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·19 de novembro de 2025

Vice do Corinthians nega desvio de materiais e aponta falhas de auditoria interna

Imagem do artigo:Vice do Corinthians nega desvio de materiais e aponta falhas de auditoria interna

O vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, concedeu uma longa entrevista nesta quarta-feira, em São Paulo, e negou que tenha cometido desvio de materiais do clube. O dirigente acredita que pode estar sendo alvo de manobras políticas e apontou falhas no relatório elaborado pelo clube, o qual ele classifica como “enviesado”.

“Não esperava ver o que está acontecendo. Desde o começo tenho certeza absoluta que não cometi nenhum ato lesivo ao clube. Por respeito ao presidente e aos órgãos internos, expliquei ao Cori, provei, documentei. Ontem fiz a mesma coisa às autoridades policiais. Preciso explicar a sacanagem que estão fazendo comigo. A política faz parte, mas acabar com a reputação de uma pessoa de um dia para o outro é inadmissível”, desabafou.


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“Vivo da minha reputação, sou advogado, sem ela não consigo sustentar minha família. No Corinthians você precisa provar que é honesto. Nunca desviei um material do Corinthians, nunca houve utilização indevida, a não ser o uso quando viajo ou faço relação institucional, que é uma das obrigações da presidência. As informações são mentirosas. O relatório é falho quando diz sobre a minha pessoa, minha conduta. Eu não fui para o Corinthians para lesar o clube. É o pior momento que vivo na minha vida como pessoa”, completou o vice.

E os 131 itens?

O dirigente foi um dos principais alvos da auditoria interna realizada pelo Corinthians, que identificou irregularidades na distribuição de materiais esportivos fornecidos pela Nike. O documento dizia que Armando, apontado como pessoa responsável pela gestão dos materiais desde maio deste ano, teria retirado 131 itens adicionais, que não estariam incluídos na cota de “camisas para relacionamento da diretoria” em dias de jogos. De acordo com o relatório, entre seis e 11 camisas extras da equipe são solicitadas, em nome da rouparia, por partida, para tal finalidade.

Armando, porém, argumentou que os dados são “mentirosos”. Ele apresentou documentos, aos quais a reportagem também teve acesso, e revelou que, dos 131 itens citados, apenas 47 foram retirados por ele, seja para fins de relacionamento ou uso pessoal – as requisições, inclusive, foram devidamente justificadas e assinadas pelo dirigente.

Já os 84 restantes somente continham a sua autorização, vista por ele como uma “mera formalidade”, mas não foram solicitadas por Armando. Destes 84, 62 nem sequer saíram da custódia do clube. Os itens foram transferidos do almoxarifado do CT Dr. Joaquim Grava para o Parque São Jorge. Ele também usou um exemplo citando o ex-diretor jurídico e atual presidente da Comissão de Ética, Leonardo Pantaleão, que solicitou uma mala durante uma viagem a serviço do Corinthians e teve o pedido atendido pelo vice.

“Não desviei 131 materiais. É mentira. O item 13 do material diz isso. Não posso considerar como um trabalho sério. O relatório diz que o vice retirou mais materiais que outros dirigentes e até o presidente. Mas, cadê o comparativo? Já que diz isso, eu tenho direito de saber esse comparativo. O relatório diz que eu retirei materiais para o meu uso, mas não teve o cuidado de ler a requisição e ver que foi uma transferência de 62 materiais do CT para o almoxarifado do Parque São Jorge. Eu não sou o responsável. O responsável é o diretor administrativo. Esses materiais foram transferidos para outro local”, afirmou o dirigente.

‘Sumiço’ de auditor

Armando Mendonça, ainda, apontou outro erro do relatório. Ele disse que teve acesso ao documento no último dia 7 e identificou que três funcionários do Departamento de Tecnologia do clube haviam sido apontados como auditores do processo: Marcelo Munhoes, Reginaldo Nascimento e Luiz Fernando Monteiro de Moraes.

Na ocasião, o relatório ainda não estava assinado por nenhum deles. Armando estranhou algumas informações contidas no documento, tirou fotos no seu celular e informou o presidente do Corinthians, Osmar Stabile, que o trabalho estava “equivocado”. Dias depois, o vice recebeu um e-mail de Luiz Moraes, alegando que ele não havia participado da auditoria, como informado anteriormente. Mendonça, então, notificou extrajudicialmente Marcelo Munhoes e Reginaldo. No dia seguinte, o documento teria sido adulterado.

“No dia 4, o presidente Osmar Stabile e o Marcelo Munhoes foram ouvidos. Eles prestaram um depoimento na delegacia. Lá, ele [Munhoes] disse que entregou o relatório finalizado no dia 3. Eu pedi acesso ao relatório em conversa com o presidente. No dia 7, eu fui na sala dele [Stabile] e ele me mostrou o relatório. Eu li e tirei fotos. Estranhei algumas coisas”, disse Armando.

