Última Divisão
·23 de novembro de 2022
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·23 de novembro de 2022
O mês de novembro marcou o início da Copa do Mundo de 2022, mas também o fim da temporada da elite do futebol japonês. E se a seleção nipônica chega ao Mundial no Catar pressionada contra Alemanha, Espanha e Costa Rica no Grupo E, na J. League o Yokohama F. Marinos se consagrou: foi pentacampeão (1995, 2003, 2004, 2019 e 2022), em uma campanha onde o coletivo se mostrou mais eficaz do que um elenco com estrelas individuais.
Como de costume, a J1 teve uma temporada repleta de emoções, ótimos jogos, surpresas e decepções. Elementos que fazem os fãs de futebol japonês aguardarem ansiosamente pela temporada de 2023.
O Marinos começou 2022 como a talvez única equipe que poderia parar a sequência de título do Kawasaki Frontale. Nas últimas cinco temporadas, o time de Kanagawa venceu quatro (2017, 2018, 2020 e 2021). O único time que conseguiu combater de igual para igual com o Frontale e vencer foi o próprio Marinos em 2019.
Após o tetracampeonato, os tricolores de Yokohama tiveram um ano ruim em 2020, já que claramente abriu mão da J.League para tentar o título inédito na Liga dos Campeões Asiáticos. O plano foi frustrado nas oitavas de final, na derrota contra o Suwon Blue Wings (Coreia do Sul), que seria o campeão daquela edição do torneio.
Em 2021, o Marinos voltou a se concentrar 100% na liga nacional e ficou com o vice campeonato, mas a diferença para o Frontale foi notavelmente grande – os Golfinhos garantiram os títulos com quatro rodadas de antecedência, além de terminar o ano com 13 pontos na frente do segundo colocado (92 a 79). E para acirrar ainda mais a rivalidade, as equipes estavam empatadas em números de títulos nacionais: quatro para cada lado.
Assim, a temporada 2022 começou com a saída de três importantes jogadores no Marinos: o zagueiro brasileiro Thiago Martins (ex-Palmeiras), que foi para a MLS; o ponta esquerda Keita Endo, que foi para o Union Berlin; e o atacante Daizen Maeda, atacante da seleção que se transferiu para o Glasgow Celtic.
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Para reforçar a equipe, as principais contratações foram o zagueiro brasileiro Eduardo, um dos destaques do Sagan Tosu em 2021; o atacante Anderson Lopes, também brasileiro, que voltava para sua terceira equipe no Japão após ficar meio ano no futebol chinês; e o também atacante Takumi Nishimura, do Vegalta Sendai, uma das contrações mais certeiras do Marinos nos últimos anos.
Com o a bola rolando, a engrenagem tricolor foi se organizando aos poucos. Com as contrações, a equipe tinha agora boas opções no banco, e um revezamento entre os atletas mostrava que seria possível ter opções táticas para pressionar e surpreender os adversários. Segundo o próprio treinador Kevin Muscat, era preciso ser sólido “tanto no ataque quanto na defesa”, e era possível fazer isso com os atletas à disposição.
No fim das 10 primeiras rodadas, o Marinos já aparecia entre os três primeiros colocados. Apesar de alguns empates e eventuais derrotas, o time venceu os confrontos diretos com os favoritos Kawasaki Frontale e Kashima Anthers.
A liderança chegou apenas na 16º rodada com a vitória fora de casa sobre o Jubilo Iwata por 2 a 0, acompanhada dos tropeços de ambos os líderes. E do topo o time não saiu mais – mesmo nas rodadas mais cruciais, o futuro pentacampeão administrava bem a diferença de pontos que variavam de dois a cinco pontos durante todas as 18 rodadas restantes.
O caminho até o título poderia ter sido antecipado em pelo menos duas rodadas, mas o Marinos sentiu talvez a pressão do título e perdeu duas seguidas, justamente para times que estavam lutando contra o rebaixamento: Gamba Osaka (rodada 32) e Jubilo Iwata (jogo atrasado da rodada 27). Detalhe: as duas partidas aconteceram no espaço de quatro dias. Com os pontos perdidos e faltando apenas duas rodadas, o Yokohama chegou a ser ameaçado pelo Frontale, que fez um bom segundo turno chegando a diminuir para dois pontos a diferença mais uma vez.
Na penúltima rodada (33), o Marinos goleou sem dificuldades o Urawa Reds por 4 a 1. Já o Frontale fazia sua parte em deixar o campeonato emocionante vencendo o Vissel Kobe por 2 a 1 e deixando a decisão para a última rodada.
A matemática para era o título era simples. O Yokohama F. Marinos poderia empatar em caso de um tropeço do Frontale, mas uma vitória já garantia o título. Já para o time de Kanagawa, além de ser obrigado a vencer o Marinos tinha que perder.
No fechamento da J1, o Marinos enfrentou fora de casa o Vissel Kobe, que teve uma campanha muito ruim apesar do alto investimento – contando, inclusive, com Andrés Iniesta.
O jogo começou com uma certa tensão de final. O Marinos se preocupava mais com a defesa nos primeiros muitos de jogo, mas não demorou muito para criar suas primeiras jogadas com toques curtos no meio-campo, mudando a pressão para o Kobe – que, mesmo jogando em casa, se viu acuado perante o líder.
O placar foi inaugurado pelo Marinos aos 26 minutos com Élber, que aproveitou rebote na bola mal recuada para marcar de cabeça. O Kobe chegaria ao empate no fim do primeiro tempo com Yoshinori Muto, também de cabeça, recebendo cruzamento de Gotoku Sakai.
Mas nos últimos 45 minutos, a superioridade do Marinos fez a diferença. Takuma Nishimura, aos 8 minutos, e Teruhito Nakagawa, que saiu do banco para marcar aos 28 minutos, deram números finais a partida e sacramentar o merecido pentacampeonato: 3 a 1.
Enquanto isso, no Ajinomoto Stadium, em Tokyo, o FC Tokyo recebeu o Kawasaki Frontale. Mesmo jogando boa parte da partida com um jogador a menos, após a expulsão do goleiro Jung Sung Ryong, o time visitante superou a dificuldade numérica e venceu por 3 a 2.
Apesar da perda do título, o Frontale saiu de cabeça erguida do campo, com a certeza do bom segundo turno e ótimo resultado seguindo no topo das equipes atuais da liga. Marinos e Frontale surgem como os principais candidatos ao título de 2023, para assim escrever mais um capítulo na rivalidade atual do futebol japonês.