qualidade. Então, querendo ou não, jogos de menor expressão irão sofrer com isso. Se os times não se ligarem e não tiverem um planejamento mínimo, não conseguem se manter nas principais ligas de elite. Talvez os times que tiverem um investidor forte por trás consigam uma permanência maior.

UD: No segundo semestre, clubes tradicionais como o Juventus, Portuguesa, Primavera, São Bento, entre outros não possuem um campeonato nacional para disputar. Eles acabam jogando a Copa Paulista. Na sua opinião, o que a Federação Paulista poderia fazer para que esse torneio tivesse mais visibilidade?

RS: Uma das mudanças que a CBF fez que irá mudar essa visibilidade são os critérios de vaga para a Copa do Brasil. A tendência é que times mais renomados venham jogar a competição. Outra ideia é alguma premiação para o terceiro e quarto colocado da Copa Paulista. Uma outra regra interessante seria que todos os times da Copa Paulista precisassem ter em seu time titular dois atletas vindos de suas categorias de base. Isso faria com que o surgimento de novos jogadores fosse maior, gerando mais renda para os clubes.

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