Jogada10
·06 de junho de 2025
Uma seleção que ‘nasceu’ no Brasil, mas que defende outro país

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·06 de junho de 2025
Com direito a sete brasileiros, a seleção dos Emirados Árabes ficou em evidência nesta quinta-feira (5) ao testemunhar a classificação inédita do Uzbequistão a uma Copa do Mundo. Foi em jogo em casa, em empate em 0 a 0, no estádio Al Nahyan, em Abu Dhabi, pela nona rodada da fase de grupos das Eliminatórias da Ásia. Em campo, a espinha dorsal era brasileira, com Marcus Meloni, Lucas Pimenta, Luanzinho, Fabio Lima e Caio Lucas no time titular; Caio Canedo e Bruno Conceição saíram do banco.
Os Emirados, que disputaram apenas uma Copa do Mundo na história, em 1990, não avançaram diretamente, mas seguem muito vivos. E, agora, que tal conhecermos um pouco mais sobre este mini-Brasil que defende esta seleção do Oriente Médio?
Caio Lucas, que foi base do São Paulo, é um dos destaques da seleção dos Emirados Árabes. Foto: Divulgação federação dos Emirados Árabes
Um detalhe: para se naturalizar emiradense, normalmente uma pessoa que não tenha laços familiares com cidadãos locais precisa morar no país por 30 anos. No futebol, porém, pode haver uma naturalização excepcional, desde que haja interesse nacional.
A legião brazuca começa pela defesa, com o zagueiro Lucas Pimenta Ele tem 24 anos e já atua nos Emirados Árabes desde 2019/20. Fez a base no Botafogo, mas jamais jogou profissionalmente no Brasil, atuando todos esses últimos seis anos pelo Al-Wahda. Pimenta estreou pela seleção ainda em 2025, já somando três partidas por sua nova nação.
Marcus Meloni é um dos membros do septeto brazuca que defende a seleção dos Emirados Árabes. Foto: Divulgação seleção Emirados Árabes
O lateral esquerdo Marcus Meloni também de 24 anos, tem carreira parecida com a de Lucas Pimenta. Fez base no Palmeiras, mas somente estreou profissionalmente em 2019/20, atuando pelo Al Sharjah, time que defende desde então. Pela seleção, já são nove jogos, incluindo um gol.
Já o meia Luan Pereira, de 25 anos, chegou a atuar em solo brasileiro. Foi pelo Avaí, clube que o revelou, em 2017, entrando em campo 96 vezes antes de sair também para o Al Sharjah, em 2019/20. Este jogo diante do Uzbequistão foi apenas seu segundo pelos Emirados Árabes – o primeiro foi em março deste ano, na vitória sobre a Coreia do Norte por 2 a 1, pelas Eliminatórias.
O meia Fábio Lima e o atacante Caio Lucas, por sua vez, têm mais experiência. Ambos têm 31 anos e estão há mais tempo no país asiático. Lima, que passou por Atlético-GO, São Paulo e Vasco antes de ir para os Emirados, é ídolo do Al-Wasl. Afinal, já são 11 temporadas defendendo as cores do time de Dubai e 17 gols em 40 jogos pela seleção. Lucas defende o Al Sharjah desde 2019/20. Antes, teve passagem pelo Al-Ain e pelo futebol japonês. Ele também passou pela base do São Paulo.
Além dos cinco citados, dois outros jogadores “brazucas” que saíram do banco para atuar contra o Uzbequistão. O atacante Bruno Conceição, de 23 anos, entrou aos 42 da etapa final. Ele, que fez base no Novorizontino, chegou ao Al Jazira em 2019/20 e tem nove jogos pelos Emirados.
Por fim, mas não menos importante, Caio Canedo, de 34 anos. Na Ásia desde 2014/15, quando saiu do Vitória para defender o Al Wasl, recebeu a primeira convocação em 2020. Natural de Volta Redonda, o atacante também teve passagens por Botafogo (onde obteve o apelido de “Talismã”), Figueirense e Internacional, sendo, dentre os jogadores citados, o mais “rodado” no Brasil. Por lá, causou polêmica em 2019/20 ao trocar o Al Wasl pelo rival Al Ain. No entanto, retornou ao time de origem após quatro temporadas.
Caio Canedo , ex-Botafogo, defende os Emirados desde 2020. Foto: Divulgação federação dos Emirados Árabes
Apesar de perder a chance de garantir vaga direta nesta terceira fase (apenas os dois primeiros de cada um dos três grupos avançam), as chances de vermos a “seleção brasileira dos Emirados” na Copa do Mundo ainda são grandes.
Afinal,mesmo restando uma rodada para o fim desta fase, o “escrete quase Canarinho” já está com vaga assegurada na quarta fase, que é a repescagem asiática. Nessa etapa, os times que terminarem em terceiro e quarto lugar de cada grupo se enfrentam em dois grupos de três seleções. Os líderes desses grupos também se classificam diretamente para o Mundial.
Já os segundos colocados desses grupos disputarão um mata-mata final, que dará acesso à repescagem mundial, onde haverá mais duas vagas em jogo.
Ou seja, o sonho de vermos uma “Seleção Brasileira forasteira” — recheada de técnicos e atletas naturalizados — ainda está vivo.
Bruno Conceição entrou na reta final do jogo que os Emirados ficaram no 0 a 0 com o Uzbequistão, nesta 5ª feira. Foto: Divulgação federação dos Emirados Árabes