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·7 June 2025

Augusto contratou mais de 400 funcionários, sendo cerca de 90 sócios do Corinthians

Article image:Augusto contratou mais de 400 funcionários, sendo cerca de 90 sócios do Corinthians

A diretoria interina do Corinthians, liderada por Osmar Stabile e Armando Mendonça, identificou uma série de contratações de funcionários, alguns sem atribuição clara ou definida, além de sócios e empresas que se vincularam ao clube a partir de 2024, quando Augusto Melo assumiu o comando do clube. A nova gestão, agora, trabalha para identificar os personagens, entender o que foi feito e, principalmente, enxugar este tipo de despesa.

Apesar de adotar um discurso de defesa por um governo de “redução de custos” e afirmar que deixaria o Corinthians com “dívidas equacionadas”, Augusto Melo, desde o início de seu mandato, contratou 417 novos funcionários e cerca de 100 empresas (Pessoa Jurídica) para o Timão, como aponta o relatório oficial, ao qual a Gazeta Esportiva teve acesso. Dos CLTs, 67 são sócios do Parque São Jorge. Já entre os PJs, são, aproximadamente, 21 associados.


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A política de inflacionar o quadro de funcionários impulsionou as despesas do clube, conforme consta nas Demonstrações Financeiras de 2024. Os gastos com “pessoal” (salários e encargos sociais) foram, ao todo, de R$ 428,6 milhões, representando um aumento de R$ 30 milhões em relação a 2023, último ano da gestão Duilio Monteiro Alves.

Um desses funcionários é o sócio do clube e aliado de Augusto, Renato Bandeira de Melo. Ele estava listado oficialmente como um profissional do “departamento de futebol”. No entanto, segundo apurou a reportagem, pouco frequentava o CT Dr. Joaquim Grava e passava a maior parte dos dias nas quadras de bocha do Parque São Jorge. Renato recebia cerca de R$ 17.110,00 por mês, segundo a planilha oficial de funcionários do Corinthians.

A reportagem entrou em contato com Renato. Ele afirmou que atuava como “gerente operacional” e que, inicialmente, havia sido alocado no CT, mas foi transferido à sede social do clube em razão do “aumento de associados”. O sócio afirmou que não faz mais parte do quadro de funcionários do Timão.

“Não sou mais funcionário do Corinthians. Fui por um determinado tempo gerente operacional, alocado inicialmente no CT profissional. Depois, devido ao aumento da demanda no Parque São Jorge e por conta do aumento de associados, fui transferido para o Parque São Jorge. Mas, não mais faço parte do quadro de funcionários do clube. Referente ao meu salário, me reservo no direito de não comentar primeiro em razão da proteção de dados pela LGPD e segundo por questão de privacidade. Mas, posso adiantar que esse não era o salário”, disse o ex-funcionário, em nota enviada à Gazeta Esportiva.

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A reportagem também contatou Augusto Melo, presidente afastado do posto pelo Conselho Deliberativo do Corinthians na semana passada. Por meio de sua assessoria, o mandatário afirmou que Renato atuou nas “reformas feitas no CT Dr. Joaquim Grava e no Parque São Jorge”.

“Renato Bandeira era funcionário do Corinthians. Ele atuou nas reformas do CT Dr. Joaquim Grava e também estava atuando nas reformas feitas pelo departamento administrativo no Parque São Jorge. Todas as revitalizações do clube foram feitas por nós, com anuência dos departamentos responsáveis e também com as necessidades que tínhamos no momento”, comentou o mandatário, que também se posicionou sobre os mais de 400 profissionais trazidos ao clube ao longo de seu mandato.

“Todas as contratações foram realizadas com a necessidade do momento, incluindo aqui as equipes de basquete feminino e categorias de base. Não avaliamos sócios ou não sócios, e sim a competência de cada profissional. Pessoas que não são sócias também foram contratadas, sócios também foram desligados, tudo na mesma proporção. Todos trabalhavam de acordo com as necessidades dos departamentos e profissionalismo”.

