
Central do Timão
·3 September 2025
Promotor detalha ações adotadas em investigação dos cartões corporativos do Corinthians

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·3 September 2025
Na última sexta-feira, o promotor Cássio Conserino, responsável pelas investigações que apuram supostas despesas irregulares e gastos pessoais no cartão corporativo do Corinthians nas gestões Andrés Sanchez, Duilio Monteiro Alves e Augusto Melo, concedeu entrevista à Rádio Bandeirantes, onde falou sobre os trâmites do procedimento desde sua instauração, no mês de julho.
Conserino explicou que a investigação foi aberta após recebimento de uma denúncia feita por um torcedor, e que o procedimento tem buscado apurar autoria e materialidade de possíveis crimes cometidos pelos ex-mandatários. O promotor afirmou ainda que o MP-SP vem encontrando entraves junto ao Corinthians, especialmente durante as tentativas de obter documentos financeiros e outros demonstrativos:
Foto: Reprodução/YouTube
“Embora estivéssemos requisitado documentações, essas requisições não foram cumpridas. E vale dizer que requisição não é um convite; requisição é ordem. Não para o promotor, mas para o poder que aquele promotor representa. Não (vale) para mim, mas para qualquer promotor. Quando há uma requisição, é viável esperar-se que essas documentações sejam flanqueadas. Entretanto, nós tentamos caminhar a passos largos, muito embora houvesse uma certa demonstração de que queriam colaborar, só que, na prática, o que se viu foi exatamente o oposto.”
Conserino detalhou algumas das medidas já adotadas no procedimento investigatório: quebra do sigilo dos cartões corporativos do Corinthians, oitivas com proprietários da empresa Oliveira Minimercados (que emitiu o equivalente a R$ 32 mil em notas para o clube, por supostos serviços de buffet), e o pedido de suspensão temporária dos ex-presidentes alvinegros de quaisquer cargos nos conselhos do clube.
O promotor também falou sobre a oitiva de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo (CD), e seu nível de colaboração com a investigação. “Ele deu um depoimento contundente, e não foi só o depoimento dele que deu ensejo à postura da investigação. Se nós estamos em uma investigação onde estamos requisitando documentação, e há um óbice, o único jeito que se tem dentro do Direito é postular (os documentos) ao Poder Judiciário. É o que foi feito”, explicou.
Em outro momento da entrevista, Conserino evitou antecipar um desfecho para as investigações, mas afirmou que já existem “provas contundentes” contra um dos investigados pela utilização de “nota fiscal fria”. Ele também opinou sobre o roubo de documentos denunciado pelo clube em maio, manifestando incredulidade pela falta de digitalização da sua documentação física, o que a torna vulnerável.
Por fim, relatou seu sentimento ao conduzir o caso, ao mesmo tempo em que é torcedor do Corinthians: “Eu fico absolutamente triste. Não é possível que um clube com 30 milhões de torcedores deva R$ 2,6 bilhões (e viva) atolado em escândalo. Quem paga aquilo (cartão corporativo) é o clube. Então, é lamentável essa situação. E o que mais me entristece, além disso, é a ausência de comprometimento. Como promotor e por dever de ofício, instaurei uma investigação, porque eu sou corinthiano. Mas é triste demais de lidar com essa situação, considerando que o Corinthians é patrimônio cultural. O Corinthians é muito mais do que os dirigentes que estão lá agora. O Corinthians precisa ser preservado.”
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