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·22. August 2025

Candidato à presidência do Corinthians apresenta empresa que promete aporte de US$ 1 bi; saiba detalhes

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  1. Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

Na noite desta quinta-feira, 21, o conselheiro trienal André Castro, candidato a presidente do Corinthians nas eleições internas do Conselho Deliberativo (CD) que ocorrerão nesta segunda-feira, 25, concedeu entrevista coletiva onde apresentou o nome da empresa que, segundo uma carta apresentada durante o evento, promete aportar investimentos de até US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões) no clube.

Trata-se do Grupo São Paulo, apresentado na carta como GSP Banco de Fomento Mercantil Ltda., que opera sob os nomes fantasia GSP Bank of Assets e GSP Gestão de Crédito. O documento apresentado é assinado pelo CEO da empresa, Carlos Cesar Arruda, e contém apenas uma página, iniciando com uma explicação sobre a “atuação interna e externa” da instituição financeira e manifestando o interesse em estabelecer uma “parceria estratégica” com o Corinthians. A iniciativa, porém, é condicionada exclusivamente à eleição de André Castro.


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Foto: Reprodução/YouTube

O texto prossegue, afirmando que o banco se comprometeria a “disponibilizar um aporte financeiro de até US$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de dólares)” caso o conselheiro tome posse como presidente. O dinheiro seria destinado ao “fortalecimento estrutural e institucional do clube”, além de citar questões como a modernização da Neo Química Arena e “iniciativas estratégicas já em desenvolvimento conjunto” em outras áreas como marketing, categorias de base e futebol profissional – sem no entanto explicitar nenhuma destas iniciativas.

A carta ainda alega que esses projetos foram “previamente discutidos e estruturados ao longo de um período considerável”, e sustenta que “, conferindo segurança à instituição para prosseguir com o plano de investimentos sob a liderança de André Castro. Adicionalmente, informa “em momento oportuno” outras empresas do grupo serão incorporadas ao projeto, sem definir uma data mas afirmando que ocorreria apenas após a posse de Castro como presidente.

Chamou atenção, ainda, a exibição de dois selos no rodapé da carta, vinculando o GSP à B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) e à ANNA (Associação das Agências Nacionais de Numeração) – esta última reúne as entidades aptas a gerar o ISIN (“International Securities Identification Number”), que codifica títulos financeiros sob um padrão internacional. No entanto, em busca no site da B3, não foi encontrada nenhuma empresa ligada à GSP, e além disso, a única empresa brasileira filiada à ANNA é a própria B3.

Durante a entrevista, o candidato não explicou sua relação com o Grupo GSP, afirmando que a iniciativa do projeto surgiu dele ao procurar a empresa e negando que receberia qualquer tipo de comissão caso a parceria fosse concretizada. Sustentou, ainda, que não se trata da única empresa buscada por ele: haveria ainda “Planos B, C e D”, em suas palavras. Mas, quem é o Grupo GSP e seu CEO Carlos Cesar Arruda?

Lacunas e inconsistências

A Central do Timão iniciou sua pesquisa pelo site oficial da GSP Holding, que define o grupo como “uma empresa 100% brasileira, com muito orgulho”, listando princípios e valores diversos. Há algumas lacunas de informação, no entanto: o CNPJ da empresa não é exibido no rodapé do site, e os links que deveriam redirecionar para o perfil de Arruda e de suas cartas de recomendação estão quebrados.

O endereço virtual ainda exibe o perfil de um braço do grupo chamado Instituto GSP, coordenado por Gilka Aparecida Ferreira, e cujo propósito seria o de “apoiar projetos que tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida do ser humano seja ele de qualquer idade ou credo”.

A empresa explica ainda sua governança corporativa, detalhando uma estrutura formada por Assembleia Geral, Conselho de Administração, Comitê de Auditoria, Conselho Fiscal e Diretoria Executiva. O site não informa, porém, os nomes dos membros destes grupos.

Em sua aba “Nacional”, o site exibe 11 subdivisões do grupo GSP: Agropecuária, Ambiental, Antiguidades, Autocar, Banco de FOmento, Bank, Commodities, Construtora, Holding, Mineração e Trading. No entanto, chama atenção que apenas os subgrupos Agropecuária, Ambiental, Construtora, Mineração e Trading possuem links válidos, com conteúdo próprio. O subgrupo Commodities dá acesso a um arquivo pdf sobre o tema e os demais direcionam para páginas inexistentes ou para a “home” do site.

Já na aba “Internacional”, são listados mais quatro subgrupos: Bolívia, Inversiones, Londres e Turkey. No entanto, nenhum deles direciona a uma página específica sobre a subsidiária. Além disso, em busca no Serviço de Buscas de Companhias do Governo do Reino Unido, foi possível verificar que a GSP Fomento Mercantil London, fundada em 17 de abril de 2018, foi dissolvida em 3 de novembro de 2020, portanto há quase cinco anos (ver abaixo).

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Foto: Reprodução

Por sua vez, as abas “News” e “Eventos” não tem qualquer texto cadastrado, e a aba “Casos de Sucesso” contém cinco vídeos curtos, relatando investimentos no plantio de milho, construção de uma escola e mineração. Não há, porém, qualquer indicação de valores investidos nem data, local ou beneficiários dos projetos.

