Fair Play Financeiro muda as regras do jogo e deve exigir ajustes do Athletico nos próximos anos | OneFootball

Fair Play Financeiro muda as regras do jogo e deve exigir ajustes do Athletico nos próximos anos | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: Trétis

Trétis

·3. Dezember 2025

Fair Play Financeiro muda as regras do jogo e deve exigir ajustes do Athletico nos próximos anos

Artikelbild:Fair Play Financeiro muda as regras do jogo e deve exigir ajustes do Athletico nos próximos anos

O aguardado Fair Play Financeiro do futebol brasileiro finalmente ganhou contornos oficiais. Na semana passada, a CBF apresentou as diretrizes do Sistema de Sustentabilidade Financeira, que começará a valer de forma gradativa a partir de 2026 e será totalmente aplicado apenas em 2029. A mudança promete transformar a forma como os clubes lidam com suas finanças e, inevitavelmente, impacta o planejamento do Athletico Paranaense, um dos clubes mais organizados do país.

O sistema se apoia em quatro pilares centrais: controle de dívidas em atraso, equilíbrio financeiro das operações, dívidas de curto prazo e limites de gastos com o elenco. A CBF também ampliará seu sistema interno para registrar todas as transferências com valores, prazos e formas de pagamento, criando um ambiente mais transparente e auditável.


OneFootball Videos


Relatórios, dívidas e transparência obrigatória

No controle de dívidas em atraso, os clubes passarão a entregar relatórios quadrimestrais, três vezes ao ano, com informações financeiras completas e atualizadas em tempo real. A intenção é monitorar quem paga, quem deve e quem atrasa sistematicamente. O Athletico, inclusive, é credor de diversos clubes que não quitaram negociações antigas.

O segundo eixo é o equilíbrio financeiro. Os clubes deverão comprovar superávit no triênio, considerando a soma dos últimos três exercícios. Um déficit isolado gera apenas sinal amarelo. Resultados negativos consecutivos colocam o clube em monitoramento. A regra permite cobertura de prejuízo por aportes de capital, prática comum em SAFs, mas exclui despesas com base, futebol feminino, projetos sociais e outros esportes, analisando apenas o futebol profissional. Neste item, o Athletico está confortável, com 11 anos de superávit seguidos.

Dívidas de curto prazo e estrutura financeira

Outro ponto é o controle das dívidas de curto prazo. A partir da implantação, nenhum clube poderá ter dívida líquida de curto prazo superior a 45% das receitas relevantes. Haverá transição até 2030, com o teto começando em 60% até a regra final. O Athletico não deve sofrer aqui, já que sua dívida mais sensível é de longo prazo e não entra nesse cálculo imediato.

O pilar que mais impacta o Furacão

O item mais sensível para o Athletico é o limite de gastos com o elenco. O Fair Play estabelece que os clubes não poderão comprometer mais de 70% de suas receitas totais com futebol profissional, incluindo salários, compras de jogadores, prêmios e demais custos.

Em 2023, o Athletico registrou quase 900 milhões de reais em receitas, o que ampliaria muito sua margem de investimento. Mas cada temporada é uma temporada, e a tendência é que a receita de 2025 seja menor. O balanço, que será divulgado no fim de abril, mostrará exatamente quanto o clube poderá investir na montagem do elenco para 2026. A lógica é simples: quanto menor a receita, menor a capacidade de gasto.

Para ampliar seu poder no mercado, o Athletico terá dois caminhos naturais. O primeiro é aumentar receitas, solução de longo prazo. O segundo é vender jogadores, algo que marca a trajetória recente do clube. Negócios como Vitor Roque, Bento, Bruno Guimarães, Canobbio e outros garantiram fôlego importante nos últimos anos.

O que esperar daqui para frente

Com a divulgação dos balanços de 2025, será possível entender com precisão o espaço financeiro do Athletico para reforçar o elenco na próxima temporada. O cenário de regras mais rígidas favorece clubes organizados, mas ainda assim exige ajustes e novas estratégias.

A tendência é que o clube tenha mais dificuldades justamente no controle do custo do elenco, já que sua capacidade de contratação depende fortemente de vendas e de novas fontes de receita. Em um futebol brasileiro cada vez mais profissionalizado, o jogo exige planejamento afiado e pouca margem para erros.

O Fair Play Financeiro brasileiro chega para apertar brechas e modernizar a gestão do esporte. E, para o Athletico, o recado é claro: organização continua sendo vantagem, mas manter competitividade exigirá evolução contínua.

Impressum des Publishers ansehen