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·24 de setembro de 2020

Suárez se despede do Barça como uma lenda e chega ao Atleti para ser o atacante perfeito ao estilo de Simeone

Imagem do artigo:Suárez se despede do Barça como uma lenda e chega ao Atleti para ser o atacante perfeito ao estilo de Simeone

Até alguns dias atrás, se alguém dissesse que Luis Suárez vestiria a camisa do Atlético de Madrid seria chamado de louco. O Pistoleiro estava de saída do Barcelona, isso era certo, e a Juventus aparecia na frente em busca de seus serviços. Ainda assim, imaginar um dos maiores centroavantes da história blaugrana reforçando um adversário direto pelos títulos soava como algo fora de cogitação, por mais que se casasse muito bem com o estilo da equipe de Diego Simeone. O rumor ganhou peso e, diante dos indícios de que o acerto viria, nesta quarta surgiu a confirmação: Suárez irá mesmo se juntar aos colchoneros nesta temporada, em negócio sem custos ao Atleti, embora possa render bônus por objetivos cumpridos ao Barça.

Aos 33 anos, Suárez estava em seu último ano de contrato com o Barcelona. O atacante não fazia parte dos planos de Ronald Koeman na renovação da equipe e entrou em acordo com a diretoria para deixar o Camp Nou. O uruguaio abriria mão de parte de seus salários até o final da temporada, enquanto o clube não cobraria nada por sua transferência. Assim, o Pistoleiro tentou se alinhar com a Juventus, mas não conseguiu ser aprovado no processo de obter a cidadania italiana e o negócio naufragou. Foi então que o Atlético de Madrid apareceu na jogada, com o próprio Simeone entrando em contato com o astro.


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Diante do interesse do Atleti, o Barcelona ameaçou recuar, por mais que os madrilenos não fizessem parte previamente da lista de recusas dos catalães – como Real Madrid, PSG ou Manchester City. A diretoria não estava mais disposta a liberar Suárez de graça, sobretudo após as rusgas na transferência de Antoine Griezmann. Segundo o Marca, para forçar a mudança de postura, Luisito declarou que, se não fosse ao Metropolitano, recusaria todas as outras propostas que chegassem e cumpriria seu contrato até o fim. Assim, o clube resolveu não quebrar sua palavra ao jogador e se sentou para negociar com os colchoneros.

No fim das contas, o lucro dos blaugranas com o negócio dependerá do sucesso do Suárez. Os rojiblancos só gastarão se o atacante cumprir metas, em total de €6 milhões que poderão ser pagos através das variáveis. O salário em Madri será de €7,5 milhões, enquanto o Barcelona ainda pagará €10 milhões anuais ao jogador em relação ao contrato que estava no fim – cujo total anual era de €18 milhões. Por tudo o que o uruguaio representa, é um baita negócio.

Suárez deixa o Barcelona com sua história eternizada. Contratado em 2014 por €81 milhões, o centroavante compôs uma das melhores linhas ofensivas que o clube já teve. Conquistou um título da Champions e quatro de La Liga. Também foi o único jogador num período de dez anos a interromper a sequência de Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo na artilharia do Campeonato Espanhol, faturando de quebra a Chuteira de Ouro em 2016. Que se esperasse mais troféus continentais, a importância de um dos maiores centroavantes da década se solidificou no Camp Nou. Luisito anotou 198 gols em 283 partidas, terceiro maior artilheiro da história do Barça, atrás apenas de César Rodríguez e de Messi. Além do mais, contribuiu com 97 assistências, superando a marca de um tento produzido por jogo.

É verdade também que as oscilações se tornaram mais constantes a Luis Suárez durante as últimas temporadas, por mais que seus números continuassem bem mais altos que a média a outros atacantes. O centroavante alternou momentos prolíficos com incômodas secas e não conseguia ser mais efetivo com frequência nos grandes jogos. A queda física era evidente, também pelas lesões, o que atrapalhava a explosão para se tornar letal. Além disso, o próprio entorno não ajudava, num time que tantas vezes pecou pela falta de organização. No fim das contas, na necessária renovação que precisa ocorrer no Barça, o novo comando preferiu não dar créditos ao uruguaio e reduzir a folha salarial com seu adeus – o que também incomodou Messi.

Suárez terá uma conferência de despedida nesta quinta-feira, em suas últimas palavras pelo Barcelona. Antes de ser dispensado, o atacante se mostrou disposto a participar desta temporada e inclusive aceitaria ser apenas reserva no elenco. Todavia, logo receberia um telefonema de Koeman, que o descartava. Uma pena que sua última partida seja o vergonhoso 8 a 2 contra o Bayern de Munique, o ponto mais baixo a uma lenda. Mas, na sexta, já chegará o momento de olhar para frente. Começará uma nova era, com a apresentação no Metropolitano.

Pelo estilo de jogo, Suárez pode se encaixar muito bem no Atlético de Madrid. Não é um jogador que se vale da força física, mas faz o suficiente para incomodar os zagueiros e brigar por cada bola. É uma característica que será preciosa aos colchoneros. Precisa melhorar sua eficiência em relação aos últimos meses, mas sem dúvidas é um atacante para jogar por uma bola e garantir pontos aos colchoneros. Além disso, garante experiência a um elenco que também passa por um processo de renovação e que necessita de mais tarimba. Pode se dar bem com Simeone, que tornou o novo atacante sua prioridade no mercado. Cholo via no Pistoleiro o homem perfeito à sua engrenagem.

O contrato provável de uma temporada indica um risco reduzido ao Atlético de Madrid e um período probatório a Suárez no Metropolitano, para negar o seu declínio. Bola não falta ao Pistoleiro, muito menos vontade. Deve chegar com gana de dar a volta por cima, especialmente depois de ser descartado pelo Barcelona. O uruguaio pode se combinar com as diferentes alternativas ofensivas do Atleti, sobretudo com João Félix, um pupilo a absorver conhecimento. De qualquer maneira, nenhuma dupla vai ser mais interessante de observar que um Suárez-Diego Costa. Será um ataque chato de se encarar, em todos os sentidos possíveis.

A tática do Atlético de Madrid no mercado nem é nova. Simeone trouxe alguns centroavantes mais rodados para o clube ao longo da última década – como David Villa e Fernando Torres, ou mesmo o próprio Diego Costa nesta volta. Suárez é o mais velho de todos estes. Em compensação, aquele com o currículo mais respeitável e que, ao longo da carreira, conseguiu empilhar mais gols. Que as expectativas possam não se cumprir por completo, é difícil imaginar que Suárez se torne um fracasso retumbante. Um número razoável de gols o uruguaio tende a entregar.

O Atlético de Madrid vinha de uma janela tímida. Yannick Ferreira Carrasco e Álvaro Morata eram as únicas contratações para o time titular, ambos já emprestados anteriormente, e o centroavante sequer ficou diante do interesse em Suárez, aliviando o caixa após sua saída à Juventus. Luisito, em compensação, é o reforço estelar que faz crer que o time em evolução pode se tornar mais competitivo nesta temporada. Está no espírito do uruguaio este gosto de vencer. O veterano ainda precisa superar as limitações da idade e os problemas físicos, com duas cirurgias recentes no joelho. Mas, se fizer o que sabe, o Atleti já dará um salto na tabela.

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