Jogada10
·07 de outubro de 2025
Tudo vai mal. Tudo…

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·07 de outubro de 2025
Caetano Veloso presenteou Roberto Carlos com uma das mais belas letras do cancioneiro popular. “Como dois e dois” é um mantra do pessimismo. O eu lírico pontua suas agruras com muita ironia. “Tudo vai mal, tudo”, lembra um trecho. Gal Costa também tomou para si a obra e, com sua voz inconfundível, eternizou os versos do conterrâneo. Tabelas e triangulações funcionam muito bem na música brasileira. No Botafogo de 2025, não. Se fosse um artista e lançasse um novo álbum nesta temporada, o Glorioso apresentaria um grande hit (a vitória sobre o Paris Saint-Germain) e inúmeras faixas irregulares, de qualidade duvidosa e com baixa aceitação do público. A turnê não contemplaria mais arenas e estádios lotados depois do sucesso arrebatador do ano passado. Muitos recitais acústicos, intimistas, sem o tesão da plateia e com bilheterias vazias.
“Como dois e dois são cinco”. Quem acreditou que 2025 seria o tempo ideal para o Botafogo reforçar a mentalidade vencedora caiu com os burros n’água. A Supercopa do Brasil e a Recopa foram atiradas no lixo, afinal, o ano, como John Textor determina, começa somente em abril. O time passou mais de dois meses sem um técnico. Eliminado nas Copas por equipes inferiores, quando poderia ir mais longe. Uma demissão irresponsável na metade da temporada e uma aposta ousada em alguém que iniciaria a carreira de treinador do zero. Desmanche do elenco e reposição com nível inferior na maioria das posições. Sócio majoritário da SAF em pé de guerra com outros acionistas e bastidores sempre agitados. A receita, passo a passo, do insucesso. Na reta final do Campeonato Brasileiro, o Mais Tradicional caminha para uma classificação culposa para a próxima Libertadores.
Para piorar, a bruxa resolveu aparecer agora. O scout do clube alvinegro, ao menos, acertou em cheio na contratação de Pantaleão, zagueiro que, infelizmente, ficará nove meses afastado dos gramados. Uma fatalidade. Barboza leva cartão amarelo todo jogo e, portanto, estará sempre suspenso. Bastos não está à disposição da comissão técnica. Davide Ancelotti recebeu a missão de se virar com a zaga suplente. O volante Danilo, outro raro golaço nas contratações, já teve duas lesões e também está no departamento médico. Montoro, que despontou como outra grande notícia, precisou ir ao Chile para disputar o Mundial Sub-20 pela Argentina. Em campo, a equipe da Estrela Solitária não consegue engatar duas boas exibições. As vitórias sempre são acompanhadas por atuações desastrosas nos compromissos seguintes.
O cenário de marasmo é tão grande que os jogadores já não se contagiam como antes. Houve, de fato, reclamações mais acintosas contra o Grêmio, há duas semanas, no Sul. Mas o time carioca teve pênaltis sonegados contra Mirassol e Internacional. Nas duas ocasiões, a pressão dentro das quatro linhas foi ínfima, sem nenhum comunicado oficial para defender a instituição e constranger os malfeitores. O treinador, por sua vez, ignora o sangue italiano e se porta como um lorde britânico. O centroavante tem a chance de botar a boca no trombone e não fala nada. A massa alvinegra já não compra o barulho de antes. O Botafogo tornou-se algo repetitivo, passivo e previsível. Se tivesse uma forma de apressar os ponteiros do relógio e chegar logo em 2026.