Zerozero
·24 de outubro de 2025
«Sentava-me com os meus colegas para as refeições e eles levantavam-se para irem para outra mesa»

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·24 de outubro de 2025

O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.
Já afastado dos relvados, Ricardo Esteves falou no nosso podcast sobre a última experiência que teve na carreira, no caso ao serviço dos chineses do Dalian Shide.
«Não tenho nada de positivo a dizer da minha experiência na China. É um país muito desorganizado e, no clube onde estive, os colegas eram maus. Para além disso, acabei a carreira devido a uma lesão que podia ser facilmente resolvida e que me obrigou a estar seis meses parado. Fui operado no fim do campeonato já em Portugal e tive ainda mais quatro meses de recuperação», começou por contar.
Considerando que o único aspeto positivo da sua passagem por este país foi mesmo o contrato, o antigo lateral/médio foi mais a fundo nas justificações para ter ficado com uma má imagem do país:
«Na altura, as equipas só podiam utilizar três jogadores estrangeiros, portanto a maior parte do plantel era composto por jogadores chineses. Eles sabiam que os jogadores estrangeiros iam ganhar mais do que os locais e lembro-me que, em certas ocasiões, os meus colegas já estavam à mesa a fazer refeições, eu sentava-me com eles e eles levantavam-se para ir para outra mesa. E eram meus colegas de equipa... Aquilo fazia-me confusão porque eu já tinha 32/33 anos, nunca tinha vivido aquilo noutro clube e, ainda para mais, eles praticamente não sabiam o que era jogar futebol. Não era fácil gerir aquilo, isto tendo em conta que depois tinha de ir treinar com eles.»
Por fim, a situação já descrita da lesão foi a 'gota de água'.
«Dois meses depois do campeonato ter começado, fiz um fratura no tornozelo com rotura parcial dos ligamentos. O suposto era, depois da operação, ficar dois meses e meio de fora. No entanto, lá na China nunca perceberam muito bem o que eu tinha. Só para te explicar a desorganização do país: fiz um raio-x e depois tinha de o mostrar ao médico. Quando chego à sala dele, estavam 20/25 pessoas- estilo lata de sardinhas- a esticar os papéis que tinham para que o médico os visse. Como é que alguém pode fazer um bom diagnóstico nestas condições?», questionou, assumindo que o pendurar das chuteiras foi uma inevitabilidade:
«Diziam que eu não tinha fratura, mas eu enviei os exames para Portugal e disseram-me que tinha de ser operado e colocar um parafuso. Durante seis meses, fiz acupuntura, nunca pus gesso, nunca andei de canadianas e tinha o pé sempre roxo. Parava duas semanas, tentava voltar, sentia dores e parava mais duas semanas. Fiquei seis meses sem jogar; quando voltei a Portugal já tinha o osso moído para levar parafuso e a articulação estava toda destruída. Nesta altura já tinha 34/35 anos e depois decidi parar.»
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