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·20 November 2025

Primeiro jogador negro da história do Real Madrid e campeão da Champions League era brasileiro

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O protagonismo atual de jogadores negros no elenco do Real Madrid — entre eles Mbappé, Bellingham e os brasileiros Militão, Vinicius Júnior, Rodrygo e Endrick — tem raízes em um nome que marcou época muito antes deles: Didi. O meio-campista foi o responsável por abrir caminho no clube espanhol, tornando-se, em 1959, o primeiro atleta negro a vestir a camisa merengue.

Da Copa de 1958 à elite do futebol europeu

A chegada de Didi à equipe de Santiago Bernabéu foi consequência direta de sua atuação brilhante na Copa do Mundo de 1958. Na Suécia, o “Folha Seca” comandou o meio-campo da Seleção Brasileira campeã, ganhou o prêmio de Bola de Ouro e superou até mesmo Pelé e Garrincha em reconhecimento individual. A repercussão rendeu ao Botafogo uma proposta de 80 mil dólares, quantia elevada para a época, paga pelo Real Madrid cerca de um ano após a final do Mundial.


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Com o brasileiro, o clube pretendia adicionar mais um talento ao time já estrelado por Di Stéfano e Puskás. E, logo na chegada, Didi virou figura de forte apelo popular: jornalistas disputavam entrevistas, torcedores enviavam cartas diariamente e Bernabéu chegou a mandar produzir bottons e fotos autografadas para atender à demanda crescente.

O Real Madrid, que já acumulava títulos europeus consecutivos, aproveitou o impacto midiático de seu elenco para cobrar cifras inéditas em amistosos pelo mundo. A ambição era ampliar o domínio continental e também conquistar o recém-criado torneio Intercontinental, que mediria forças entre o campeão europeu e o campeão da Libertadores. Dentro de campo, o time confirmou o favoritismo ao atropelar o Frankfurt por 7 a 3 e assegurar a quinta taça europeia seguida. Na disputa intercontinental, aplicou 5 a 1 no Peñarol após um 0 a 0 no Uruguai.

Da euforia à queda de rendimento

Apesar do início promissor e do brilho exibido na pré-temporada, o cenário mudou rapidamente. Uma sequência de derrotas — tratadas como “inexplicáveis” pela imprensa — fez o Barcelona disparar na liderança do Campeonato Espanhol. Didi perdeu espaço, acabou deslocado para outras funções e passou a ser preterido em várias partidas. Em alguns momentos, até seu salário virou pauta de jornais.

Foi então que críticas internas ganharam força. Di Stéfano, voz influente do elenco, questionou a forma como o brasileiro cadenciava o jogo. “Nós íamos a 100 por hora. Ele ia a 60. Assim fica difícil”, afirmou o argentino, em uma declaração que repercutiu intensamente na época. Canário, ponta brasileiro que também atuava no clube, reconheceu o ritmo mais lento do companheiro, mas discordou da conclusão. “O estilo de Didi atuar sempre foi clássico. Cadenciado. Ele é o tipo do craque refinado, que pensa o jogo o tempo inteiro. Mas aqui na Espanha só se joga a mil. O ideal seria ele funcionar como um perfeito lançador de bolas. Como o grande chutador que é. O Real só teria a ganhar com isso”, disse.

Puskás, outro astro da equipe, reforçou que o clima interno também pesou contra o meia. Para o húngaro, o ambiente, o frio europeu e até o campo pesado no inverno dificultaram o encaixe. Ele ainda mencionou o incômodo de Di Stéfano com o status que Didi carregava. “O frio também se tornou um inimigo a mais. Assim como o campo pesado no inverno. O maior problema de Didi foi sempre a sua própria fama. Ele chegou como campeão do mundo e com o cartaz de ‘melhor jogador do planeta’. Foi isso que o indispôs com Di Stefano. Tornou-o antipático para sempre a Don Alfredo”, relatou.

O fim da passagem e o retorno ao futebol brasileiro

Com o título espanhol já nas mãos do Barcelona, Bernabéu foi ao vestiário nas rodadas finais e cobrou Didi, mostrando-lhe uma edição do jornal “Última Hora” que reproduzia declarações da esposa do jogador, Guiomar, apontando uma campanha contra o brasileiro. Sem perspectivas de mudança, o meia entendeu que o ciclo havia se encerrado. Meses depois, rescindiu com o Real Madrid e voltou ao Botafogo, onde retomou o protagonismo que o consagrara.

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