Por Dentro do Galo #8 – Departamento Médico | OneFootball

O Por Dentro do Galo #8 aconteceu na tarde desta quinta-feira, 18 de dezembro, na Arena MRV. O tema do mês foi o Departamento Médico do Atlético. Profissionais da imprensa foram convidados a participar de uma apresentação realizada pelo diretor-médico do Clube, Rodrigo Lasmar.

Durante quase duas horas, o renomado profissional concedeu uma detalhada palestra sobre o como é o trabalho e o funcionamento multidisciplinar dentro do DM de um clube profissional de alta performance, como é o Galo. O protocolo de diagnóstico de lesão, o tratamento realizado e os critérios adotados até o atleta ser liberado para voltar aos treinos e jogos.

Rodrigo Lasmar está no Atlético desde 1999 e viu de perto a evolução da medicina esportiva. Atualmente também como chefe do DM da Seleção Brasileira, ele apresentou estudos e conceitos médicos envolvendo o futebol.

“Entender as lesões, como elas acontecem, quando elas acontecem… São informações fundamentais para o planejamento e da nossa estratégia”, afirmou Lasmar.

A modernização do trabalho do DM do Atlético, que acompanha as práticas mais atualizadas da ciência, são vistas nos números. Entre 2018 e 2025, houve uma queda de 42% na média de lesões por temporada na equipe profissional masculina, em comparação com o mesmo período anterior (2011 a 2017).

Para Rodrigo Lasmar, um dos pontos mais fundamentais dessa evolução é “comunicação e trabalho multidisciplinar”. Não é por acaso que o tema de sua palestra em um congresso de medicina esportiva em Madrid foi justamente sobre a importância de alinhar informações e buscar caminhos conjuntamente dentro de um grupo de trabalho.

Composição do DM do Galo:

“Quando cheguei no Atlético, havia 1 fisioterapeuta. Passamos a ter cinco profissionais super especializados, porque a fisioterapia evoluiu muito. Mas não só elas, várias funções foram sendo inseridas, pela complexidade cada vez maior de um futebol profissional, esporte de alto rendimento. Na alta performance, algumas situações específicas e qualificações profissionais fazem a diferença” – Rodrigo Lasmar.

Perfil de lesões do DM do Galo (2011 a 2025)

“Tivemos 695 lesões em 15 anos, sendo 408 lesões musculares” – Rodrigo Lasmar.

“De todas as lesões musculares, a mais comum é na parte posterior da coxa. Um estudo de 2013 aponta que jogos com intervalos menores de 4 dias proporciona um aumento do índice de lesão em 25%. Isso é muita coisa” – Rodrigo Lasmar.

“A gente notava que faltava dados brasileiros nos estudos de medicina esportiva. Todos eles eram baseados em clubes europeus e americanos. Começamos a fazer e temos 15 anos ininterruptos de histórico de lesões no DM do Galo, baseados no F-MARC da Fifa, que é um padronização de catalogar as lesões. Seguimos esse padrão” – Rodrigo Lasmar.

Classificação das lesões 

Rodrigo Lasmar detalhou os motivos de o DM do Atlético não informar grau de lesão ou tempo de recuperação dos atletas. A classificação de grau de lesão tem diferentes critérios ao longo do tempo. Os tempos “grau I, grau II e grau III” está defasado, tendo sido realizado em 1962.

Atualmente, a classificação utilizada no DM Alvinegro é a divisão de lesões musculares em A, B ou C, com nível de complexidade de 0 a 4.

“Quando mais próximo é a lesão do tendão, pior é o diagnóstico e mais difícil é a recuperação”.

Outros temas – Rodrigo Lasmar também falou sobre a parte ética da profissão, quando, por exemplo, um jogador solicita que seu quadro clínico não seja divulgado publicamente, o que é protegido por lei.

Além de situações reais encaradas no dia a dia do Atlético, imagens da recuperação da lesão de LCA (ligamento cruzado anterior) e sua complexidade, apesar de ser menos de 1% do tipo de lesão que acomete o futebol profissional, ainda que sua recuperação sempre exija paciência, cuidado específico e longo tempo de recuperação.

Fotos: Fábio Pinel/Galo

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