A Roma dominou, impôs primeira derrota ao Midtjylland e subiu na tabela da Liga Europa | OneFootball

A quinta rodada da Europa League colocava frente a frente duas realidades opostas. De um lado, o Midtjylland, da Dinamarca – sensação do torneio, líder invicto, dono de quatro vitórias em quatro jogos e da narrativa de franco-atirador capaz de incomodar gigantes. Do outro, uma Roma que vive lua de mel na Serie A, onde lidera isolada após mais de dez anos longe do topo, mas que patinava na competição continental, com desempenho morno. No Olímpico, porém, os papéis se inverteram: os giallorossi controlaram, machucaram nos momentos certos, encerraram a sequência perfeita dos dinamarqueses e, com o triunfo por 2 a 1, saltaram da 18ª para a 11ª colocação do torneio – ainda distante do ideal, mas agora nos trilhos para salvaguardar participação no mata-mata e sonhar com vaga direta nas oitavas de final.

Empurrada por um estádio cheio, a Roma iniciou o confronto com autoridade. Ainda que a primeira chance tenha sido dos visitantes – cruzamento de Bak Jensen e cabeceio firme de Mbabu –, o time de Gian Piero Gasperini reagiu de imediato e passou a empilhar ações ofensivas, num primeiro tempo marcado pelo absoluto controle romanista. Em dois minutos, Soulé recebeu duas vezes de Pellegrini e finalizou com perigo, até que, aos 7, o domínio virou vantagem: Çelik cruzou da direita e El Aynaoui, pegando de primeira, acertou chute belíssimo no canto de Ólafsson. Gol de afirmação, placar aberto, e uma atmosfera que rapidamente mudou de temperatura na Cidade Eterna.

Depois do gol, os giallorossi controlaram a posse de bola e ditaram o ritmo do jogo, embora com pouca profundidade – e sentindo a ausência de Koné, que se lesionou após uma falta e deu lugar a Cristante. O Midtjylland tentou reorganizar as ideias, mas a pelota seguiu, pela maior parte do tempo, com a equipe italiana. O melhor momento ofensivo antes do intervalo veio aos 38, quando Dybala protegeu com categoria e serviu Pellegrini, que teve chute desviado e indo para fora por pouco.

Antes dos 10 minutos, El Aynaoui abriu o placar para a Roma contra a sensação Midtjylland (Getty)

A etapa final ganhou nova roupagem. Mais agressivo após o descanso, o Midtjylland tentou surpreender com Osorio, que arriscou de longe aos 48, mas com mira descalibrada. A resposta giallorossa veio aos 51: Soulé, um dos protagonistas da noite, cortou para dentro e bateu com veneno. Ólafsson segurou, mas a pressão cresceu. Três minutos depois, o próprio Soulé lançou Dybala, que ajeitou para a canhota e exigiu defesa monumental do goleiro islandês.

Aos 67, os dinamarqueses voltaram a lembrar por que lideravam o torneio. Bech desviou escanteio para trás, Júnior Brumado acertou o travessão e por pouco não igualou – mas o assistente já marcava impedimento. A Roma respondeu logo no minuto seguinte: El Shaarawy, que substituiu Pellegrini, testou Ólafsson com um forte arremate e arrancou mais uma defesa espetacular do rival.

Com o relógio acelerando, Djú quase igualou o placar em dois lances seguidos – primeiro num voleio bonito desviado pela defesa, depois em finalização sem direção. O Midtjylland crescia, sobretudo aproveitando a má partida de Wesley em ambas as alas. Porém, a Roma, embalada por noite consistente de Ghilardi e Ndicka, continha o adversário. E, apenas aos 84, definiu a peleja. El Aynaoui começou a jogada e Bailey, substituto de Dybala, costurou pela direita – após desperdiçar um lance anterior – e entregou passe açucarado para El Shaarawy bater de primeira e fazer 2 a 0. Festa no Olímpico e vitória encaminhada, mas não com placar decidido.

El Shaarawy entrou bem no segundo tempo e definiu o triunfo dos mandantes no Olímpico (Arquivo/AS Roma)

Aos 87, o Midtjylland, que não tinha desistido, mostrou seus méritos. Simsir construiu pela ponta, cruzou com precisão e o brasileiro Paulinho diminuiu em conclusão de primeiro. Jogo vivo até o fim – e quase ardente outra vez, já que El Shaarawy tabelou com Bailey e carimbou o travessão no último ataque da partida.

Ao apito final, a Roma celebrou a grande vitória. Quebrou a invencibilidade da sensação da Europa League, somou três pontos vitais e transformou oscilações em afirmação, subindo na tabela. Apesar da campanha irregular até então, muito tímida para um time com orçamento superior ao de seus adversários, parece ter se encontrado sob o comando de Gasperini: são cinco vitórias consecutivas, liderança na Serie A e boas atuações recentes.

O triunfo foi importante para dar moral extra para a Roma às vésperas do Derby del Sole contra o Napoli, que vale a liderança do Italiano. Na Liga Europa, a equipe volta a campo em meados de dezembro, em nova viagem a Glasgow: havia batido o Rangers na capital da Escócia e agora encara o Celtic, arquirrival dos Light Blues; já o Midtjylland, agora vice-líder, recebe o Genk (nono). É cedo para falar em título continental, ainda mais com margem curta de erro e adversários maduros, mas o momento inspira ambição. Se a curva continuar ascendente, a pergunta deixa de ser exagero: a Loba pode sonhar com uma temporada de dois troféus?