Jogada10
·30 de setembro de 2025
Vasco enfrenta exigências da Justiça para obter empréstimo de R$ 80 milhões

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·30 de setembro de 2025
A Administração Judicial conjunta, nomeada para acompanhar o processo de recuperação judicial do Vasco, se manifestou na última sexta-feira sobre o pedido do clube para contratar um empréstimo de até R$ 80 milhões. No parecer, os administradores reconheceram a urgência do financiamento para garantir a continuidade das operações. No entanto, também apontaram diversas lacunas que o clube precisa corrigir antes que a Justiça tome uma decisão. A informação foi publicada primeiro pelo “ge” e confirmada pelo Jogada10.
O Vasco, por meio de uma petição enviada à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, solicitou autorização judicial para contratar um financiamento na modalidade DIP (Debtor in Possession), no valor de até R$ 80 milhões. Conforme o documento, o clube pretende utilizar o recurso exclusivamente para despesas correntes. Isso engloba salários, pagamentos a fornecedores estratégicos e obrigações trabalhistas e fiscais, durante o processo de recuperação.
Além disso, a AJ destacou no parecer que “a operação vem se revelando estruturalmente deficitária”. Para ilustrar, citou os próprios relatórios mensais apresentados pela Vasco SAF. Segundo o parecer, em março de 2025, o clube iniciou o mês com um saldo de caixa de aproximadamente R$ 59 milhões. Já em agosto, esse valor caiu para R$ 17 milhões. Esse cenário, segundo a AJ, demonstra claramente a rápida erosão das reservas financeiras. Isso reforça a necessidade urgente de medidas concretas para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro da operação.
Apesar de admitir a urgência do pedido, a AJ criticou a ausência de um plano detalhado para a aplicação dos recursos. Essa exigência está prevista no próprio contrato de crédito. Outro ponto relevante é que o Vasco ofereceu 20% da SAF como garantia do empréstimo. Nesse caso, o estatuto do clube exige aval prévio do Conselho Deliberativo, o que ainda não ocorreu.
A administração judicial também alertou para a ausência de um laudo econômico-financeiro que atribua valor à participação acionária de 20%, oferecida como garantia. Sem esse documento, segundo o parecer, não é possível avaliar com precisão a proporcionalidade do empréstimo em relação ao valor real das ações da SAF. Por isso, a AJ solicitou a apresentação de uma avaliação independente, com valores atualizados, a fim de assegurar transparência, proporcionalidade e a preservação do patrimônio da associação.
Na semana passada, em entrevista ao ge, o vice-presidente jurídico do Vasco, Felipe Carregal, explicou que o pedido de empréstimo já estava previsto no plano de recuperação judicial. Ele afirmou que o objetivo é equilibrar as contas, já que a 777 Partners comprometeu o fluxo de caixa da SAF. Segundo Carregal, o clube vê o financiamento como essencial para evitar a venda de ativos importantes, como o jovem atacante Rayan — destaque da equipe em 2025. A venda do jogador já constava nos relatórios entregues à Justiça no início do ano.
O financiamento prevê uma carência de 12 meses e quitação em até três anos, com juros fixos de 7% ao ano, além de correção pelo CDI. O Vasco afirmou que estruturou o acordo com o apoio de consultores especializados e garantiu que a operação não compromete as principais fontes de receita do clube.
Por fim, o Ministério Público se manifestou contra a autorização do empréstimo. O promotor Gustavo Adolfo Machado Cunha Lunz argumentou que o contrato ainda não foi firmado e que os termos definitivos da operação permanecem desconhecidos. Agora, a decisão final cabe à Justiça.