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·10 octobre 2025

Gerson no Palmeiras: a verdade por trás do boato

Image de l'article :Gerson no Palmeiras: a verdade por trás do boato

Será que o Palmeiras vai mesmo contratar Gerson? Em períodos de janela, os grandes clubes tornam-se epicentros de especulações que mobilizam a imprensa e, sobretudo, as redes sociais.

E foi exatamente isso o que aconteceu com Gerson, meio-campista e ex-capitão do Flamengo, que surgiu associado a um possível movimento para o Palmeiras, um dos principais rivais do Rubro-Negro.


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A simples menção de um jogador do calibre de Gerson, recentemente protagonista de uma transferência milionária do Flamengo para a Europa, no radar de um gigante como o Palmeiras, já é suficiente para capturar a imaginação do público.

A questão central que este dossiê se propõe a responder é multifacetada: a ligação entre Gerson e o Palmeiras representa uma possibilidade plausível, sustentada em uma estratégia esportiva e financeira concreta por parte do clube paulista, ou trata-se, na essência, apenas de ruído de mercado?

Será que a eventual contratação é produto da especulação midiática e da ânsia dos torcedores por um reforço de impacto?

Fomos às origens do boato, analisando suas fontes e revelando uma pista crucial que aponta para outra direção.

A origem do rumor que liga Gerson ao Palmeiras

A especulação que liga Gerson ao Palmeiras não nasceu de uma declaração oficial ou de uma negociação confirmada, mas sim no terreno fértil da internet, onde a fronteira entre o desejo e a notícia é tênue.

O movimento inicial partiu de sugestões entre torcedores do Palmeiras que, ao tomarem conhecimento do interesse do Zenit no jovem atacante da base alviverde, Riquelme, começaram a idealizar uma possível troca envolvendo o consagrado meio-campista.

Essa ideia, um exercício de imaginação, foi rapidamente amplificada por diversos canais esportivos, especialmente no YouTube, que se especializam em notícias de mercado da bola.

Canais focados no dia a dia do Palmeiras ecoaram a possibilidade, apresentando Gerson como um alvo potencial para reforçar o meio-campo de Abel Ferreira.

Gerson, Palmeiras e a ligação com Wendel

No entanto, nossa apuração jornalística mais aprofundada, que consultou fontes diretas no Palmeiras e no estafe do atleta, trouxe uma reviravolta significativa: o interesse do clube paulista no Zenit era real, mas o alvo era outro.

Segundo nossas fontes, o verdadeiro objetivo do Palmeiras no clube russo não era Gerson, mas sim seu compatriota e também meio-campista, Wendel.

O Palmeiras chegou a formalizar uma oferta oficial por Wendel, que quer voltar para o Brasil, mas a negociação não avançou devido à intransigência do Zenit, que exigiu 20 milhões de euros para liberar o jogador - valor considerado alto pela diretoria alviverde.

Essa informação muda o cenário, certo? A ligação com Gerson, nesse contexto, parece ser um subproduto ou até mesmo uma interpretação equivocada do interesse real do Palmeiras em outro atleta do Zenit.

É plausível que a especulação midiática e das torcidas, ao saber dos contatos entre os dois clubes por um jogador brasileiro, tenha automaticamente preenchido a lacuna com o nome mais famoso: Gerson.

Esse fenômeno demonstra como as narrativas de transferências podem evoluir e se distorcer, com a versão mais chamativa frequentemente sobrepondo-se à mais factual.

Desconstruindo as fontes

O rumor sobre Gerson foi disseminado por canais de agregação de notícias e meios voltados ao torcedor, cujo modelo de negócio depende do volume e do impacto das informações de mercado.

A persistência do boato sobre Gerson, mesmo após o surgimento de uma contra-narrativa bem fundamentada, ilustra um traço do ecossistema midiático atual: uma especulação atraente pode ter a mesma ou até maior tração que uma notícia confirmada.

A "verdade" do assunto (o alvo era Wendel) torna-se menos relevante no discurso público do que a "possibilidade" de uma contratação bombástica como a de Gerson, ídolo do Flamengo, agora no Palmeiras.