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(Foto: André da Silva Costa/Gazeta Press)

FUNCIONÁRIOS DA “PRESIDÊNCIA”

Dentre os 417 funcionários contratados durante a gestão Augusto Melo, seis deles estão listados na planilha oficial de empregados do Corinthians como colaboradores da “Presidência”, sem função específica. São eles: Gabriel Oliveira Santos, Kaique Teixeira Ferreira, Rodolfo Castilho Simoes Montanha, Rodrigo Silva Castilho, Thaina Iorio Uoya e Vinicius de Oliveira Leonal. Somados, eles possuem vencimentos de R$ 22.722,00 mensais.

A Gazeta Esportiva também perguntou a Augusto Melo o que o motivou a contratá-los e quais eram as funções exercidas por estes profissionais. O presidente afastado, porém, não soube detalhar.

“Como falado anteriormente, os profissionais foram contratados de acordo com a necessidade do clube. As funções de cada um deles devem ser perguntadas ao RH do clube, ou a pessoa que quebrou o sigilo dos contratos e informou a vocês todas as informações internas dos funcionários”, declarou.

INDICAÇÕES DE ANTIGO DIRETOR

Assim que foi nomeado diretor administrativo da gestão Augusto Melo, em fevereiro de 2025, Ricardo Jorge contratou um profissional para trabalhar ao seu lado no Corinthians. Trata-se de Wagner da Cunha Costa.

Wagner era um colaborador do escritório de Ricardo Jorge e chegou ao clube alvinegro para exercer a função de “gerente de planejamento”, ganhando na carteira de trabalho o montante de R$ 15.777,00.

Além disso, o ex-diretor administrativo também indicou uma empresa, a KTC Capacitação Gerencial e Profissional, para prestar serviços ao clube de 2 de abril de 2025 a 2 de abril de 2026. De acordo com o contrato assinado por Augusto Melo, o qual a Gazeta Esportiva teve acesso, o trabalho vai gerar um custo de R$ 32.900,00 por mês ao Corinthians. As atividades exercidas seriam:

  • Pesquisa de Clima Organizacional
  • Programa de Avaliação de Desempenho
  • Programa de Palestras sobre Saúde para Liderados (12 temas)
  • Capacitação NR1 (RH e Segurança do Trabalho)
  • Programa de Capacitação e Desenvolvimento de Líderes (12 temas)
  • Programa de Remuneração e Reconhecimento
  • Mentoria e Suporte para RH nas Implantações
  • Neurometria Funcional Computadorizada (50 exames mensais)
  • Atendimento Psicológico (30 atendimentos mensais)

O QUE DIZEM OS ENVOLVIDOS

A reportagem indagou Ricardo Jorge, Wagner da Cunha e Augusto Melo sobre os contratos previamente citados. Ricardo garante que a contratação de Wagner ocorreu “dentro dos trâmites legais” e que o salário superior a R$ 15 mil está abaixo de outros profissionais do clube.

Ele, ainda, diz o mesmo sobre a parceria firmada com a KTC e explicou que o vínculo tinha como finalidade a implantação da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), exigida pelo Ministério do Trabalho para todas as organizações que possuam empregados celetistas.

“A contratação do Dr. Wagner da Cunha Costa ocorreu de forma plenamente legal e técnica, quando este diretor assumiu a diretoria administrativa do clube. À época, o Corinthians enfrentava uma desarticulação crônica entre os departamentos administrativo, financeiro e jurídico. Havia, inclusive, a necessidade de instaurar uma força-tarefa para apurar distorções graves, como salários desproporcionais, funcionários fantasmas (pessoas físicas e jurídicas) e desorganização institucional. O Dr. Wagner, profissional de conduta ilibada, altamente qualificado, com múltiplas formações acadêmicas e experiência comprovada, foi nomeado justamente para atuar como elo de integração entre essas áreas, cumprindo função estratégica para a reorganização administrativa do clube. O salário de R$ 15 mil, inclusive, foi muito inferior aos salários pagos a outros profissionais da casa, que ultrapassavam R$ 70 mil ou R$ 80 mil, e foi fixado de forma compatível com os parâmetros de mercado e a complexidade da função. Ressalto que não há qualquer mácula na contratação, e sim a escolha por um profissional preparado, confiável e dedicado, cuja saída prematura impediu a conclusão de um trabalho que traria grandes avanços ao clube – inclusive no combate a desvios e práticas lesivas ao erário do Corinthians”, afirmou, em nota.

