Trivela
·26 de setembro de 2022
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·26 de setembro de 2022
Jogadores da seleção iraniana atualizaram suas redes sociais com fotos pretas em solidariedade aos protestos que tomaram conta do Irã, mas o atacante Sardar Azmoun, do Bayer Leverkusen, foi mais longe. Em uma mensagem já deletada em seu Instagram, expressou explicitamente apoio aos manifestantes que estão sendo reprimidos pelas forças de segurança locais e às mulheres iranianas que estão no centro dos maiores protestos na República Islâmica em anos.
As manifestações eclodiram em quase todas as províncias do Irã mais de uma semana trás durante o funeral de Mahsa Amini, uma mulher curda de 22 anos que morreu sob custódia após ser detida pela polícia aplicando o rígido código de vestimenta imposto à população feminina do país. Manifestantes mulheres têm queimado hijabs e cortado seus cabelos em meio aos protestos. Centenas de pessoas foram presas e pelo menos 41 morreram em confrontos com a polícia, incluindo agentes de segurança.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, chamou as manifestações de “tumultos” e disse que é importante diferenciar protestos de “perturbação da ordem e da segurança pública”. Craques do passado do futebol iraniano, como Ali Daei e Ali Karimi, expressaram apoio aos manifestantes. Zobeir Niknafs, jogador do Estheglal, de Teerã, publicou um vídeo raspando sua cabeça em solidariedade. A revolta popular também transbordou para o jogo da seleção contra o Uruguai na última sexta-feira.
Azmoun, que antes havia escrito “se eles são muçulmanos, Senhor, me transforme em um descrente”, admitiu que corre o risco de ser expulso da seleção (talvez até perder a Copa do Mundo), mas que isso é o menos importante no momento: “Segundo as regras da seleção, somos proibidos de falar até o campo de treinamento terminar, mas não posso mais ficar quieto. Se for expulso da seleção nacional por isso, este sacrifício não vale nem um único fio de cabelo na cabeça de uma mulher iraniana. Vocês deveriam se envergonhar pela facilidade com que matam pessoas. Viva as mulheres do Irã!”
Segundo a ESPN, o amistoso entre Irã e Uruguai, na Áustria, inicialmente seria jogado com portões fechados para evitar que fosse usado de palco para protestos, mas torcedores acabaram sendo admitidos. A emissora norte-americana e outros veículos de imprensa foram proibidos de cobrir a partida por decisão da Federação Iraniana, convencida a recuar após intervenção da Fifa.
No último domingo, o Irã convocou o embaixador britânico para reclamar de “interferência” e de uma cobertura da imprensa que classifica como “hostil”. O país também acusou os Estados Unidos de usar os protestos para tentar desestabilizar o país. O Irã enfrenta a Inglaterra em 21 de novembro e os EUA em 29 de novembro pela fase de grupos da Copa do Mundo.