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·31 de outubro de 2025

Venda do Maracanã: por que Flamengo não ganharia mais poder com a compra

Imagem do artigo:Venda do Maracanã: por que Flamengo não ganharia mais poder com a compra

A proposta de venda do Maracanã reacendeu o debate sobre o futuro do principal estádio do país. Políticos e parte da imprensa defendem a privatização como solução financeira e apontam o Flamengo como comprador natural. Mas, na prática, mesmo que a operação fosse concluída, o clube não teria qualquer nova liberdade em relação ao modelo atual de concessão.

O Maracanã é tombado em nível federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2000 e também protegido por decreto municipal desde 2002. Isso significa que, mesmo em caso de venda, o novo proprietário continuaria submetido às mesmas regras de preservação e limitações impostas à dupla Fla-Flu.


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Na prática, o tombamento impede qualquer mudança estrutural relevante sem autorização prévia. A fachada, a marquise, o anel das arquibancadas e toda a volumetria original do estádio são intocáveis. O Iphan deixa claro que a responsabilidade de manutenção é sempre do proprietário.

"A preservação e a manutenção do bem tombado continuam sendo responsabilidade de seu proprietário, independentemente de quem o detenha. Portanto, cabe a ele submeter ao Iphan os projetos de qualquer intervenção, para análise e para análise e aprovação da autarquia, disse o órgão em nota ao MundoBola Flamengo.

Mudar o dono, portanto, não altera em nada as obrigações de preservação. Afinal, o controle sobre as intervenções continuaria pertencendo ao poder público.

Além da camada federal, o tombamento municipal de 2002 abrange todo o complexo esportivo: o Maracanãzinho, o Parque Aquático Júlio Delamare e o Estádio Célio de Barros. Qualquer reforma ou adaptação nesses espaços também precisa ser analisada pela Gerência de Patrimônio Cultural da Prefeitura.

Obras como troca de piso ou asfaltamento de áreas externas, dependem de aprovação técnica, já que o conjunto é considerado patrimônio da cidade. Neste ano, Flamengo e Fluminense foram notificados após o consórcio transformar parte do Célio de Barros em estacionamento sem autorização prévia do Iphan.

Mesmo pagando bilhões, o Flamengo seguiria sem liberdade para mudar o Maracanã

A compra do Maracanã não significaria autonomia para o Flamengo. Mesmo como proprietário, o clube continuaria limitado por regras de preservação que restringem qualquer transformação profunda no estádio.

As normas de tombamento federal e municipal mantêm a estrutura original como referência intocável, e qualquer tentativa de alterar o desenho, o formato das arquibancadas ou a cobertura dependeria de autorização formal dos órgãos de patrimônio.

Na prática, o clube não poderia decidir sozinho nem sobre intervenções pontuais. Projetos como transformar o Célio de Barros em estacionamento permanente, ampliar setores ou redesenhar o entorno exigiriam parecer técnico e aprovação prévia da Prefeitura e do Iphan.

Até modificações teoricamente simples, como ajustes na marquise ou substituições no teto, entram na lista de obras que precisam de aval. Por isso, mesmo que o Flamengo desembolsasse bilhões pela compra, o controle de grande parte continuaria público.

Além dessas restrições, ainda pesaria a questão do uso compartilhado do Maracanã. O relator do projeto que incluiu o complexo na lista de imóveis passíveis de venda, Alexandre Knoploch (PL), afirmou que o Flamengo seria o “único clube com capital e torcida para manter o Maracanã de pé”.

Contudo, defende a inclusão de uma condicionante para que “os outros clubes possam usar o estádio mediante pagamento de locação”. Na prática, o “Maracanã do Flamengo” seguiria sendo um estádio tombado, compartilhado e submetido aos mesmos limites impostos à dupla Fla-Flu.

O contraste com o projeto do Gasômetro

O projeto do estádio próprio no Gasômetro apresenta um cenário mais vantajoso para o Flamengo do que qualquer possível compra do Maracanã. Enquanto o complexo tombado é avaliado em cerca de R$ 2 bilhões e continuaria sujeito a restrições de preservação e uso público, o terreno na região central oferece liberdade total de construção e gestão.

Apresentado em setembro, o plano revisado prevê uma arena com 72 mil lugares, investimento estimado em R$ 2,2 bilhões e entrega mínima em 2036. O modelo financeiro foi elaborado pela FGV Conhecimento e pela RRA Consultoria.

Além da autonomia, o Gasômetro também elimina as incertezas políticas que cercam o Maracanã. O projeto teve a obrigação de conclusão em quatro anos retirada após acordo assinado pelo clube, o que garante prazo realista e segurança jurídica.

O estádio do Flamengo é um plano de longo prazo que entrega a independência que o Maracanã jamais poderá oferecer. Além disso, o Rubro-Negro não seria impedido de usar o Templo Sagrado, mesmo em caso de venda para outro clube.

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