Negações e inviabilidade

A versão que aponta para Wendel como o verdadeiro alvo é corroborada por negações tanto do Palmeiras como do staff de Gerson relativamente a quaisquer conversas.

Fontes do clube alviverde, citadas na mesma reportagem, foram categóricas ao classificar a operação Gerson como "inviável".

O principal argumento reside no valor da transferência: o Zenit pagou 25 milhões de euros pelo médio há poucos meses, um investimento que o Palmeiras não estaria disposto a fazer por um jogador de 28 anos.

A direção palmeirense estabelece um contraste claro com o investimento de cifras semelhantes feito no jovem avançado Vitor Roque, que, aos 20 anos, possui um enorme potencial de retorno desportivo e financeiro.

Esta posição do clube reforça a ideia de que o rumor sobre Gerson carece de fundamento estratégico e financeiro, pelo menos no presente.

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Wendel comemora gol no Zenit. Grandes clubes brasileiros cobiçam retorno do jogador. Foto: Divulgação

Saída conturbada de Gerson do Flamengo

Para entender a situação atual de Gerson, é preciso revisitar os eventos que culminaram na sua saída do Flamengo em meados de 2025.

Na época, Gerson não era apenas um jogador: era capitão, ídolo e uma das vozes de liderança do elenco.

No início do ano, o clube e o jogador iniciaram negociações para renovar o contrato. Foi então que seu pai e empresário, Marcão, declarou publicamente que o atleta precisava ser "valorizado", sinalizando exigências salariais altas.

O impasse financeiro que se seguiu foi o catalisador de todo o processo. O Flamengo apresentou uma proposta de renovação que elevaria o salário de Gerson para cerca de R$ 1,5 milhão mensais — aumento de mais de 50% em relação aos vencimentos anteriores, pouco abaixo de R$ 1 milhão.

Mesmo assim, a oferta foi considerada insuficiente. Diante da recusa, clube e jogador chegaram a um acordo estratégico: a cláusula de rescisão, antes proibitiva, seria reduzida.

Essa manobra transformou Gerson, antes inegociável, em um alvo acessível para clubes europeus com maior poder financeiro.

O Zenit São Petersburgo, que já havia demonstrado interesse, agiu rápido. Pagou os 25 milhões de euros da nova cláusula à vista - cerca de R$ 160 milhões - em 4 de julho de 2025, concretizando uma das maiores vendas da história do Flamengo.

A operação gerou ainda uma disputa judicial, com o Flamengo reivindicando cerca de R$ 36 a 40 milhões referentes a direitos de imagem, devido à rescisão unilateral.

O episódio deixou marcas na relação entre o clube e o estafe do jogador, algo que pode dificultar um eventual retorno ao Brasil.

O padrão é claro: as decisões de Gerson seguem uma lógica de otimização financeira, fator determinante para qualquer clube interessado em contratá-lo.

Aventura na Rússia com lesão e críticas

Gerson foi apresentado como jogador do Zenit em julho de 2025, assinando um contrato de longa duração, válido até ao final da temporada 2029/30.

Contudo, seus primeiros meses na Rússia foram marcados por dificuldades de adaptação, um desempenho discreto e problemas físicos, um cenário que contrasta com o status de estrela com que chegou.

Os dados estatísticos iniciais refletem um começo aquém das expectativas. Nos seus primeiros meses no clube, Gerson participou em apenas seis jogos oficiais, acumulando um total de 341 minutos em campo.

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Anúncio da apresentação de Gerson no Zenit: O Coringa já quer voltar e logo para o Palmeiras?

Neste período, não marcou qualquer gol e contribuiu com apenas uma assistência. Este tempo de jogo limitado é um forte indicador do arranque inicial complicado no novo time.

Para agravar a situação, uma lesão muscular afastou-o dos gramados desde 23 de agosto, interrompendo o seu processo de integração na equipe.

