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·14 November 2025
Denúncia: seis jogos com decisões a favor do Sporting

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Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Mauro Xavier, sócio do Benfica e figura várias vezes apontada como potencial candidato à presidência, comentou as palavras de Mário Branco após o polémico Benfica–Casa Pia e fez uma análise dura ao estado da arbitragem portuguesa.
Sobre os insultos do diretor-geral das águias ao árbitro Gustavo Correia, Mauro Xavier admitiu que “compreende a emoção”, mas considera que “o Benfica não pode fazer aquilo que critica”. O benfiquista sublinha que é preciso “um ambiente saudável”, mas reforça que os árbitros também devem ter consequências pelos erros cometidos.
“Gostaria que o Benfica conseguisse elevar a boa prestação, se focasse em procurar soluções e não contribuir para um clima que não traz nada de bom”,
O empresário criticou ainda as declarações de Duarte Gomes na conferência do Conselho de Arbitragem, considerando-as “um mau serviço”: “Esperava soluções, não uma defesa corporativa. Os erros podem ser 3% dos lances, mas são sempre nos jogos do título, com impacto direto.”
“Duarte Gomes tem prestado um mau serviço à arbitragem nos dias de hoje. Veio fazer uma defesa da classe, quando o que se pretendia era que assumisse os erros e apresentasse soluções. Isso é que nós precisávamos. Os erros técnicos têm vindo a ser evidentes
Não podem existir intimidações, ameaças, mas sim soluções, e cabe a Duarte Gomes focar-se em trazê-las. Infelizmente, tal não tem vindo a acontecer, tendo aparecido apenas para dizer que os casos foram apenas três por cento dos lances, mas esses 3% acabam por ser momentos em jogos do ‘campeonato do título’, pelo que tiveram bastante impacto. Esse é que é o problema grave nesta situação.
Duarte Gomes veio dizer que não há jarras, mas ninguém sabe quais são as consequências, portanto, existe aqui alguma impunidade para esses erros técnicos evidentes”
Para Mauro Xavier, só uma reforma estrutural pode travar a degradação do clima competitivo. Entre as medidas que defende estão tabela classificativa pública dos árbitros ao longo da época, formação obrigatória, penalizações objetivas e suspensão após erros técnicos, e até um sorteio claro na nomeação das equipas de arbitragem.
“Têm de ser assumidos os erros e tem de haver uma transparência na tabela classificativa dos árbitros ao longo da época, em vez de apenas ser apresentada no final da temporada. Depois, tem de haver formação adicional, assim como uma penalização de jogos a não apitar.
É necessário ainda que os critérios de seleção dos árbitros sejam claros, um pouco como quando são feitos os sorteios do calendário do campeonato nacional, devia haver um sorteio também para os árbitros definidos para cada um dos jogos, com critérios objetivos, para que não existam estas dúvidas.
Tudo isto para quando existirem estes erros, eles terem consequências. É isso que eu pretendo, que haja verdade desportiva, que é um fator muito importante. E quando influenciam a verdade desportiva, seja na conquista de títulos ou pontos, os árbitros, que são parte integrante deste jogo que tanto amamos, têm que ter a sua responsabilização”.
Xavier vai mais longe e entende que está na hora do Benfica liderar o dossiê: “A arbitragem tem de sair da tutela direta da FPF e passar para um organismo independente. O modelo atual não serve e o Governo tem de assumir responsabilidades.”
“Reações de Rui Costa aos casos? Antes disso estou é preocupado com uma reforma profunda da arbitragem. Gostava muito que o Benfica apresentasse na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e que mobilizasse outros clubes para que isso acontecesse.
O primeiro passo seria retirar a arbitragem do núcleo da FPF e constituir um organismo autónomo não dependente desta organização. O segundo é contribuir para a profissionalização dos árbitros com uma formação obrigatória. O terceiro é garantir que os critérios são iguais para todos, sendo alvo de comentários semanais e que sejam assumidas responsabilidades, para que nós, enquanto adeptos e não só, percebermos o que se passa.
Por fim, tem de haver responsabilização direta quando as coisas não correm bem. Por isso, gostava muito de ver o Benfica a liderar essa tarefa, já que a FPF e a Liga Portugal ainda não a fizeram”, completou.
O benfiquista recordou ainda os casos recentes e concluiu: “O Sporting já foi beneficiado diretamente em seis das primeiras onze jornadas. Isto não pode continuar.”
“Os casos não se limitam ao que aconteceu no Estádio do Dragão com Fábio Veríssimo, ao lance que antecede o golo da vitória do Sporting frente ao Santa Clara nem às polémicas do Benfica-Casa Pia. Infelizmente, são muitos mais. O campeonato já vai na 11.ª jornada e o Sporting foi já beneficiado diretamente em seis desses 11 jogos.
Ainda assim, a Federação Portuguesa de Futebol recebeu do Governo a responsabilidade de organizar os quadros competitivos e manteve a arbitragem. Cabe aos clubes pedirem ao Governo que faça uma intervenção direta e cabe ao Governo perceber que a arbitragem precisa de levar uma volta muito grande, uma vez que, infelizmente, os dirigentes da FPF e da Liga ainda não perceberam que este modelo não está a contribuir com nada de positivo.
Acho que é momento de adotar medidas concretas. Não podemos é deixar continuar com erros recorrentes que só têm prejudicado o Benfica, pelo que percebo a questão da agitação que está a acontecer. É aqui que o Governo pode entrar para tomar medidas com algo que já referi, que passa por retirar a arbitragem do cargo da FPF. Não há razão nenhuma para ser a FPF a gerir a arbitragem.
A arbitragem deve ser totalmente isenta e independente de tudo o resto. Depois, tem de haver uma tabela atualizada para os árbitros, tal como há para os clubes, de forma a que todos saibam a classificação geral dos árbitros ao longo da época.
Isto conjugado com um critério de penalidades objetivas para erros técnicos, sejam elas remuneratórias ou até de número de jogos que ficam sem apitar, poderá ajudar a que a situação melhore em Portugal. Da mesma maneira que, quando um jogador leva um cartão vermelho, sabe que fica um jogo de fora, existir essa fórmula também para os árbitros que cometem erros, para que não haja um clima de impunidade”, concluiu.









