Por fim, após as 22h30, o site da empresa passou a exibir um pop-up, com um texto similar ao da carta assinada por Arruda e exibida por Castro, reforçando o suposto compromisso com o aporte financeiro junto ao Corinthians em caso de eleição do conselheiro (ver abaixo).

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Redes sociais paradas

A pesquisa nas redes sociais foi feita sobretudo pela página Estatísticas Corinthianas do X (antigo Twitter) e checada pela Central do Timão, que confirmou que os perfis do grupo são, no mínimo, bastante discretos. No Instagram, por exemplo, foi possível identificar dois perfis criados em abril de 2020: GSP Banco, com 201 seguidores, e GSP Holding, com 71 seguidores. Ambos contém as mesmas duas publicações e são, atualmente, privados.

Já no Facebook, apenas o GSP Holding possui perfil, com 58 curtidas e exatas 19 publicações, sendo a maioria delas divulgando atualizações do site ou homenageando funcionários. Em sua página no Google, a empresa possuía apenas uma avaliação negativa (uma estrela de cinco possíveis), até que nas últimas 24 horas antes da coletiva, outras 13 avaliações foram publicadas, todas dando nota máxima à empresa.

No LinkedIn, conhecida rede social corporativa, não há registros de perfil para a GSP Holding ou GSP Bank. Arruda possui um perfil, porém sem foto e nem maiores detalhes de sua atuação profissional ou publicações sobre as empresas. Por fim, o Reclame Aqui possui página com quatro reclamações sobre o GSP Bank, sendo apenas uma delas respondida há cinco anos.

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Finanças

Em pesquisa no site da Junta Comercial de Goiás, foi possível encontrar 25 registros (alguns repetidos) de empresas no CPF de Carlos César Arruda, sendo uma delas a GSP Gestão de Crédito e Desenvolvimento Mercantil Ltda (CNPJ 12.996.538/0001-87), cujo nome fantasia é GSP Bank of Assets. É esta empresa que consta no documento apresentado por André Castro nesta quinta-feira.

No site da Receita Federal, a GSP Bank registra como atividade principal “Sociedades de fomento mercantil – factoring”. Importante ressaltar, porém, que o factoring não se configura como atividade bancária, e por isso as empresas que o praticam não são regulamentadas pelo Banco Central.

Por conta disso, uma factoring seque poderia, em tese, se apresentar como banco. A principal diferença é que enquanto um banco faz intermediação financeira captando recursos do público e emprestando para terceiros, uma factoring apenas trabalha com recursos próprios na compra de recebíveis.

Também foi possível levantar que o GSP Bank teve sua abertura registrada em 3 de dezembro de 2010 e, embora declare capital social de R$ 6,57 bilhões, está enquadrado como pequena empresa, com número de funcionários entre 10 e 49 no total e faturamento entre R$ 240 mil e R$ 2,4 milhões/ano.

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Processos

A redação também consultou o sistema PROJUDI do Tribunal de Justiça (TJ) de Goiás, sede da empresa, que retornou 22 processos contra Arruda, sendo três em segredo de Justiça, além de quatro processos contra a GSP Bank, dos quais um em segredo de justiça. Não foi possível, porém, acessar seus conteúdos.

Já no sistema e-SAJ, do TJ de São Paulo, foram encontrados outros dois processos contra Arruda, um de R$ 3 milhões relativo a comissões, e outro de R$ 54.965,73 relativo a um processo de despejo movido contra o empresário por conta de atrasos de aluguel – ambos estão em tramitação. Não há, no estado, processos contra o GSP Bank.

Também foi possível encontrar um processo contra o GSP Bank no Conselho de Controle de Atividades FInanceiras (Coaf), julgado em 14 de dezembro de 2022. Nele, o órgão condenou a empresa e seu CEO ao pagamento de multas de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente, pela infração de “Não comunicação de ausência de operações ou propostas passíveis de serem comunicadas ao COAF ao exercer a atividade de factoring”.

Confira a nota da GSP na íntegra

“Nós do GSP Banco de Fomento Mercantil Ltda, com nome fantasia de GSP Bank of Assets e GSP Gestão de Crédito, instituição financeira com áreas de atuação internas e externas, vem por meio desta manifestar publicamente o interesse em consolidar uma parceria estratégica com o Sport Club Corinthians Paulista, condicionada à eleição do candidato André Castro para a presidência do clube.

Em caso de sua eleição e posse, conforme descrito acima, compromete-se a disponibilizar um aporte financeiro de até US$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de dólares), para fortalecimento estrutural e institucional do clube. Este investimento abrangerá não apenas a reestruturação financeira e a modernização da Arena Corinthians, mas também uma série de iniciativas estratégicas já em desenvolvimento em conjunto com o grupo, envolvendo infraestrutura, marketing, categorias de base, futebol profissional e novos modelos de receitas.

Cabe ressaltar que tais projetos vêm sendo discutidos e estruturados há um período considerável, o que confere segurança ao banco em dar sequência ao plano de investimentos sob a liderança de André Castro, conforme pré-determinado.

Adicionalmente, informamos que, em momento oportuno, serão apresentadas outras marcas e empresas vinculadas ao grupo que também integrarão o projeto, ampliando o potencial de geração de valor e sustentabilidade a longo prazo.

Este compromisso será formalizado em instrumentos jurídicos definitivos, observadas as condições legais e regulatórias cabíveis, em cumprimento de ordem ao Sr. André Castro como presidente do Sport Club Corinthians Paulista.”

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