Mais preocupante, no entanto, foram as críticas que surgiram. Segundo apurado, diretores do Zenit e a imprensa local consideraram as suas primeiras exibições decepcionantes, apontando-o como um jogador "muito lento e pouco intenso" para as exigências do futebol russo.

A insatisfação com o seu rendimento inicial foi tal que o Zenit chegou a explorar a possibilidade de uma transferência imediata.

O clube esteve perto de negociar com o Al Ittihad, da Arábia Saudita, mas o negócio acabou por não se concretizar porque a equipe saudita não conseguiu liberar uma vaga para jogador estrangeiro a tempo.

Este fato demonstra que, pouco tempo após um investimento de 25 milhões de euros, o Zenit já se mostrava recetivo a negociar a sua saída.

É precisamente esta conjuntura de rendimento ruim, lesão e críticas que torna a ideia de um regresso precoce ao Brasil, embora ainda remota, minimamente concebível.

Um jogador que se transfere por um valor tão elevado não estaria, em circunstâncias normais, disponível no mercado tão cedo.

A situação de Gerson, no entanto, é atípica e abre uma janela de oportunidade para especulações, com a possível contratação pelo Palmeiras.

Gerson no tabuleiro de Abel Ferreira

O Palmeiras sob o comando de Abel Ferreira é uma equipa adaptável do ponto de vista tático.

Embora o sistema 4-2-3-1 seja utilizado como uma estrutura base, o treinador português demonstra uma notável flexibilidade, recorrendo com regularidade a formações com três defensores centrais, como o 5-2-1-2 ou o 5-3-2, ajustando o time em função das características do adversário.

Esta capacidade de variação tática é uma das imagens de marca da sua era de sucesso no clube, permitindo ao Palmeiras ser sempre competitivo em diferentes contextos de jogo.

O modelo de Abel assenta em um "camisa 5" (primeiro volante), um jogador disciplinado e forte na recuperação de bola, como Aníbal Moreno hoje e Richard Ríos recentemente transferido para o Benfica, e num "camisa 8" (segundo volante), um elemento mais dinâmico, com capacidade de percorrer todo o campo (box-to-box), contribuindo tanto no processo defensivo como na chegada à área adversária.

A recente contratação de Andreas Pereira ilustra a procura por este perfil de jogador versátil, capaz de desempenhar as funções de 8, de 10 (ofensivo/criativo) ou até de atuar a partir de uma das faixas laterais.

Apesar do sucesso continuado, análises táticas do Alviverde de 2025 identificaram uma carência específica: uma dificuldade recorrente em construir jogo e progredir com a bola pelo corredor central, pois a a equipa tende a canalizar o seu jogo para os laterais.

Esta abordagem, embora segura, resulta muitas vezes numa posse de bola estéril, que culmina num volume elevado de cruzamentos para a área em detrimento de jogadas criadas através de combinações e passes de rutura pelo centro do terreno.

Esta observação aponta para uma necessidade tática clara: a adição de um médio com capacidade para quebrar linhas, ditar o ritmo de jogo e ser o principal catalisador criativo da equipa a partir de zonas centrais.

Gerson no Palmeiras: solução ou um dilema?

Teoricamente, o perfil de Gerson responde a esta necessidade do Palmeiras. As suas maiores qualidades são a sua excecional qualidade de passe, a visão de jogo e a capacidade de controlar o ritmo da partida, acelerando ou pausando o jogo conforme as necessidades da equipa.

Ele é o arquétipo do meia organizador que poderia resolver o problema da criação central identificado na equipa de Abel Ferreira.

A sua presença permitiria ao Palmeiras ter mais controle e critério na fase de construção, oferecendo uma solução de passe qualificada para ligar o setor defensivo ao ofensivo.

Gerson poderia atuar como o '8' mais construtor do meio-campo ou mesmo como o '10' num sistema 4-2-3-1, sendo a referência criativa que a equipa por vezes parece necessitar.

Contudo, a potencial contratação de Gerson também apresenta um dilema tático significativo: o modelo de jogo de Abel Ferreira, independente da variação tática, é inegociável num aspeto: a intensidade.

