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·09 de novembro de 2025
Voz da Torcida do Flamengo, escritor recebe homenagens em corrida, estádio e no clube

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·09 de novembro de 2025

Com a respiração entrecortada, Arthur percebeu que algo não estava bem. Era meio de setembro e os jogos com os argentinos dos Estudiantes se aproximavam, sem falar no Flamengo x Vasco da Gama – rival carinhosamente apelidado pelo cronista como a Bigoduda. Mas pelo visto era algo mais sério do que mera ansiedade pelos jogos.
➕ Rubro-negros se unem para ajudar Arthur 'Urublog' Muhlenberg; saiba onde doar sangueA respiração vinha a cada dia mais fraca, resultado de uma sinusite brabíssima aliada a problemas pulmonares. Em casa, Arthur Muhlenberg percebeu que seria preciso uma dose extra de paciência, após tudo que passara.Em fins de 2023, Arthur Muhlenberg descobrira que sofria de mielofibrose – distúrbio que ataca deslealmente as células produtoras de sangue. Assim, glóbulos vermelhos com formato anômalo são produzidos. O tratamento exigiu um transplante de medula, realizado com sucesso em 27 de dezembro de 2024.Será que o cronista e comentarista, empossado a Voz da Torcida do Flamengo no portal GE, teria de retornar ao hospital? Pelo visto não, pensou ele ao se ver bem mais disposto, forte e corado e ir encontrar os amigos no Arpoador.
O dia estava radiante, o mar perfeito, mas um amigo surfista resolveu cantar a acompanhante de Arthur, e o tempo quase fechou. Possesso com a postura de Talarico do velho amigo, Arthur quase brigou na praia. Quando abriu os olhos, porém, não havia praia, Arpoador, nem o amigo fura-olho. Tudo não passara de um sonho delirante – Arthur estava, de fato, sedado no hospital.A recuperação foi lenta como o reerguimento financeiro do Flamengo.Um mês depois, Arthur estava lúcido. A Voz da Torcida ainda não podia emitir sons, mas se comunicava por garranchos, mímicas e leitura labial. Quando um grupo de amigos apareceu para visitá-lo, num quarto com amplas janelas viradas para o morro de Mangueira e os trilhos que despejavam torcedores do Flamengo nos anos 1980, Muhlenberg passou a conversar por escrito, ao digitar no computador.Ao sentir o trio macambúzio por um mau resultado, Arthur digitou:“A ideia de ver o Fortaleza x Flamengo apenas pelo resultado é pueril, me desculpem. Não se percam na miopia dos placares. Quando o Flamengo perde, toda a comunidade perde. Existe ali uma clara manifestação de uma estratégia comercial de longo prazo. Reparem, o Flamengo não pode perder mais uma turma nordestina, como metade do Ceará. Já estamos sem meio Pernambuco e meia Bahia, meus amigos. O Flamengo é o maior produtor de conteúdo do Brasil, mas isso não veio de mão beijada do Zero Um do Monoteísmo. Isso é fruto de um século de trabalho.”Ao redor do paciente ainda fraquinho fisicamente, três amigos riam de quase rolar no chão do hospital.Dos cartazes e frases que passaram a decorar o quarto de Arthur – cartolinas coloridas de hidrocor, desenhos infantis e um cartum de Arnaldo Branco – Alexandre Baltazar e Julio Adler tiveram a ideia de uma bandeira vermelha e preta, para ficar na parede do quarto e levantar o torcedor ilustre. O bandeirão foi se multiplicando e ganhou dez cópias de fino tecido, distribuídas por amigos. Pelo computador, a arte também foi enviada para torcedores de outros estados. Neste último sábado, 8 de novembro, a bandeira foi aberta no clube, durante uma confraternização de cervejeiros rubro-negros.
No domingo, torcedores na prova rubro-negra de corrida levaram a bandeira para o Aterro do Flamengo. E o Anjinho Rubro-Negro prometeu abri-la na mureta do Maracanã, no Flamengo x Santos.A seguir assim, o bandeirão da Voz da Torcida vai longe – até o topo de uma certa arquibancada peruana.
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