
Central do Timão
·15 de junho de 2025
Técnico do Sub-17 do Corinthians avalia trabalho no clube e comenta sobre contatos com a comissão técnica do profissional

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·15 de junho de 2025
Na última semana, o técnico do Sub-17 do Corinthians, Raphael Laruccia, concedeu entrevista ao jornalista Luis Fabiani, na Rádio Bandeirantes. Dentro vários assuntos abordados, o profissional comentou sobre o balanço que faz no período em que está no Alvinegro – desde fevereiro de 2024. Anteriormente, ele estava no Avaí, onde foi treinador do Sub-20 e disputou a Copinha do ano passado pelo time catarinense.
“O balanço é de que foi um período muito rico profissionalmente até agora. Eu tive uma passagem, eu já vivi o Corinthians por um longo período de 11 anos, trabalhando no departamento social, no CIFAC. Tinha até um contato com o pessoal da base, de vez em quando, acompanhava alguns trabalhos, fazia alguns estágios. Cheguei perto até em alguns departamentos, mas havia algumas questões na época que acabavam sempre esbarrando e impedia que isso acontecesse. Mas eu já tenho um histórico de viver o Corinthians há bastante tempo.”
Foto: Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians
“E esse período, certamente, período de um ano e meio praticamente, certamente é o período mais rico da minha carreira, no sentido de aprendizado, de maturidade, de grande maturidade profissional. De conhecimento, de dia a dia, no clube do tamanho do Corinthians, de responsabilidade, de pressão, enfim, é tudo muito potencializado no Corinthians. Então, foi um período certamente muito rico, como você falou, sub-17, sub-20, profissional, muita coisa em pouco tempo”, iniciou.
Em seguida, foi questionado se, em algum momento, obteve contato com o técnico Dorival Júnior, do time profissional. Em sua resposta afirmou que ‘ainda não’, ressaltando que, por questão de hierarquia, que possui mais comunicação com a comissão do time principal, é Orlando Ribeiro, do Sub-20. No Sub-17, quem fazia a integração entre base e profissional era Chicão, que deixou o departamento após o afastamento de Augusto Melo.
“A gente tinha ali a figura do Chicão (ex-coordenador de transição), que era esse intermédio da base com o profissional. Obviamente pela hierarquia, o professor Orlando, que hoje é o nosso técnico do sub-20, é quem tem contato mais direto com o profissional. O Sub-17, aquela tendo um pouquinho menos de contato. Mesmo a gente tendo alguns atletas do sub-17 indo direto para o profissional, esse contato acaba tendo mais direto com o sub-20. E quando a gente tinha a figura do Chicão, era ele quem fazia esse intermédio. Então, eu me comunicava com o Chicão, que se comunicava com o profissional, e aí acontecia essa troca de informação. Então eu ainda não tive um contato mais direto com o professor Dorival, mas a gente obviamente tem referências muito boas em relação ao trabalho. Dia a dia, como o Dorival e a comissão entendem a importância da categoria de base, a gente fica muito feliz também de poder contar com o treinador no profissional que tem um respeito e um entendimento grande em relação à importância do trabalho da base” continuou.
Posteriormente, Laruccia falou sobre o que encontrou nas categorias de base do Corinthians e comentou sobre a pressão dos atletas nessa idade. Ele também falou sobre o fato do Campeonato Brasileiro ter rebaixamento a partir desta temporada, fato que, segundo ele, atrapalha a formação dos jogadores.
“Cada vez mais o Sub-17 e 20 eu vem se aproximando de uma realidade do do futebol profissional. Inclusive em termos de pressão. Hoje a gente tem um Sub-20, por exemplo, com rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Cara, eu acho que isso vai ser um fator que, no longo prazo, não vai ser muito bom com relação a formação no sentido do quanto a gente vai encorajar os nossos atletas a jogar. Hoje você vê que, por exemplo, jogos de Sub-17 e 20 até o ano passado, são jogos muito francos. E muita trocação, principalmente em clubes grandes que são clubes que querem ser protagonistas, querem propor jogo. Então, a gente teve um exemplo nessa semana agora. Nós fizemos um jogo contra o Fluminense, que foi 3×3.”
“Esse tipo de jogo, ele vai ser cada vez mais raro, porque as equipes vão jogar muitas vezes pra não perder, pra somar pontos e não ser rebaixado. E isso, indiretamente, vai tirar um pouco da coragem do nosso atleta. E o futebol brasileiro, ele sempre foi marcado pela coragem dos atletas em ousar, em ser criativo. E a gente vai, de alguma forma, perder um pouco disso. Então, assim, eu não sou favorável a essa questão do rebaixamento pro Sub-20. Pode até ser usado algum argumento de que o atleta vai se habituar ao tipo de pressão que ele vai encontrar no profissional. Mas eu acredito que não é nesse momento que ele tem que se habituar a essa pressão. Ele vai, naturalmente, quando ele ingressar no profissional, ele vai ser exposto a isso e ele vai aprender a lidar com essa pressão, quando um processo é feito corretamente. Então eu não gosto muito desse formato com o rebaixamento no sub-20. Eu acho que vai prejudicar a qualidade do jogo e vai prejudicar a formação dos nossos atletas.”
