Simon Lédo: “Gabigol e a pior gestão de carreira da história” | OneFootball

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Coluna do Fla

·3 July 2024

Simon Lédo: “Gabigol e a pior gestão de carreira da história”

Article image:Simon Lédo: “Gabigol e a pior gestão de carreira da história”

Ele chegou debaixo de uma certa desconfiança, seja pela passagem relâmpago e mal sucedida pela Europa ou pela fama do mau temperamento.

Apesar de iniciar com um treinador mediano, de quem se chegou a dizer que “não pediu Gabigol” por um certo comentarista, logo caiu nas mãos do maior técnico dos últimos tempos, o incansável Jorge Jesus.


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Com o novo treinador, veio a glória. Dentro de um time que jogava por música, até os gols perdidos (que já eram muitos) pareciam não fazer diferença, pois ele estava sempre lá para decidir em praticamente todas as finais, especialmente na histórica virada sobre o River Plate em Lima e a conquista da Libertadores, após 38 anos.

Quando ainda comemorava o título continental, já era campeão novamente, agora do Brasileirão.

Tudo dando certo e mesmo sem a técnica de um Arrascaeta ou a frieza de um Bruno Henrique, logo GABIGOL virou um fenômeno nacional. De crianças a idosos. De flamenguistas a torcedores mirins rivais, todos se encantavam com o jogador e repetiam incansavelmente sua comemoração com o “muque” pra cima.

A consolidação de uma carreira e o início de uma idolatria unânime entre a torcida do Flamengo, certo? Não.

Incrivelmente, não.

Não, porque sua maior virtude também virou seu maior inimigo: a personalidade.

A personalidade forte que o levou a ser decisivo e aparecer nos momentos cruciais, também o levou a passar do ponto e se sentir imbatível. Gabigol começou (ou passou a mostrar ainda mais) a pensar que poderia fazer qualquer coisa, até ir contra o clube e a torcida que o colocou no ápice, sem sofrer as consequências.

Foi assim no cassino clandestino durante a pandemia;

No coro com a torcida mandando Tite “se f*”, quando não foi convocado;

Quando se ausentou de jogo do Flamengo pra jogar na Seleção;

No beijinho ao Dorival, treinador rival, após a perda do título da Copa do Brasil;

Fazendo festa megalomaníaca após eliminação do time;

Em um podcast, se oferecendo a outros clubes, enquanto tinha contrato com o Fla;

Se negando a colaborar com o teste antidoping e sendo suspenso;

Vestindo a camisa de um dos principais rivais (a quem já havia se oferecido antes) e mentindo em seguida, dizendo que era montagem.

Só pra citar os principais vacilos de um jogador que, por se achar “predestinado”, enganou a si mesmo, achando que era intocável e que todos tolerariam suas atitudes mimadas e infantis. Um egocentrismo que o afastou inclusive da própria Seleção.

Jogou no lixo uma história que uniu talento (mérito seu) com estar no lugar certo, na hora certa, o que provavelmente nunca mais se repetirá em sua carreira.

Trocou a unanimidade de uma torcida apaixonada por momentos fugazes de birra e satisfação temporária das suas vontades mais rasas.

Errou e teve oportunidade de se corrigir, mas não quis. A mesma falta de humildade que o não fez perceber que era deficiente em alguns aspectos técnicos, como o cabeceio e a perna direita, e tentar aprimorar isso.

Não. Gabigol não “deu” título algum ao Flamengo. Ele não jogou sozinho, era parte da engrenagem e apenas retribuiu o que foi muito bem pago para fazer. Por um tempo, claro.

O Flamengo sim, lhe deu uma vitrine e uma oportunidade única na vida. O Flamengo lhe deu uma história sem igual e fez suas vontades muitas vezes.

Uma história que por um curto período foi linda, mas que por suas atitudes infantis e escolhas erradas, será sempre lembrada com um asterisco* no final.

Instagram: Ledosimon Twitter: SimonLedo

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