Clube Atlético Mineiro
·14 septembre 2025
Atlético x Santos: coletiva de imprensa com Sampaoli

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·14 septembre 2025
Pergunta: Queria que você analisasse esse empate do Atlético. O primeiro tempo, vimos poucas chances do Galo. Você fez mudanças. No geral, como você viu essa partida e, principalmente, o segundo tempo, no qual o Galo teve o gol e, com um a mais, não conseguiu sustentar a vantagem.
Sampaoli: “Acho que no primeiro tempo fomos superados no jogo. Não encontramos superioridades para poder jogar. Corrigimos no segundo tempo. Então, o time jogou muito melhor. Estamos tentando modificar uma forma. Bem, há jogadas esporádicas e isso fez com que o Santos empatasse a partida quando não havia possibilidades de o Santos conseguir o empate. Fico triste por isso. No segundo tempo, o time esteve diferente, foi dominador, presença no campo rival por mais tempo, volume de jogo, posse de bola. No primeiro tempo, posso dizer para você que a equipe não encontrou o futebol que nós queremos”.
Pergunta: Você falou do domínio que o time teve. Mas, assim como nos últimos jogos e com o treinador anterior, o time tem dificuldade de criar jogadas que incomodem o goleiro adversário, jogadas de chances reais de gol. Queria saber se você vê possibilidade de mudança rápida desse contexto? A dificuldade de criar jogadas de gol…4
Sampaoli: “Concordo com você. Tem tido muita dificuldade basicamente, por conta de desequilíbrio individual, para provocar situações muito mais claras. Hoje, o time buscou muito no segundo tempo, deveria ter ganhado a partida, pelas circunstâncias, inclusive por ter um homem a mais. E perde por uma ação, empata por uma ação. Mas concordo com você. Temos que buscar soluções, desde ver coletivamente, podemos melhorar os ataques e também, qualitativamente, recuperar jogadores que tampouco estão passando por um momento que, em outras fases, por si só, eles conseguiam gerar situações de gol”.
Pergunta: Você sempre foi um treinador de intensidade, e o Atlético também tem histórico de equipes intensas. Como você avalia a parte física da equipe? Vejo torcedores preocupados com isso, até pelo aquele “perde-pressiona”.
Sampaoli: “O que acontece é que, quando alguém chega para um processo novo, ou há uma mudança na maneira de jogar, encontra um time que foi treinado para outra coisa. Mas, sinceramente, a mim me preocupa muito mais melhorar a estrutura e recuperar a capacidade de alguns jogadores para incomodar mais (o adversário). Se não, será muito complicado. Necessitamos recuperar a confiança, recuperar a agressividade, necessitamos ser uma equipe que consiga voltar ao seu próprio reconhecimento. Hoje, foi 45 minutos do primeiro tempo que praticamente não me senti representado. No segundo tempo, isso mudou, tentamos outra forma. Inclusive, como falei, o time deveria ter vencido o gol. Houve uma jogada que poderia ter sido evitada, e o rival empatou o jogo no qual estava todo controlado, no segundo tempo. Mais além do controle, falta muito mais situações (ofensivas) no jogo. Creio que é algo que, no contexto que estou inserido, é seguir trabalhando. Estou recém-chegado, mas é algo que terei de me ocupar muito como treinador. Necessitamos de atletas que tenham muita ambição para atacar. Sem ambição, seguramente, será muito difícil”.
Pergunta: O Atlético optou por trocar um treinador no meio da temporada, tem sido assim nos últimos anos. Você chega no meio de um mata-mata, haverá a Sul-Americana. Nós tendemos a dizer que o treinador atual tenta aproveitar o que o outro treinador deixou. Você encontrou alguma herança para aproveitar?
Sampaoli: “Não… São pensamos de futebol diferentes. Nós imaginamos, quando analisamos, que a estrutura que o treinador anterior usava é diferente do que eu uso, do que eu sinto do futebol. Mas como já falei, o preocupante é que, há quatro, cinco, seis jogos, que o time não cria, não tem gol. Isso é muito difícil. Porque tentamos chegar em troca de passes, buscando jogadores de características diferentes de romper (a defesa), porque, através da profundidade, hoje tentamos no primeiro tempo e não tivemos nenhuma chance de gol, exceto no final. Então, temos que encontrar uma estrutura que nos permita atacar de segunda linha, ou de terceira linha. Porque eu já notei que, no último terço, estamos chocando contra o rival, e não desmantelando (a marcação). Hoje, o gol foi assim, a aparição de um meia-atacante (Igor Gomes) que se desprende e gera uma ação. As jogadas do segundo tempo teve a ver com a participação de Reinier e Arana na esquerda. Simetricamente, a equipe atacou mais pela esquerda do que pela direita. Estamos nisso, na busca de encontrar a estrutura e tratar de melhorar jogadores que possam nos dar isso, o que o time necessita”.
