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·30 de outubro de 2025

Um Flamengo do tamanho do sonho da gente

Imagem do artigo:Um Flamengo do tamanho do sonho da gente
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Eu lembro, quando era mais novo, da torcida no estádio cantar “Libertadores qualquer dia tamo aí”, possivelmente um dos gritos mais vagos e desanimadores que um grupo de torcedores pode puxar durante uma partida de futebol.

Vago porque não diz quando, não especifica datas, não te dá qualquer pista. “Qualquer dia” pode ser temporada que vem, pode ser daqui a dez anos, pode ser na próxima geração, você está basicamente dizendo pro maior torneio do continente um “essa semana tá ruim pra mim mas vamos marcar sim, me passa seu contato?”.


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E desanimador porque é um grito que não garante, não se compromete em aspecto nenhum, deixa no ar mais uma possibilidade do que uma promessa. Tamo aí pra ser campeão, tamo aí pra pegar oitavas, tamo aí pra cair na fase de grupos enquanto um jogador fala ao vivo com a repórter? Não tem como saber, a gente só disse que bem, qualquer dia, que não sabemos quando, vamos estar aí, mas não sabemos pra fazer o que também.

Mas essa música, num certo grau, revelava um pouco o que foi, por vários anos, a relação do Flamengo com a Libertadores. Não era uma meta, não era uma obsessão, não era um projeto. Era uma realidade distante, um ambiente de visitas rápidas, um lugar onde fomos felizes em 1981 e depois nunca mais. Libertadores? Bem, qualquer dia tamo aí, a gente vai se falando, agora tá meio ruim pra mim porque tenho um compromisso com um pacote de contratações do Ipatinga e a luta contra o rebaixamento.

E vendo a equipe rubro-negra chegar na sua quarta final de Libertadores em sete anos, fica claro o quanto isso mudou, o quanto o Flamengo mudou, o quanto nós mudamos.

Mudamos graças a uma revolução financeira, que transformou um clube com conta de telefone atrasada na maior potência econômica do continente. Mudamos graças a uma geração de ouro, que fez um clube que era quase turista nas Américas a se tornar cidadão do mundo. Mudamos porque um Flamengo que sempre foi gigante, como 1981 nos lembrava, finalmente assumiu seu tamanho, sua dimensão, seu papel no futebol nacional, continental e mundial.

Porque ontem o herói foi Rossi, uma muralha portenha que pode ser vista do espaço, com reflexos de gato pra defender a bola e paz interior das tartarugas de Galápagos para repor. Mas o herói também é Filipe Luis, um homem que nasceu Flamengo, e a cada oportunidade que a vida lhe deu, escolheu ser mais Flamengo ainda. Os heróis são Bruno Henrique e Arrascaeta, últimos representantes de uma geração nos permitiu ver o Flamengo em outro patamar, um patamar de protagonismo, superioridade, vitórias e história sendo construída.

Mas também são heróis Ortiz, Léo Pereira e Danilo, zagueiros de seleção que poderiam estar em qualquer clube europeu mas escolheram vencer com o manto. Alex Sandro, monstro da lateral, Varela que conquistou o torcedor com raça e disposição. Carrascal, prova do quanto nosso nível de exigência e de contratação vem subindo e vai subir ainda mais. E o que dizer da oportunidade de viver numa era em que nosso meio campo tem Jorginho, Pulgar e Saul?

O Flamengo vai brigar pela sua quarta Libertadores, pela posição de brasileiro que mais vezes conquistou a América, pela chance de conquistar de novo o mundo, e nós temos a sorte e a alegria de ver esse Flamengo gigante, esse Flamengo vencedor, esse Flamengo que é não apenas do tamanho do Flamengo, mas do tamanho dos nossos sonhos e esperanças.

Depois de tantos anos de incertos e depressivos “Libertadores qualquer dia tamo aí” é bom demais viver numa era em que se o assunto é Libertadores nós não apenas vamos estar lá todo ano como vamos ganhar, seja de quem for, seja como for, seja no Maracanã lotado, seja no estádio argentino onde tapa na perna é expulsão. Libertadores, nós já estamos aqui, e não queremos voltar pra casa sem a nossa quarta taça.

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