Torcedores do Fenerbahçe são proibidos de ir a jogo fora de casa após protestos contra o governo: “Vergonha para o futebol turco” | OneFootball

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·01 de março de 2023

Torcedores do Fenerbahçe são proibidos de ir a jogo fora de casa após protestos contra o governo: “Vergonha para o futebol turco”

Imagem do artigo:Torcedores do Fenerbahçe são proibidos de ir a jogo fora de casa após protestos contra o governo: “Vergonha para o futebol turco”

O Fenerbahçe emitiu uma segunda nota oficial para protestar contra uma decisão do Conselho Provincial de Segurança Esportiva de Kayseri que impedirá que a sua torcida entre no estádio como visitante no próximo sábado para o jogo contra o Kayserispor pelo Campeonato Turco. A medida, por “motivos de segurança”, segundo a emissora TRT Haber, foi tomada depois de torcedores do Fener pedirem a renúncia do governo do presidente Tayyip Erdogan por causa da resposta do poder público aos terremotos que devastaram o país.

Erdogan, às vésperas de uma nova eleição em que enfrentará o desafio mais difícil em suas duas décadas no poder, admitiu que a resposta ao desastre não foi “tão rápida quanto queríamos que ela fosse”, alegando que o mau tempo, estradas danificadas e a ampla área de impacto, abrangendo 10 províncias da Turquia, atrapalharam o começo das operações de busca. As mortes apenas na Turquia passaram de 45 mil pessoas, segundo a Reuters. Mais seis mil faleceram na Síria.


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Enquanto o Fenerbahçe goleava o Konyaspor por 4 a 0 no último sábado, mantendo-se na cola do líder Galatasaray na tabela da Superliga Turca, seus torcedores pediram a renúncia do governo de Erdogan, com gritos de “mentira, mentira, já são 20 anos no poder, renuncie”. No dia seguinte, o mesmo protesto esteve presente nas arquibancadas do Besiktas, em jogo contra o Antalyaspor.

Segundo a CNN, o Kayserispor, mandante da partida de sábado contra o Fenerbahçe, condenou os protestos da torcida. “A comunidade do Kayserispor está ao lado do Estado e da nação, compartilha nossa dor nacional nesses dias de desastre e é contra políticas sujas e a degradação que tentam dominar os estádios”, escreveu.

O Fenerbahçe publicou uma nota na última terça-feira dizendo que a decisão do Conselho era inaceitável. “É uma decisão estranha que nada tem a ver com critérios esportivos, de forma a aprofundar a segregação social. Não tem outro sentido senão impedir o desejo de nossos torcedores de apoiar nosso time e castigar nosso clube. O Fenerbahçe é um clube com torcedores em toda a Anatólia que apoia a equipe em todos os lados, independentemente da cidade. Queremos saber com que fundamentos nossos torcedores foram privados desde direito neste período delicado em que se espera união e integração e não divisão”, disse.

Nesta quarta-feira, em um segundo comunicado, foi mais contundente ainda. Logo no título, disse que se trata de uma vergonha para o futebol turco. Citou uma “cadeia de acontecimentos estranhos e ilegítimos que se arrasta sistematicamente há anos”. Em seguida, listou os seus motivos para discordar da decisão: unilateral, longe da razão e da lógica, falta de justiça, fere a consciência esportiva, contraria o princípio da igualdade de competição e contraria o espírito unificador do esporte.

“Essa decisão causará mais separação entre instituições e comunidades nos dias em que estamos nos esforçando para curar nossas feridas. É um dano causado não apenas ao nosso clube, mas também ao futebol turco. Os torcedores do Fenerbahçe estão sendo submetidos a uma proibição em um jogo fora de casa em seu próprio país sem motivo. Não cabe a ninguém tratar os torcedores do Fenerbahçe como criminosos em potencial”, disse o clube.

“Os torcedores do Kayserispor tenham vindo ao nosso estádio no jogo que disputamos em casa na quinta rodada. Esta decisão não se coaduna de forma alguma coma a justiça e o princípio da igualdade da competição. Anunciamos que pedimos a suspensão da execução ao Tribunal Administrativo de Plantão em Kayseri, acreditando no Estado de Direito, ‘apesar de tudo’”, completou.

As torcidas da Turquia têm um histórico de oposição ao governo de Erdogan. Em 2013, os apaixonados pelos clubes de Istambul se uniram manifestações que protestaram contra a repressão a atos pacíficos e aspectos conservadores da política pública. Em reação, o Passolig, um cadastro para acessar os estádios, tornou-se obrigatório a partir da temporada 2014/15. Uma medida que pode ajudar a coibir a violência nos estádios, mas também serve para aumentar a vigilância sobre as arquibancadas. Em um primeiro momento, diminuiu drasticamente a média de público do Campeonato Turco.

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