AVANTE MEU TRICOLOR
·23 de abril de 2025
Investigação do Governo motivou São Paulo a romper de vez com patrocinador: entenda o processo que pode ser seguido por outros clubes

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·23 de abril de 2025
André Silva e o uniforme com adesivo sobre a marca da Viva Sorte (Erico Leonan/SPFC)
RAFAEL EMILIANO@rafaelemilianoo
A pressão da Superbet ajudou, mas outro motivo fez o São Paulo romper subitamente o contrato de patrocínio com a Viva Sorte, esse mais grave. O AVANTE MEU TRICOLOR apurou que a empresa de títulos de capitalização é investigada pelo Governo Federal desde que entrou no mercado de apostas esportivas no começo deste ano.
A informação foi confirmada à reportagem pela Superintendência de Seguros Privados, órgão ligado ao Ministério da Fazenda, de responsabilidade da gestão federal de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), responsável por supervisionar e regular o mercado de capitalização no país.
Em nota, a autarquia federal informou que viu na Viva Sorte "problemas no cumprimento de leis e regulamentos". O pior deles foi o fato da empresa não ter consultado o órgão para implantar o seu serviço de bet.
Apesar do serviço de apostas funcionar com um CNPJ diferente e ter a autorização de outro departamento da mesma Pasta federal, a Susep vê conflito de interesses na atividade.
Um dos pontos destacados é o fato da Viva Sorte anunciar sua bet nas transmissões televisivas em que realiza os sorteios do título de capitalização, o que infringiria as normas. Também houve mudança da razão social e motivação da atividade da matriz, segundo o órgão.
O AMT não conseguiu contato com a Viva Sorte para comentar o caso até a publicação desta reportagem.
Conforme o apurado, o São Paulo foi informado no início do mês do início das investigações do Governo Federal à sua parceira.
Após longa discussão interna entre várias diretorias, resolveu-se, então, atender a orientação do jurídico de desfazer o acordo.
O próximo passo do clube do Morumbi será o de acionar a Viva Sorte na Justiça para receber o que estava previsto no contrato até o final deste ano, algo em torno de R$ 18 milhões, além de multas e indenizações. O motivo disso seria o fato da empresa não aceitar a rescisão amigavelmente.
O Tricolor entende que está amparado judicialmente. E deve receber auxílio em breve. Isso porque outros clubes, como Corinthians e Vasco, procuraram o São Paulo para saber mais detalhes do imbróglio e planejam romper com a Viva Sorte também nos próximos dias.
Sem a Viva Sorte e sem tempo hábil, o São Paulo teve que improvisar em seus uniformes nos últimos dias. Um adesivo com o logo do Sócio-Torcedor vem tampando a marca da antiga patrocinadora nos materiais.
O São Paulo rescindiu o seu contrato de patrocínio, avaliado em R$ 45 milhões, com a Viva Sorte. A possibilidade do contrato entre as partes ser encerrado foi revelada pelo AVANTE MEU TRICOLOR ainda em janeiro.
Isso porque a empresa, que trabalha no segmento de sorteios televisivos de premiações em dinheiro, carros e casas, por meio do formato de título de capitalização (o apostador compra uma cartela e pode resgatar parte do dinheiro depois de um ano), conseguiu no Banco Central do Brasil e no Ministério da Fazenda, ambos sob responsabilidade da gestão federal de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), autorização para entrar no segmento das bets esportivas.
A Viva Sorte Bets, que atuará no segmento de apostas esportivas, entrou em funcionamento no início do mês, conforme informações divulgadas por portais especializados no assunto. Isso criou um problema no São Paulo, já que desta forma a Viva Sorte criou conflito de interesses com a Superbet, patrocinadora principal do uniforme tricolor.
O contrato do São Paulo com a empresa romena de apostas, renovado até 2030, ano do centenário são-paulino, é claro (e óbvio): prevê exclusividade de anúncio de bets esportivas no uniforme do clube do Morumbi.
A própria Superbet, que vem se aproximando cada vez mais do clube, inclusive com contratações de jogadores (paga parte dos salários de Oscar) fez pressão para que o acordo seja rompido.
Além disso, o contrato com a Viva Sorte previa o patrocínio na camisa das categorias de base. Por precaução, o São Paulo já não usa marcas de apostas nos uniformes das equipes inferiores. O próprio regulamento da Copinha deste ano, por exemplo, estabeleceu a proibição de anúncio de bets. Algo que deve ser estendido para todos os torneios de base. Pelo claro motivo de que apostas são permitidas apenas para maiores de idade pela legislação brasileira.
O acordo entre São Paulo e Viva Sorte foi formalizado em agosto de 2024, com a marca exibida nos ombros da camisa tricolor. O contrato já havia rendido R$ 7,8 milhões ao clube até o final de 2024, valor pago pela empresa para garantir o espaço até dezembro do ano passado.
Para 2025 e 2026, o acordo previa pagamentos de R$ 18,6 milhões por ano, em parcelas mensais de R$ 1,6 milhão.
Com o fim do contrato, o São Paulo deixa de receber aproximadamente R$ 37,2 milhões nos próximos dois anos.
A marca da Viva Sorte estreou no uniforme do São Paulo em um jogo contra o Flamengo, em 3 de agosto de 2024, ainda como um acordo pontual. Na época, o clube paulista destacou que o patrocínio o colocava entre os três times que mais arrecadam com exposição de marcas no uniforme no futebol brasileiro.
Como tentativa de solucionar o impasse criado com a criação de sua bet, a Viva Sorte Capitalização chegou a modificar as marcas expostas nos uniformes para variações como “Viva Tricolor”, buscando separar sua identidade visual da nova casa de apostas.
Além do São Paulo, a Viva Sorte Capitalização mantém contratos ativos com Vasco, Santos, Corinthians, Fortaleza, Ceará e Sport. Nesses casos, a empresa estampa sua marca em espaços secundários do uniforme, como mangas e shorts, e os contratos não fazem referência à operação de apostas da companhia.
A empresa também patrocina o Santos com naming rights da Vila Belmiro, renomeada para “Vila Viva Sorte” em um acordo de R$ 15 milhões anuais por dez anos.
Até o momento, não há informações sobre a situação contratual entre a Viva Sorte e esses outros clubes após o ocorrido com o São Paulo. Como bet, a Viva Sorte patrocina o Bahia (máster) e o Goiás.
Em nota, o São Paulo disse que o clube “adotará as medidas necessárias para preservar seus interesses e implementar seus direitos decorrentes do fim da parceria”.
“O São Paulo Futebol Clube informa que o contrato de patrocínio com a empresa Viva Sorte, que estampa nos uniformes do Clube a marca ‘Viva Tricolor’, está rescindido a partir de hoje (17/4). Como efeitos imediatos, a marca deixará de ser veiculada na camisa do Clube, bem como será cessada a exploração de outras propriedades cedidas, que eram objeto da relação. O SPFC adotará as medidas necessárias para preservar seus interesses e implementar seus direitos decorrentes do fim da parceria”.
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