“Em e-mail, o Luiz negou participação no relatório. Já que me imputaram um crime, que diz que eu ameacei, constrangi, eu notifiquei extrajudicialmente. A minha notificação foi por conta disso. Isso foi no dia 10. Estranhamente, no dia 11, eu recebi o documento que foi assinado e o nome do Luiz não estava mais lá”, completou.

Ameaças

Em um dos trechos do relatório, Munhoes cita que Armando teria demonstrado “preocupação” com os rumos da auditoria. O funcionário relata que, em uma conversa entre eles, o diálogo teria assumido “caráter mais incisivo, com expressões de natureza agressiva e alusões interpretadas como ameaças“. Além disso, o diretor de tecnologia do Corinthians acusa Mendonça de ter interrompido uma reunião do clube com representantes da Nike, causando constrangimento. O vice, contudo, nega.

“Lá no relatório diz que eu interrompi uma entrevista. Isso não aconteceu. Eu não interrompi ninguém, não ameacei ninguém. Ele está imputando um crime a mim. Não posso admitir isso. Peguei o telefone e liguei para o representante da Nike. Ele negou que eu tenha causado qualquer constrangimento. Eu disse para o presidente que ele devia rasgar o relatório e jogar fora”, declarou.

Camisa com patch da NFL

Outra parte do documento pontua que Armando Mendonça teria solicitado os uniformes remanescentes do clássico entre Corinthians e Palmeiras, disputado no último dia 31 de agosto. As camisas possuíam o patch comemorativo da NFL. O dirigente explicou a situação.

“Quando terminou o jogo da NFL, pedi ao Zeca [funcionário do almoxarifado] que ele deixasse separado no almoxarifado todo o material que sobrou. Documentei isso por e-mail. Retirei oito camisas e sugeri de presentear os colaboradores do evento, por todo o esforço. O presidente disse que estava tendo uma auditoria sobre esse tema e pediu para guardar. Eu não pedi para ninguém cancelar. As oito camisas estão guardadas em uma sacola no clube, vamos destinar a colaboradores”, justificou.

Falhas de comunicação

Armando alega que, durante todo o processo de auditoria, nem ele nem Fábio Soares, diretor administrativo do clube, foram procurados para prestar esclarecimentos. O vice afirma que chegou a conversar com Munhoes e se colocou à disposição para responder a dúvidas.

“Uma das coisas mais graves que vejo nesse trabalho é que, nesses dois meses e meio, nem eu nem o Fábio Soares recebemos nenhum questionamento. Não me pediram um esclarecimento. Se tivessem pedido, esse relatório poderia ser diferente. Fizemos uma reunião de diretoria antes do relatório ser finalizado. Sentei e conversei com o Munhoes. Eu disse que não estava sabendo de nada do relatório, pedi para ele me procurar caso houvesse qualquer dúvida. Me coloquei à disposição. O Munhoes conhece a minha casa, minha família”, comentou.

Vice pede “auditoria externa”

O vice-presidente do Corinthians não reconhece o trabalho da auditoria e pede uma investigação externa, com uma empresa especializada. Ele promete que, caso seja encontrada qualquer irregularidade cometida por ele, irá renunciar ao cargo.

“Para mim, qualquer auditoria precisa ser feita por uma empresa especializada e sem viés. Se o presidente me pedisse, eu não iria fazer. Não tenho competência para isso. Uma auditoria com credibilidade precisa ser externa. Sempre pedi isso ao presidente. Se fizer uma auditoria especializada e constatar que eu desviei um grampo, eu renuncio. O Corinthians pode soltar uma nota dizendo que eu sou persona non grata. Não fui ao Corinthians para acabar com a minha vida por causa de 131 materiais. Eu fiquei muito chateado com isso”, afirmou.

Próximos passos

O presidente do Corinthians, Osmar Stabile, encaminhou o relatório elaborado pela auditoria ao Conselho Deliberativo do clube, que por sua vez enviou o documento à Comissão de Justiça para apuração dos fatos. O caso também será acompanhado pela Comissão de Ética do Timão e investigado pela Polícia Civil.

Armando Mendonça diz que já se colocou à disposição do presidente do CD, Romeu Tuma Júnior, para esclarecer dúvidas aos órgãos internos “o mais rápido possível”.

“Liguei ao presidente Tuma dizendo que gostaria de ser ouvido o mais rápido possível. Ele disse que precisa ver a questão da agenda”, informou.

“As pessoas sabem que eu sou sério. Talvez isso incomode, por interesses políticos, ciúmes, vaidade… Esse relatório só cita o meu nome, a narrativa levou a todo mundo acreditar que eu desviei material do Corinthians”, finalizou o vice.

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