As suas equipes são conhecidas pela pressão agressiva sobre o portador da bola, pela coesão defensiva e pela velocidade nas transições.

Um jogador acusado pela falta de intensidade poderia ter dificuldades em cumprir as exigências físicas e táticas do treinador português.

A sua eventual inclusão poderia representar um ganho técnico na posse de bola, mas, em contrapartida, um risco de desequilibrar a estrutura de pressão e a coesão defensiva que são a base do sucesso da equipa.

A contratação de Gerson, portanto, não seria uma simples adição ao plantel, mas sim uma potencial mudança de paradigma na filosofia de meio-campo de Abel. Além de ser, no campo político das relações entre Flamengo e Palmeiras, uma estocada no orgulho ferido do Rubro-Negro, que já se sentiu desconfortável com a chegada de Andreas Pereira ao clube paulista.

Portanto, optar por Gerson seria uma escolha deliberada de sacrificar uma parte dessa intensidade defensiva em troca de um acréscimo substancial de criatividade e controle de bola.

Seria uma evolução do modelo de Abel, mas uma evolução que carrega consigo o risco de perturbar uma fórmula de sucesso comprovado.

No fundo, embora a discussão tática seja, em grande medida, acadêmica devido aos obstáculos financeiros, ela revela uma necessidade estratégica real e subjacente no Palmeiras.

O facto de o clube ter efetivamente procurado contratar Wendel, com características criativas, no Zenit, confirma que a direção e a comissão técnica identificaram esta mesma lacuna.

Assim, o rumor sobre Gerson, embora de fato  questionável, funciona como reflexo de um problema tático que o Palmeiras está a tentar resolver no mercado.

A equação financeira do Palmeiras: Gerson é impossível?

Se a discussão sobre o encaixe tático de Gerson no Palmeiras permite alguma margem para debate, a análise da sua viabilidade financeira oferece uma conclusão muito mais taxativa.

A equação de custos envolvida na sua contratação representa, no contexto atual, um obstáculo que se afigura intransponível e que constitui o argumento mais definitivo contra a veracidade do rumor.

O primeiro fator é o valor da transferência. O Zenit investiu 25 milhões de euros para o contratar em julho de 2025.

É altamente improvável que o clube russo estivesse disposto a negociá-lo, poucos meses depois, por um valor inferior, sob pena de assumir uma perda financeira substancial.

Fontes internas do Palmeiras, como já mencionado, classificaram este montante como "inviável" para um jogador de 28 anos.

Esta avaliação está em linha com a estratégia de mercado consolidada do clube, que reserva os seus maiores investimentos para atletas mais jovens, com elevado potencial de valorização e revenda futura, como foram os casos de Vitor Roque ou Estêvão.

Realizar um investimento dessa magnitude num jogador que se aproxima do pico da sua carreira, com pouca ou nenhuma perspetiva de retorno financeiro, representaria uma ruptura total com este modelo de gestão.

O segundo fator, igualmente proibitivo, é a carga salarial. Ao transferir-se para o Zenit, Gerson assegurou um contrato com vencimentos ao nível da elite do futebol europeu, que, segundo relatos, quadruplicaram o que recebia no Flamengo.

Estes valores estão numa estratosfera completamente diferente da realidade salarial do futebol brasileiro, incluindo a do Palmeiras, que, apesar da sua saúde financeira, opera dentro de uma estrutura de custos controlada.

O histórico de negociação salarial de Gerson no Flamengo, onde as suas exigências já superavam a quantia de R$ 1,5 milhão mensais, estabelece uma base de negociação extremamente elevada.

Seria imprudente e desestabilizador para o Palmeiras acomodar um salário de tal dimensão.

A análise exaustiva das informações disponíveis permite traçar uma conclusão de que o rumor que liga Gerson a uma transferência para o Palmeiras é, com base nas evidências atuais, infundado.

A sua origem parece residir numa confluência de fatores: o desejo dos torcedores, a especulação de meios de comunicação digitais e, uma provável interpretação equivocada do interesse real do Palmeiras em outro jogador do Zenit, o médio Wendel.

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