Pergunta: Queria saber o que você acha que será mais difícil de corrigir nesse time? Todos sabem da capacidade do elenco. O problema maior é físico, técnico, tático, mental?
Sampaoli: “É… Sinceramente, é difícil a resposta. Hoje não é um bom momento, na verdade, não é um bom momento. Eu poderia responsabilizar uma dessas coisas que você disse. Mas, sinceramente, não tenho um diagnóstico. Sei que o time está abaixo do que pode, muito debaixo do que pode, e muito abaixo do que eu esperava. E, bem, acho que por isso estou aqui e tentarei, progressivamente, que o time tenha melhorias estruturais, somente estruturais, e que isso será acompanhado de maior ambição. Eu necessito, para o que eu sinto de futebol, muita ambição. E isso está nos faltando um pouco”.
Pergunta: A estrutura do time melhorou no segundo tempo. Queria te perguntar sobre isso: algumas conclusões dá para se tirar? Alexsander é titular desse time? A velocidade para se implementar no segundo terço são coisas que você precisa tratar? Qual conclusão dessas duas semanas de trabalho?
Sampaoli: “(No segundo tempo) Eu parto do 3-2-5 e isso melhorou diante do pentágono que o Santos tinha no primeiro tempo, quando nos dominou em superioridade. Alexsander e Franco sustentaram mais e nos deram maior saída, com a equipe jogando no campo rival com mais facilidade. A presença do Igor Gomes, parando no quadrante esquerdo, melhorou a possibilidade de Arana ultrapassar em velocidade mais vezes, pelo seu posicionamento. Creio que aí esteve a chave para o segundo tempo. Creio que a profundidade se alcança nesse jogo. Creio que hoje aconteceu isso, quando você soma mais passes no campo rival, aparece mais espaço. Por mais que tivemos um jogador a mais e o Santos todo recuado, o time gerou 10 chances de gol. Sei que isso não será valorizado tanto pelo resultado, mas pelo menos tivemos atitude para tentar ganhar a partida no último terço da partida. (Repórter faz uma indagação)…
“Isso acontece pelo jogo por dentro. Se eu jogar bem por dentro, vai aparecer o espaço para a velocidade. Caso contrário, se não terminar as jogadas pela ponta, como foi com Cuello, não haverá nenhum tipo de surpresa profunda. O que faltou no primeiro tempo para a equipe foi jogar por dentro para tirar vantagem do jogo pelas pontas”.
Pergunta: Você disse que o Santos chegou ao gol de empate num lance que o Lyanco tinha chance de afastar o perigo. Você encara como erro natural ou vale uma conversa com o atleta?
Sampaoli: “Não falo nunca… São erro pontuais que podem ser evitados. Lamentavelmente, o Lyanco fazia um grande jogo. E, bem, tomou uma decisão que não foi a melhor. Porém, como te digo, me parece que minha responsabilidade é a de desenvolver a equipe estruturalmente. É aí que preciso intervir. Não pode acontecer o que foi o primeiro tempo, sem dúvida. Porque desperdiçamos 45 minutos. Temos de tratar de recuperar os jogadores de forma qualitativa ofensivamente, precisamos ser sólidos. Neste momento, onde o time necessita respirar. Hoje era um jogo para se respirar. Lamentavelmente, não conseguimos respirar”.
Pergunta: Você falou do time no último terço do campo. O Atlético teve problema no último passe, tomada de decisão na finalização, e entrosamento dos jogadores. O que falta para as chances serem convertidas?
Sampaoli: “É ter os tempo de ataques que nos permita nos desmarcar a tempo. Com tanto desnível, mais pelas pontas, é ter mais gente que se mova bem dentro da área, não só pela segunda linha, mas de primeira linha. Então, quando alguém vê que tem jogadores com muita capacidade de remate, e isso não sucede, é que o tempo de ataque não está bom”.
Pergunta: Queria que você projetasse o jogo de quarta-feira, na altitude. É o Atlético com time titular um pouco mais diferente?
Sampaoli: “Eu creio que o Atlético tem que solucionar um problema, como falei, de estrutura. Temos que conseguir manter um pouco a estrutura. Veremos como estão os jogadores, como terminaram, quem está melhor. Jogar ali (altitude) é muito difícil, muito difícil. Porém, iremos tentar nos defender com a posse de bola. Se tentarmos nos defender sem a posse de bola, com certeza iremos sofrer o que sofrem todas as equipes que jogam lá”.
Fotos: Pedro Souza/Atlético
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