AVANTE MEU TRICOLOR
·13 de outubro de 2025
VOCÊ SABIA? Antes de contratar Telê, São Paulo sonhou com Luxemburgo. Que preferiu ficar no Bragantino e frustrou o ‘projeto’ no Morumbi

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·13 de outubro de 2025
Foi no dia 12 de outubro de 1990, ou seja, há exatos 35 anos, que Telê Santana assinou contrato e teve o seu retorno ao São Paulo confirmado para iniciar aquela que seria a era mais vitoriosa de sua história.
É notório que a ‘Era Telê’ se trata de um marco fundamental do Tricolor e por isso é mais do que bem documentada em livros, documentários, podcastas e afins. Ou seja, uma história que, caso algum são-paulino ainda não a conheça, material não falta para que ele saiba até os detalhes de como o mitológico treinador desembarcou para mudar eternamente os destinos dele e do clube.
Por isso, preferimos relembrar outra história para celebrar a data, essa sim muito menos difundida e conhecida e que merece um olhar no mínimo curioso: como Vanderlei Luxemburgo era o nome dos sonhos para assumir o Tricolor. E só com sua recusa (por duas vezes!) é que os dirigentes no Morumbi resolveram ir atrás de Telê. Frustrando pela primeira vez aqueles que sonham ou sonharam em ver o ‘Professor’ dirigindo o escrete são-paulino, algo qu permanece inédito até hoje.
Bem, vamos, como sempre, começar do começo…
O tão polêmico quanto inesquecível (não pelos motivos legais) ano de 1990 foi, sem sombra de dúvidas, o fundo do poço do Tricolor. Nunca, antes ou depois, o clube atravessou um período tão difícil, acumulando dívidas, crise interna e, claro, vexames. Sim, é a temporada do tal ‘rebaixamento’ que os imbecis insistem em alardear…
Fato é que nesse caldeirão da desgraça, era evidente que técnico algum se seguraria no cargo. E assim aconteceu. Carlos Alberto Silva iniciara o ano no comando, respaldado pelo título estadual do ano anterior, mas caiu após um empate sem gols com o Corinthians, em 8 de abril.
Foi então que o sonho em ter Luxemburgo começou a pairar sobre o Tricolor. Ao passo que o auxiliar da casa Pupo Gimenez assumiu interinamente, já pressionado por uma classificação que não viria à fase semifinal, a missão de contratar o ‘Professor’ foi colocada em prática pelo presidente José Eduardo Mesquita Pimenta e o diretor de futebol Fernando Casal de Rey.
Em todo aquela virada de abril e maio, a imprensa se deleitou na novela são-paulina para tentar contratar Luxa. Segundo a ‘Folha de S. Paulo‘, por exemplo, ele chamou a atenção pelas boas campanhas à frente do Bragantino, onde trabalhava.
“Eliminado pelo próprio São Paulo nas semifinais do ano passado, Luxemburgo ocupa a terceira colocação no grupo I nesta temporada e é visto como dedicado e trabalhador”, diz o texto do jornal.
‘O Estado de S. Paulo‘ foi além e descreveu as qualidades vistas pela então diretoria são-paulina para confiar no nome de Luxemburgo.
“O perfil desenhado pelos dirigentes para o futuro treinador é de alguém que seja novo, vencedor e que saiba trabalhar com jogadores jovens. Para eles, trabalhar no Morumbi será a chance que faltava a Vanderlei Luxemburgo para se tornar um técnico vencedor”, diz.
No dia 12 de maio, o pior aconteceu. O São Paulo perdeu por 1 a 0 para o Guarani, em Campinas (SP), e acabou eliminado do Paulistão. Pior que isso, teria que disputar a deprimente repescagem, uma chance derradeira para se classificar e, mais que isso, evitar disputar a edição de 1991 entre os times pequenos.
E aí foi a hora de acelerar as buscas por um treinador. A avaliação era de que a demora na definição de um substituto para Silva custara a vaga direta na semifinal.
O problema para o Tricolor é que Luxemburgo não parecia muito empolgado em trabalhar no Morumbi. A ‘Folha‘, por exemplo, relata que a diretoria simplesmente não conseguia encontrá-lo para discutir a contratação. Como o campeonato parara para os classificados diretos à semifinal por conta da Copa do Mundo da Itália, o ‘Professor’ viajou para o Rio de Janeiro (RJ).
O ‘Estadão‘ tratou de aprofundar a história. Noticiou que o clube do Morumbi procurou o médico Marco Aurélio Cunha (sim, ele mesmo), na época funcionário do Bragantino, atrás de contatos de Luxemburgo. Espertamente o presidente deles, Nabi Abi Chedid, disse que não tinha o contato de seu treinador na sua cidade natal, deixando o Tricolor estagnado.
O tempo ia passando e, no dia 16 de maio, o desespero já era tamanho que Pimenta reuniu um grupo de conselheiros aliados para perguntar sobre outros nomes. Além de Luxemburgo, nomes como o de Falcão (antes de assumir a Seleção Brasileira), Candinho e Jair Pereira foram mencionados e diretoria começava a abandonar o sonho Luxemburgo.
Gimenez já comandara o clube na estreia na repescagem, uma vitória por 2 a 1 sobre a Ponte Preta no Morumbi, em 20 de maio, quando a diretoria conseguiu, enfim, falar com Luxemburgo. E ouviu o que não queria: ele recusara deixar Bragança Paulista (SP). As suspeitas na ocasião passaram longe de uma fidelidade ao clube pelo qual ele conquistaria o Paulistão naquele ano e mais por uma sondagem do futebol carioca. Seu Flamengo, por quem era abertamente torcedor, também fizera contatos para contratá-lo.
Resignado, o São Paulo teve que se contentar em buscar opções. E acabou escolhendo o uruguaio Pablo Forlan, seu ex-jogador nos anos 1970.
Não deu nada certo: o clube acabou eliminado da repescagem, caiu fora do Paulistão de forma patética na pior campanha de sua história no Estadual e ficou com o estigma de ter sido rebaixado aos rivais. Mas pelo menos tratou de colocar as coisas nos eixos. Telê chegaria após ser demitido do Palmeiras. E o resto é história…
E quanto a Luxa e Tricolor. Bem, o casamento que nunca ocorreu já teve dois outros namoros sérios. No primeiro, em 2001, ele foi cotado para substituir Osvaldo Alvarez, o Vadão, no segundo semestre. Mas acabou pedindo alto e o escolhido foi Nelsinho Baptista.
Na outra em que foi cogitado, em 2010, para a vaga de Ricardo Gomes, o treinador acusa Rogério Ceni de ter militado contra seu nome. Mas a verdade é que as acusações de vício em jogos de baralho e relação próxima com empresários assustaram Juvenal Juvêncio, que optou por dar uma chance a Sergio Baresi, da base. Uma história que quem sabe um dia não traremos aqui…