“A gente vai ter um reflexo aí na formação de talvez ter atletas com menos coragem para jogar, para arriscar, para ousar, coisa que é muito característico nos jogos de base. Então, diante desse cenário de estar muito próximo já a uma realidade profissional, o Sub-17, por exemplo, hoje a gente tem um calendário que é muito parecido com o calendário do profissional. A gente joga meio de semana o Campeonato Brasileiro, final de semana Campeonato Paulista. E isso vai se estender provavelmente até novembro, porque a tendência é que a gente consiga chegar às fases finais em ambas as competições. Você acaba tendo pouco tempo de treino e muitos jogos. Então é bom por um lado porque a exposição do atleta ao jogo, ela traz um repertório muito rico para o atleta em termos de formação.”
Raphael Laruccia vem acumulando bons números pelo Sub-17 do Corinthians. Em 2024, o Alvinegro atingiu as quartas de final do Brasileirão, onde foi eliminado para o Palmeiras, e nas semifinais do Paulistão, em que foi eliminado para o São Paulo.
“Porém, você deixa de ter tempo ao longo da semana para trabalhar alguns refinamentos que são importantes na formação. Então, seções mais técnicas e individualizadas, muitas vezes acabam sendo deixadas de lado porque você precisa trabalhar estrategicamente um jogo coletivamente. Então, existem os prós e os contras da gente ter esse calendário. É muito bom ter muitos jogos, mas ao mesmo tempo a gente precisa ter cuidado para a gente não deixar de propor conteúdo no dia a dia de trabalho para os novos atletas. Então, nós, da comissão do Su-17, eu, como líder do processo, procuro ter muito cuidado com isso na organização da nossa semana de trabalho, dos conteúdos que estão oferecidos aos nossos atletas, para que a gente consiga contemplar o máximo possível de conteúdos referentes ao nível de desenvolvimento desses atletas na categoria que eles estão inseridos.”
“Então, hoje falando de Sub-17, a gente trata com muito cuidado essa questão, então a gente tem uma atenção muito grande com refinamento técnico dos atletas, então o Miltinho, que é o meu auxiliar, ele é capitaneado ali pela minha liderança, pela minha supervisão do processo, ele desenvolve um trabalho com os atletas de refinamento técnico, de finalização, de cruzamento, de domínio, de batidas de falsa, de pênalti, isso tudo a gente tem buscado algumas fórmulas de construção. Conseguir encaixar isso melhor na nossa semana porque a gente tem uma demanda onde a gente também tem que ter um controle das cargas de treino no dia a dia. Então a gente busca fazer isso da melhor forma possível. Hoje a gente tem um formato onde a gente está implementando isso no pré-treino. “
Na atual temporada, a equipe já está classificada para a próxima fase do Paulistão da categoria, ocupando a liderança do Grupo 13 com 22 pontos (sete vitórias, um empate e uma derrota – 25 gols marcados e seis sofridos). No Brasileirão, por sua vez, o Alvinegro é o oitavo colocado com oito pontos (duas vitórias, dois empates e uma derrota – 10 gols marcados e seis sofridos).
“Então os atletas nossos tem uma rotina que eles chegam ao CT, tem o café da manhã, fazem a rotina de departamento médico, tudo que tem que ser feito. Aí eles fazem um trabalho na academia. Quando termina esse trabalho na academia, eles vão ao campo e fazem ali em torno de 15 a 20 minutos um trabalho técnico específico. Cada dia é abordado um conteúdo diferente, para um setor diferente. Então junto com o Miltinho tem o Fernando, que é da preparação física, que também está no trabalho. E aí eles fazem ali trabalhos específicos para o setor defensivo, trabalhos específicos para o setor ofensivo. E aí terminando isso a gente inicia a nossa sessão de treino principal do dia, onde a gente vai abordar os conteúdos. Mais voltado pra táticas individuais, táticas coletivas, táticas de grupo também. Então, aí a gente já é mais voltado pra questões mais coletivas e pra questões táticas individuais. A gente não vai dar tanta atenção ao refinamento técnico nesse momento. É óbvio que a gente, durante o trabalho, a gente vai cobrar alguns ajustes, algumas coisas, mas o foco ali já passa a ser o desenvolvimento coletivo individual do atleta”, finalizou.
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