Esporte News Mundo
·19 de novembro de 2025
Vice do Corinthians nega desvio de materiais e dispara: ‘Eu renuncio’

In partnership with
Yahoo sportsEsporte News Mundo
·19 de novembro de 2025

O vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, voltou a público nesta quarta-feira (19) para rebater, ponto a ponto, as acusações de irregularidades envolvendo a retirada de materiais esportivos fornecidos pela Nike.
O dirigente, que prestou depoimento à Polícia Civil um dia antes, convocou a imprensa para apresentar documentos, contestar o relatório de auditoria interna conduzida pelo diretor de Tecnologia do clube, Marcelo Munhoes, e afirmar que jamais desviou itens para benefício próprio.
“Eu nunca desviei um material do Corinthians”, declarou. “Se uma auditoria externa independente comprovar que eu desviei um grampo, eu renuncio no dia seguinte. Não piso nunca mais num jogo do Corinthians”.
Segundo o relatório entregue ao presidente Osmar Stábile, Mendonça teria retirado 131 itens entre 6 de junho e 30 de outubro deste ano sem registro formal ou autorização adequada.
O vice-presidente rejeita a acusação e diz que o documento possui erros graves. Ele afirma que, dos 131 itens, apenas 47 tiveram destino institucional ou de uso próprio em viagens e compromissos oficiais, todos acompanhados de requisições assinadas. Os outros 84, segundo ele, não foram retirados para uso pessoal e incluem transferências administrativas ou materiais solicitados por outros setores.
“Das 131 camisas, 84 não foram retiradas por mim. 62 sequer saíram do clube. Todo material que retirei está documentado”, afirmou. “Não sei por que estão fazendo essa sacanagem comigo. No Corinthians, não basta ser honesto: tem que provar que é honesto”.
Armando acusa Marcelo Munhoes de produzir um relatório com “falhas gritantes” e de não tê-lo consultado em nenhum momento durante os dois meses de auditoria. Ele diz só ter tido acesso ao documento em 7 de novembro, quando já circulava internamente.
“O relatório é falho, errado e tem algum interesse. Me atribui coisas que não fiz. Em nenhum momento fui questionado, nem por e-mail”, criticou.
O vice apresentou ainda um e-mail de um colaborador da área de auditoria, Luiz Moraes, no qual o funcionário afirma não ter participado do trabalho, apesar de seu nome constar na primeira versão do relatório. Em uma segunda versão, entregue posteriormente, o nome já não aparecia.
A divergência motivou Armando a notificar Munhoes extrajudicialmente cobrando explicações.
O relatório cita também a retirada de camisas comemorativas da NFL, usadas em ação especial na Neo Química Arena. Armando afirma ter solicitado que os 19 itens restantes fossem separados em uma sacola até que fosse decidido o destino final. Uma sugestão sua seria presentear funcionários envolvidos no evento.
Segundo ele, o setor responsável registrou o pedido como retirada, mas a requisição foi cancelada posteriormente, sem que ele tenha solicitado o cancelamento.
“Se eu quisesse pegar o material para mim, pegaria na sacola, colocaria no carro e iria embora. Quem desvia faz isso. Eu documentei tudo por e-mail”.
A auditoria apontou ainda que o vice seria o principal destinatário das chamadas “camisas de relacionamento”, solicitadas em nome da rouparia nos dias de jogos. Armando nega e diz ter utilizado apenas cinco unidades, duas retiradas em compromissos específicos.
Ele também rebate a acusação de transferências irregulares entre almoxarifados, afirmando que não cabe a ele emitir notas fiscais. Sobre um lote da nova terceira camisa inicialmente rejeitado pela comissão técnica, disse que apenas cumpriu ordem de Osmar Stábile para enviar as peças do CT ao Parque São Jorge, mantendo-as no clube porque a Nike não solicitou devolução.
Mendonça afirma que o relatório não menciona materiais retirados a pedido do próprio auditor, como camisetas, mochila e itens de tecnologia, o que, segundo ele, demonstra seletividade no documento.
O vice também apresentou números para comparar a gestão atual com a anterior. De junho a setembro deste ano, 7.309 itens foram solicitados; no mesmo período de 2024, foram 9.788, uma redução de 25%. Ele responsabiliza a administração passada pelo estouro da cota anual da Nike.
“Isso é uma herança maldita. O Osmar não estourou cota nenhuma. Pelo contrário, resolveu problemas com a Nike”, afirmou.
Mendonça diz que cobrou melhorias no departamento de tecnologia para reduzir burocracias e evitar desvios, além de exigir inventário e sistema de controle de notas fiscais. Afirma também que, em sua gestão, todo material utilizado em jogos passou a retornar ao almoxarifado, algo que não ocorria anteriormente.
O relatório aponta que Armando demonstrou “tom agressivo” e fez “alusões interpretadas como ameaças” a Munhoes durante o processo. O vice rejeita a versão.
“Eu não ameacei ninguém. Isso é crime. Ele está imputando a mim um crime”, alega.
Ele admite ter manifestado preocupação em reunião de diretores, mas nega ter interferido em entrevistas da auditoria, inclusive uma com representante da Nike.
O caso está sendo avaliado pelo Conselho Deliberativo. A Comissão de Justiça analisa o teor do relatório, com acompanhamento da Comissão de Ética, para eventual abertura de processo disciplinar.
Paralelamente, a Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), acionada pelo Ministério Público de São Paulo, investiga a possível prática de furto qualificado. No depoimento prestado na terça-feira (18), Armando entregou documentos e repetiu que as acusações distorcem os fatos.
“Não sei por que fizeram isso comigo, mas vou provar cada ponto









































