“Deixem o Corinthians em paz”, diz Osmar Stabile após críticas de outros presidentes sobre finanças do clube | OneFootball

Nesta quarta-feira (26), o presidente do Corinthians, Osmar Stabile, participou do  Summit CBF Academy, evento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) realizado em São Paulo e falou sobre as declarações de mandatários de outros clubes referente às finanças do Alvinegro.

No mesmo evento, pouco antes Leila Pereira, presidente do Palmeiras, afirmou que é injusto clubes que vencem torneios sem pagar e honrar com seus compromissos. O dirigente do Corinthians pediu para que ‘deixem o clube em paz’: “Só quero deixar um recado aqui: foi dito em uma dessas palestras que “se consegue ser campeão devendo alguma coisa”. Quero dizer para os presidentes de clubes que ficam o tempo todo criticando o Corinthians que cuidem do clube deles, deixem o Corinthians em paz.”

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Com 2,7 bilhões em dívidas, o Corinthians vive o momento financeiro mais delicado de sua história. Recentemente, o clube teve o plano de pagamento de dívidas – Regime Centralizado de Execuções (RCE) – recusado pela Justiça de São Paulo, que detectou uma série de irregularidades na proposta.

O plano consistia em quitar R$ 367 milhões em 10 anos. Apesar da recusa, a Justiça ainda ampliou em 60 dias o prazo para que não sejam executadas as dívidas do clube presentes na RCE. Caso o Alvinegro não remodele a oferta, o planejamento de quitação dos débitos deixa de existir e o clube, por sua vez, terá que negociar com todos os seus credores de maneira individual.

“De três em três meses têm presidentes que vêm a público criticar o Corinthians, a administração é séria, acredite na administração atual. O Corinthians vem trabalhando com o atual presidente com seriedade, buscando cumprir os compromissos“, complementou Osmar Stabile.

Além disso, o Corinthians, atualmente, está impedido – desde meados de agosto – de realizar contratações devido a um transferban na Fifa. A punição em questão se refere a um débito de R$ 40 milhões junto ao Santos Laguna, do México, pela contratação do zagueiro equatoriano Félix Torres, em janeiro de 2024. O clube do Parque São Jorge chegou a conversar com os mexicanos para quitar 70% do valor à vista e pagar o restante parcelado. Porém, a oferta foi recusada. Eles exigiram 90% do valor da dívida comod entrada.

O Corinthians também foi condenado a pagar R$ 40 milhões ao meia paraguaio Matías Rojas, que atuou com a camisa corinthiana entre julho de 2023 e fevereiro de 2024. O valor em questão é referente a tudo que o jogador teria a receber até julho de 2027, quando se encerraria o seu contrato. A cúpula corinthiana negocia com o staff do meia para que o Alvinegro não sofra uma nova punição na Fifa.

O clube do Parque São Jorge também possui pendências junto ao Cuiabá, na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) – órgão da CBF – pela contratação do volante Raniele, no início de 2024. O presidente do time do Centro-Oeste, Cristiano Dresch, esteve presente no evento do “Summit CBF Academy”.

Como funcionará o Fair Play Financeiro da CBF?

Durante o Summit CBF Academy foi lançado, também, a Confederação Brasileira de Futebol promoveu o lançamento oficial do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF) do futebol brasileiro, que será válido a partir de janeiro de 2026 e terá validade para equipes das Séries A e B do Brasileirão.

Vigente no futebol europeu há algumas temporadas em competições Espanha, Inglaterra, França, Portugal, Itália, além de torneios da UEFA, o fair play financeiro no Brasil terá os seguintes pilares: equilíbrio financeiro, controle de dívidas em atraso, controle de custos do elenco e capacidade de endividamento em curto prazo. Os detalhes foram divulgados inicialmente pela ESPN Brasil.

Foto: Staff Images/CBF

Além disso, foi criada a  Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol (ANRESF), órgão que será independente da CBF, para monitorar o fair play financeiro do futebol brasileiro e, se necessário, aplicar sanções como: retenção de receitas, transferban, perda de pontos, rebaixamento, recusa ou cassação de licença, além da celebração de Acordos de Ajustamento de Conduta (AAC).

A ANRESF será formada por sete profissionais nomeados pela Confederação Brasileira de Futebol por um mandato de quatro anos. Para exercer tais cargos, é necessário a comprovação de reconhecimento econômico-finaneiro ou jurídico. Para o primeiro mandato, foram nomeados: Caio Cordeiro de Resende, Cesar Grafietti, Marcelo Doval Mendes, Pedro Henrique Martins de Araújo Filho, Vantuil Gonçalves Junior, Igor Mauler Santiago e José Fausto Moreira Filho.

A  Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol (ANRESF) terá uma estrutura de duas instâncias – Turmas e Plenário -, onde todas as decisões tomadas pelo Plenário (instância recursal) serão consideradas finais e irrevogáveis. Além de afetar os clubes, as punições podem afetar também as pessoas físicas que vão desde advertência, suspensão, multa, banimento e até a proibição de ocupar cargos. A Agência também será responsável por editar normas complementares, manuais operacionais e instruções que possam facilitar o cumprimento das leis financeiras impostas no regulamento do programa de fair play da CBF.

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