Trivela
·29 de novembro de 2022
In partnership with
Yahoo sportsTrivela
·29 de novembro de 2022
Conforme esperado, a coletiva de imprensa dos Estados Unidos antes da partida contra o Irã seria bastante tensa. Carlos Queiroz e os jogadores iranianos já vinham sendo questionados durante todo o Mundial sobre os temas políticos do país, diante das revoltas sociais que pedem mais direitos às mulheres e os protestos que se notam também nas arquibancadas. Já nesta segunda-feira, alguns jornalistas encheram a coletiva de imprensa americana com perguntas sobre a política externa dos EUA e outros temas distantes do futebol. O meio-campista Tyler Adams, capitão do US Team, se destacou com uma ótima resposta a uma questão bastante delicada.
Durante a pergunta de um jornalista iraniano, Tyler Adams foi cobrado por ter pronunciado o nome do Irã de maneira errada. Além disso, o meio-campista foi questionado sobre o fato de defender a seleção de um país com episódios de racismo e com um movimento como o Black Lives Matter. O jovem de 23 anos, então, teve a humildade de pedir desculpas por seu erro e enfatizou a importância da educação, para criar um ambiente multicultural.
“Peço desculpas pela minha pronúncia errada do nome do seu país. Dito isso, há discriminação aonde quer que você vá. Uma das coisas que aprendi, especialmente morando fora do país nos últimos anos e tendo que me encaixar em diferentes culturas, é que nos Estados Unidos continuamos progredindo a cada dia”, comentou Tyler Adams.
“Cresci numa família branca com, obviamente, uma herança e antecedentes afro-americanos. Tive um pouco de culturas diferentes e foi fácil para mim assimilar isso. Nem todos têm essa facilidade e a habilidade de fazer isso. Obviamente, leva mais tempo para entender. Por meio da educação, acho que isso é superimportante – como você acabou de fazer, ao me educar sobre a pronúncia correta do nome do seu país. É um processo. O mais importante é que você sempre veja progresso”, complementou o capitão.
Ao longo da coletiva de imprensa, tanto Tyler Adams quanto o técnico Gregg Berhalter fizeram questão de apaziguar o peso do discurso político. Trataram de manter o foco ao futebol e o respeito aos iranianos, mas pontuando também apoio aos jogadores e à população. “Nós apoiamos o povo do Irã e o time. Mas estamos focados no jogo, assim como eles. Será muito importante para a nossa campanha, e acho que eles estão pensando da mesma forma”, declarou o capitão.
Os membros do EUA enfatizaram na entrevista como não tinham nada a ver com a decisão da federação americana de, em suas redes sociais, suprimir símbolos religiosos na divulgação da bandeira do Irã. O episódio, com razão, incomodou os iranianos – que pediram uma suspensão de dez partidas ao US Team, com base nos regulamentos da Fifa. Outro tema que movimentou o noticiário durante os últimos dias foram as declarações de Jürgen Klinsmann, ex-técnico dos Estados Unidos, como comentarista da BBC. O alemão tentou relacionar a pressão sobre os árbitros com a “cultura iraniana” e seria amplamente rechaçado. Sobre o assunto, Berhalter preferiu não falar por “não ser relacionado à seleção americana”.