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·17 December 2025

Diretor afastado lidera grupo de conselheiros no São Paulo e já foi investigado

Article image:Diretor afastado lidera grupo de conselheiros no São Paulo e já foi investigado

Afastado nesta segunda-feira (15) do cargo de diretor adjunto das categorias de base, Douglas Schwartzmann segue sendo um personagem de peso na política interna do São Paulo. Empresário e conselheiro influente, ele é um dos principais líderes do Movimento São Paulo, grupo que reúne cerca de 40 conselheiros e integra a base de apoio do presidente Julio Casares.

O nome de Schwartzmann voltou ao noticiário após a divulgação de uma conversa telefônica que também envolve Mara Casares, diretora feminina, cultural e de eventos do clube e ex-esposa do atual presidente. No diálogo, o dirigente pressiona a empresária Rita de Cassia Adriana Prado a desistir de uma ação judicial que poderia expor um acordo descrito por ele como “clandestino”, relacionado à cessão de um camarote do Morumbis durante um show da cantora Shakira.


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O Movimento São Paulo é um dos três principais blocos políticos do Conselho Deliberativo, que conta com 260 cadeiras. O grupo representa cerca de 15% do colegiado. As outras forças são o “Participação”, ligado a Julio Casares, com aproximadamente 50 conselheiros, e o “Legião”, do ex-diretor de futebol Carlos Belmonte, com algo em torno de 40 integrantes.

Além disso, o Movimento São Paulo controla a Diretoria Geral do Clube Social, hoje comandada por Antonio Donizeti Gonçalves, o Dedé. O cargo é considerado estratégico dentro da estrutura política tricolor, que funciona de forma bastante restrita. No São Paulo, os sócios elegem 100 conselheiros a cada três anos, enquanto outros 160 são vitalícios. São esses 260 conselheiros que escolhem o presidente da diretoria.

Diretor tem histórico conturbado

Douglas Schwartzmann já esteve no epicentro de uma das maiores crises institucionais do São Paulo. Em 2015, seu nome apareceu em gravações que contribuíram para a renúncia do então presidente Carlos Miguel Aidar. Naquele período, uma conversa registrada pelo então vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, trouxe à tona suspeitas de pedidos de comissão envolvendo contratos do clube.

Em um trecho, Guerreiro questiona Aidar sobre uma hamburgueria que teria fechado acordos com clubes rivais, mas não conseguia concluir negócio com o São Paulo porque “Douglas pediu 15%”. Aidar responde afirmando que “o Douglas tá pedindo comissão em tudo. Ele veio aqui e descaradamente”.

Empresário do ramo têxtil, Schwartzmann também foi apontado como responsável por aproximar o clube de um intermediário no contrato com a Under Armour, fornecedora de material esportivo do São Paulo até 2017. O acordo teria envolvido o pagamento de comissões irregulares a dirigentes, o que levou o conselheiro a ser denunciado por lavagem de dinheiro em 2021.

No entanto, em 2022, Schwartzmann foi absolvido de forma sumária, antes mesmo do julgamento. A decisão teve como fator determinante uma manifestação do próprio São Paulo, já sob a gestão de Julio Casares. Ao Judiciário, o clube afirmou que os pagamentos feitos a um escritório de advocacia investigado eram legais, reconhecendo “o direito do escritório contratado em receber os honorários e informando que os pagou, conforme a decisão judicial”. O São Paulo ainda declarou que “não ter ocorrido qualquer furto”, o que levou ao arquivamento do processo.

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Áudio revelou esquema de diretores do São Paulo para venda ilegal de camarote – Foto: Reprodução/instagram

Relação com Casares e cenário político no São Paulo

Pessoas próximas aos bastidores do clube relatam que a relação entre Julio Casares e Schwartzmann é de amizade. Casares foi superior hierárquico do empresário quando ocupava a vice-presidência de Marketing e Comunicação, ainda na gestão Aidar. À época, Schwartzmann, então diretor de comunicação, assumiu o cargo deixado pelo mandatário quando ele se tornou vice-presidente geral, em 2015.

O Movimento São Paulo integrou a chamada “coalizão” que sustentou a candidatura de Julio Casares nas eleições de 2020. Na ocasião, o atual presidente derrotou Roberto Natel por 155 votos a 78. Já em 2021, no primeiro mandato, Schwartzmann ocupou a secretaria-geral do clube, mas deixou o posto após estar sendo denunciado pelo Ministério Público. A absolvição no ano seguinte permitiu seu retorno à diretoria.

Em 2023, com a base política ainda mais fortalecida após a conquista da Copa do Brasil, Casares foi reeleito em uma eleição sem concorrentes, recebendo 194 votos.

As novas suspeitas envolvendo Schwartzmann, porém, expõem fissuras no apoio ao presidente, que já vinha enfrentando resistência no Conselho Deliberativo. Especialmente em pautas sensíveis como o projeto de criação de um fundo para cessão de direitos de atletas formados na base.

A próxima eleição presidencial do São Paulo está prevista para o fim de 2026. Márcio Carlomagno, atual superintendente do clube, estava sendo apontado como possível candidato com apoio de Casares, mas ele também acabou citado no áudio divulgado como a pessoa que teria cedido o camarote a Mara Casares.

Nesta terça (16), Julio Casares encaminhou oficialmente ao Conselho Deliberativo um pedido para que o episódio seja apurado pela Comissão de Ética do São Paulo. Assim, dando início a mais um capítulo de investigação em um momento delicado da política interna do clube.

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