“A empresa KTC – Capacitação Gerencial e Profissional foi contratada por esta diretoria com finalidade clara e legal: a implantação da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), exigida pelo Ministério do Trabalho para todas as organizações que possuam empregados celetistas. O Corinthians, naquele momento, contava com mais de 1.220 funcionários sob regime CLT, além de diversos prestadores de serviço pessoa jurídica. A ausência de estrutura adequada para atender à NR-1 representava risco jurídico, financeiro e administrativo ao clube. Por isso, a contratação da KTC foi absolutamente necessária e respaldada por critérios técnicos e legais. A empresa é liderada pela Dra. Kelly, profissional com currículo exemplar: doutora, professora universitária, consultora na área de compliance e Conselheira da Associação Comercial do Estado de São Paulo, uma das entidades mais respeitadas do setor. A KTC é idônea, reconhecida no mercado e especializada justamente no tipo de serviço que o clube precisava naquele momento. O contrato, no valor de aproximadamente R$ 32 mil, contemplou diagnóstico técnico, desenvolvimento de material didático, treinamentos personalizados e estruturação documental. Reitero: tudo foi feito com transparência, publicidade, razoabilidade e total respeito à legalidade e à boa governança”, acrescentou.

Augusto Melo, por sua vez, afirma que “confia em quem estava ao seu lado” e que a contratação da KTC foi realizada após um “avaliação interna do que o Corinthians necessitava no momento”.

“Me posiciono dizendo que sempre dei autonomia para meus diretores trabalharem e confio em cada um que esteve e está comigo. A assinatura do contrato da empresa KTC foi feita após avaliação interna e com a precisão do que necessitávamos no momento”, disse.

Por fim, Wagner se pronunciou através de uma nota oficial. Ele explicou como se deu o processo de sua contratação e quais serviços teria exercido como gerente de planejamento do Corinthians. Veja abaixo, na íntegra:

“De fato, atuei no Sport Club Corinthians Paulista a convite do então Diretor Administrativo, Ricardo Jorge, com a responsabilidade de contribuir tecnicamente na função de Gerente de Planejamento, integrando ações entre as diretorias e conduzindo um trabalho estruturado de análise e requalificação dos processos administrativos e financeiros.

Sou formado em Administração, Direito (com aprovação no Exame da OAB) e Ciências Contábeis (com aprovação no Exame de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade). Além disso, sou pós-graduado em Direito Administrativo e Direito Civil, e pós-graduando em Direito Desportivo, Direito do Trabalho, Direito Previdenciário, Direito Contratual, Direito Tributário e Direito Penal com ênfase em Segurança Pública. Essa formação multidisciplinar me proporcionava total embasamento técnico para o exercício da função, especialmente no que se refere à análise de contratos, estrutura de governança e organização administrativa.

No primeiro momento, concentrei esforços na realização de um diagnóstico criterioso dos contratos firmados pelo clube, com o objetivo de identificar eventuais inconsistências, distorções ou fragilidades na gestão, que, por questões de proteção de dados, não podem ser divulgados.

Paralelamente, eu havia iniciado um mapeamento da estrutura organizacional, levantamento histórico dos custos do setor administrativo e o desenvolvimento de um orçamento técnico para o exercício seguinte, visando dar maior previsibilidade, racionalidade e controle aos gastos da área. (tudo isso em menos de um mês de atividade profissional no clube.)

Ressalto ainda que o salário pelo qual fui contratado estava abaixo da média de mercado para cargos da mesma natureza e complexidade.

Após o desligamento do Diretor Administrativo, minha saída foi imediata. Considerando o teor do trabalho que vinha sendo realizado, é possível que as informações e análises em andamento tenham causado desconforto, o que pode ter contribuído para a decisão de encerramento precoce do meu vínculo.

Estou à disposição para prestar esclarecimentos adicionais, sempre observando as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados e com o imenso respeito institucional que o Corinthians merece.”

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