Flamengo x Libra: entenda briga milionária que fez Rubro-Negro entrar na Justiça | OneFootball

Flamengo x Libra: entenda briga milionária que fez Rubro-Negro entrar na Justiça | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: MundoBola Flamengo

MundoBola Flamengo

·1. Oktober 2025

Flamengo x Libra: entenda briga milionária que fez Rubro-Negro entrar na Justiça

Artikelbild:Flamengo x Libra: entenda briga milionária que fez Rubro-Negro entrar na Justiça

O Flamengo entrou na Justiça contra a Libra para contestar a forma de divisão do contrato de televisão do Brasileirão. A decisão resultou no bloqueio de R$ 77 milhões, valor que corresponde a uma das parcelas do rateio por audiência. No total, R$ 230 milhões podem ficar travados até o fim da disputa.

A briga envolve critérios de divisão do dinheiro, questionamentos sobre o estatuto da Libra e acusações de isolamento político do Flamengo dentro do bloco. A seguir, veja um guia completo para entender o caso:


OneFootball Videos


O contrato fechado pela Libra com a Globo é de R$ 1,170 bilhão por temporada. A divisão segue três critérios: 40% de forma igualitária entre os clubes, 30% de acordo com a performance esportiva e 30% segundo a audiência. É justamente nesta última fatia, de cerca de R$ 309 milhões ao ano, que está o foco da disputa.

O que motiva a briga

Até setembro de 2024, o critério usado para definir essa parcela era o de engajamento, dividido em três fatores: base de assinantes de pacotes de TV (40%), base de torcedores/consumidores (40%) e presença em estádio (20%). Essa fórmula favorecia clubes com grande torcida nacional, como o Flamengo.

Após a mudança "aprovada", a Libra adotou o conceito de audiência, calculado pela soma de pessoas que assistem a cada jogo de um clube, dividido por dois, em relação ao total de indivíduos que acompanham a Série A.

Na prática, a troca de engajamento por audiência pode significar um prejuízo de R$ 450 a R$ 500 milhões para o Flamengo ao longo de cinco anos. Cálculos feitos pela nova diretoria. A estimativa é que, já em 2025, a queda seja de cerca de R$ 100 milhões na comparação com 2024.

O clube argumenta que o novo modelo não leva em conta seu peso de torcida e engajamento fora da TV, e por isso seria injusto.

  • 40% iguais para todos os clubes;
  • 30% de acordo com a posição final no campeonato;
  • 30% baseados na audiência, cerca de R$ 309 milhões por ano.

Como é feita a conta da audiência hoje

Atualmente, dentro da Libra, a regra para a divisão da audiência de cada jogo é 50% para cada clube envolvido. Ou seja, independentemente de quantos torcedores de cada time estão assistindo, cada clube recebe a mesma fatia da audiência do jogo.

Por exemplo: se o Flamengo enfrenta o Vitória como visitante e o total de espectadores soma 1 milhão, cada clube recebe o equivalente a 50% dessa audiência. Isso mesmo que a maior parte dos telespectadores seja da torcida do Fla.

O Flamengo considera o modelo atual injusto porque muitos de seus jogos são transmitidos no pay-per-view para alavancar assinaturas. A fatia da audiência é dividida 50% para cada clube, sem considerar o público real que gera receita.

Por isso, o clube pleiteia que a base de assinantes e outros fatores relacionados à audiência sejam incluídos como critério de divisão do dinheiro.

O que o Flamengo defende

A diretoria do Flamengo defende uma mudança na fórmula de distribuição. Os novos critérios deveriam considerar, entre diferentes fatores, o número de assinaturas de pay-per-view.

O clube afirma que vai perder cerca de R$ 100 milhões de direitos de transmissão em relação a 2024, quando ainda recebia um mínimo garantido. O valor recebido no contrato cai de aproximadamente R$ 300 milhões para R$ 200 milhões em 2025.

Como alternativa, apresentou uma fórmula intermediária, que daria ao Flamengo algo entre R$ 220 milhões e R$ 230 milhões. Ou seja, um aumento de R$ 20 a R$ 30 milhões no total. Esse valor está próximo ao que o Corinthians deve receber na LFU. Palmeiras e São Paulo também teriam ganhos.

Negociações e isolamento político

O Flamengo tentou negociar dentro da Libra por cerca de oito meses. Foram discutidas até seis fórmulas diferentes para a divisão da audiência. Contudo, a posição do clube foi deixada de lado nas reuniões.

