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·29 de novembro de 2019
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Há exatos três anos acontecia a tragédia da Chapecoense, uma das maiores na história do futebol. Em 29 de novembro de 2016, o avião que levava a delegação do clube, convidados e jornalistas para a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, caiu nas proximidades de Medellín. Assim, ao todo, foram 71 mortos e apenas 6 sobreviventes. E, como nos anos anteriores, o clube faz uma programação em homenagem às vítimas. Porém, a luta dos sobreviventes e familiares continua. Afinal, até hoje as famílias das vítimas ainda cobram da companhia aérea boliviana Lamia, que transportou a delegação na ocasião, os seguros que têm direito.
Naquele 29 de novembro os jogadores do clube catarinense embarcavam para fazer história, não só na trajetória da equipe, mas também no futebol catarinense. Isso porque o clube embarcava para enfrentar o Atlético Nacional pela finalíssima da Copa Sul-Americana 2016. Um resultado inédito para o clube do interior recém-chegado à elite do futebol brasileiro. Ainda mais depois deste feito ter sido conquistado após classificação histórica, em casa, contra o San Lorenzo, da Argentina.
Por isso, aquela foi sem dúvida uma das melhores temporadas da Chapecoense. Além de ir bem no Brasileirão (mesmo com o acidente ainda terminou em 11º, com 52 pontos), o clube fez excelente campanha na competição sul-americana. A história começou passando pelo Cuiabá-MT, depois por Ind. Medellín-COL nas oitavas, pelo Junior Barranquilla-COL nas quartas, o San Lorenzo na semifinal e iria enfrentar, em fim, o Atlético Nacional na final, e com chances de título.
Na época, o elenco do Verdão era composto por: os goleiros Danilo e Follmann; na zaga Ananias, Filipe Machado, Marcelo, Willian Thiego, e Neto; volantes Gil, Josimar, Matheus Biteco e Sergio Manoel. Já nas laterais: Dener, Gimenez, Mateus Caramelo e Alan Ruschel. O time tinha ainda os meias Arthur Maia e Cléber Santana (capitão da equipe). E no ataque Aílton Canela, Kempes, Lucas Gomes, Tiaguinho e Bruno Rangel (maior artilheiro da história da Chape com 81 gols). Além disso, o técnico era Caio Júnior.
O acidente não só vitimou jogadores, comissão técnica e diretoria, mas deixou a equipe desestruturada. Em 2017, a missão de começar praticamente do zero veio com a ajuda de outros clubes. Na época o Verdão montou elenco com bons nomes, como Wellington Paulista, Reinaldo e Apodi, além dos sobreviventes Alan Ruschel e Neto e Vagner Mancini como técnico. Outra renovação foi na diretoria que teve que ser inteiramente refeita. Apesar disso, nas duas temporadas que se seguiram logo após a tragédia, a Chape conseguiu se manter na elite do futebol nacional e até conquistou alguns bons resultados. Mas, esse ano de 2019 ficou marcado por problemas financeiros, renúncia de presidente e um futebol abaixo da média que levou a equipe novamente ao vice do catarinense, eliminação precoce da Sul-Americana e rebaixamento do Brasileiro.
Para homenagear as vítimas da tragédia o Verdão do Oeste programou, como de costume, eventos discretos, mas repletos de emoção. E a primeira ação será no Átrio Davi Barella Dávi, anexo à Arena Condá, que foi criado em homenagem às vítimas da tragédia. Assim, os familiares das vítimas irão plantar lírios da paz em um ato aberto ao público. Em seguida, será feita uma caminhada com torcedores e familiares em direção à escadaria da Catedral Santo Antônio. Lá ocorrerá uma reflexão coletiva com a participação de líderes religiosos. Além disso, as luzes natalinas da cidade serão ligadas em forma de homenagem. Ainda, durante toda esta sexta, a Arena Condá estará aberta para visitação do público.
A equipe embarcava para a Colômbia, onde jogaria a final da Copa Sul-Americana 2016. Por isso, o voo saiu com a delegação do Verdão, convidados e jornalistas, de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em direção a Medellín. Porém, a aeronave da companhia aérea Lamia, da Venezuela, teria perdido contato com a torre de controle às 22h15 (local, 1h15 de Brasília), entre as cidades de La Ceja e Abejorral, e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín.
Na tragédia da Chapecoense foram, ao todo, 71 mortos, em sua maioria jogadores. E apenas seis pessoas sobreviventes: o lateral-esquerdo Alan Ruschel, o goleiro Follmann e o zagueiro Neto, da Chape, além da comissária de bordo Ximena Suárez e o técnico de tripulação Erwin Tumiri, ambos bolivianos e, por fim, o jornalista brasileiro Rafael Henzel. No entanto, após investigação foi concluído que a queda aconteceu por falta de combustível na aeronave. Por isso, as autoridades apontam que funcionários aeroportuários e de aviação civil e da Lamia foram os culpados pelas falhas técnicas consideradas graves. Mas, apesar disso, até hoje as famílias lutam para receber suas indenizações.
Mesmo após as investigações e toda a comoção internacional em relação à tragédia da Chapecoense, as 68 vítimas brasileiras (quatro sobreviventes e 64 falecidas) até agora não receberam as indenizações. Por esse motivo o Ministério Público Federal de Chapecó entrou com uma ação civil pública para tentar reparar os danos morais e materiais em favor das famílias brasileiras. E o pedido liminar aguarda deliberação da Justiça Federal de Chapecó.
Em nota, o MPF explica que “Depois de audiência realizada na Comissão de Relações Exteriores do Senado, em 15 de agosto deste ano, representantes das vítimas do acidente formularam representação ao MPF em Chapecó apresentando novos fatos e documentos que motivaram a atuação para a defesa coletiva dos direitos dos familiares e vítimas sobreviventes, na condição de consumidores do serviço de transporte aéreo”, finaliza.
Foto destaque: Eduardo Florão