  • Em maio de 2025, primeira assembleia terminou sem acordo.
  • Em 26 de agosto, nova assembleia aprovou o critério atual por maioria, o que não está previsto no estatuto. Flamengo e Volta Redonda votaram contra.

O Flamengo alega que o estatuto da Libra garante que qualquer mudança nos critérios de divisão de receitas exige unanimidade. Sendo assim, o seu veto deveria ter barrado a aprovação.

Os outros clubes, no entanto, afirmam que a fórmula já havia sido aprovada pela gestão de Rodolfo Landim em 2024. O ex-presidente teria até assinado um documento aceitando o modelo atual. Mas esse documento nunca foi exibido publicamente.

Os clubes e a própria Libra garantem que Landim assinou a permissão, mas ainda não conseguiram provar. Não à toa, a liminar do Flamengo segue valendo. A gestão Bap afirma que não encontrou esse documento nos arquivos do clube, reforçando a dúvida sobre a validade da aprovação.

Justiça e bloqueio de valores

Sem acordo, o Flamengo foi à Justiça para suspender o pagamento dos 30% de audiência até que a questão seja resolvida. O pedido foi rejeitado em primeira instância, mas o Tribunal de Justiça do Rio concedeu liminar em segunda instância.

Assim, a Globo foi notificada e depositou em juízo R$ 77 milhões. Esse valor é referente a uma das parcelas de audiência. Todos os outros valores, que constituem 70% do total, seguem liberados. Ainda restam duas parcelas de audiência no ano, o que totaliza R$ 230 milhões em disputa.

A Libra promete recorrer para derrubar a liminar e sustenta que a aprovação foi legal. Além da liminar, o mérito do caso deve ser analisado em corte arbitral, mas não há prazo definido.

Troca de acusações

A disputa rapidamente saiu dos bastidores para as notas oficiais. A Libra acusa o Flamengo de quebrar acordo já firmado e de prejudicar os outros clubes que precisam do dinheiro para pagar salários e manter o fluxo de caixa.

Palmeiras e São Paulo fizeram acusações, afirmando que o Rubro-Negro age de forma “predatória e torpe”. Alegam que o clube está tentando asfixiar financeiramente rivais para extrair benefícios. Outros clubes, como Bahia, Grêmio, Atlético-MG, Santos e Red Bull Bragantino, também divulgaram críticas.

O Flamengo rebateu em nota oficial: reconheceu que também sai prejudicado por ter dinheiro bloqueado. Contudo, diz que não poderia aceitar a “solução absurda” que a Libra tentou impor de forma “tiranica”.

"Registre-se que o Flamengo não tem interesse no litígio, na medida em que a maior parte dos valores depositados cabem ao clube, que é aquele que tem a maior audiência no país. É péssimo para o Flamengo que as receitas devidas a título de audiência fiquem retidas judicialmente. Não tem como concordar, todavia, com a solução absurda que a LIBRA deseja implementar, tiranicamente, em prejuízo do clube", diz parte da nota.

Leila Pereira chegou a sugerir a criação de um torneio sem o Flamengo, algo que é sabidamente impossível de acontecer. Os dirigentes de outros clubes, que não mostram a aprovação de Landim, apostam nos ataques contra o Rubro-Negro. Bap não se manifestou publicamente.

Onde ainda há lacunas

Apesar das informações já conhecidas, ainda há pontos nebulosos na disputa:

  • Documento assinado por Landim: o suposto contrato ou permissão assinada pelo ex-presidente para aprovar a fórmula atual nunca foi exibido publicamente. A gestão Bap garante que não encontrou esse documento nos arquivos do clube, reforçando a dúvida sobre a legalidade da aprovação.
  • Estatuto da Libra: não está disponível para consulta.
  • Cálculo da cota de audiência: o Flamengo afirma que o modelo atual não reflete seu peso real e ainda não detalhou quais critérios ou métodos pleiteia para a distribuição do valor de audiência. Além de contabilizar assinaturas do pay-per-view. 
  • Posição de Landim: o ex-presidente não se manifestou oficialmente sobre o tema, deixando lacunas sobre decisões passadas e alegada concordância com a fórmula atual.
  • Cálculo de audiência: a fórmula de cálculo da audiência não é transparente, e não se sabe como a Globo chega aos números finais.

O que vem pela frente

O caso vai continuar nos tribunais e também no âmbito arbitral. Enquanto isso, parte significativa da receita de nove clubes segue travada. Para o Flamengo, a disputa é sobre justiça na divisão de receitas e respeito ao estatuto.

Impressum des Publishers ansehen